PANDEMIA

Toque de recolher no DF vai até 22 de março; entenda os motivos

Avanço da covid-19 e situação crítica dos hospitais forçam governo a adotar medidas mais rígidas. Ibaneis Rocha anunciou a criação de três hospitais de campanha, que devem ficar prontos em 20 dias depois do contrato fechado

Ana Clara Avendaño*
Luana Patriolino
postado em 09/03/2021 06:00
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 11/05/20                          )
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 11/05/20 )

Com o aumento constante de casos de covid-19 na capital e a situação alarmante de ocupação de leitos das Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) das redes públicas e privada, Ibaneis Rocha (MDB) decretou, nesta segunda-feira (8/3), o toque de recolher em todo Distrito Federal. A restrição é válida entre 22h e 5h. A decisão ficará vigente até as 5h de 22 de março. Contudo, a determinação poderá ser alterada ou prorrogada a juízo de conveniência e oportunidade do governador do DF. Os brasilienses que descumprirem o Decreto Nº 41.874 deverão pagar multa de R$ 2 mil.

Segundo o último boletim da Secretaria de Saúde do DF, a taxa de transmissão chegou a 1,32, isto significa que uma pessoa infectada transmite o vírus para outras 132. “À noite, nas aglomerações e nas festas é onde está ocorrendo o maior índice de contaminação, por isso que o governador, ouvindo a Secretaria de Saúde, entendeu, por bem, fazer esse toque de recolher pelo período noturno. O aumento da taxa de transmissão fez com que medidas fossem tomadas justamente com o intuito de que esse percentual diminuísse, mas esta queda ocorrerá apenas se houver uma conscientização da população”, afirmou o chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha.

O Distrito Federal chegou a 308.539 casos do novo coronavírus, 2.288 a mais em relação ao dia anterior. Desste total, 287.563 (93,2%) se recuperaram e 4.979 (1,6%) faleceram. Foram contabilizadas mais 3 mortes pela covid-19 ontem. De acordo com o secretário Adjunto de Assistência à Saúde, Petrus Sanches, no ano passado, os marcadores de isolamento social ficavam em torno de 60%. Contudo, em 2021, os números não chegam a 40%.

Deslocamento

Nesste período, fica proibida a circulação de pessoas nas ruas, exceto para aqueles que estiverem em deslocamento, “em caráter excepcional, para atender a eventual necessidade de tratamento de saúde emergencial ou de aquisição de medicamentos em farmácias”, informa a publicação no Diário Oficial do DF (DODF). O deslocamento individual imediato com intenção de retorno à residência após as 22h, em razão do fim da jornada de trabalho regular também está autorizado. O funcionamento do transporte público não sofrerá alterações.

De acordo com o texto, “o toque de recolher não se aplica a servidores públicos, civis ou militares, a agentes de segurança privada e aos profissionais de saúde, que estiverem em serviço, bem como aos membros do Poder Judiciário, do Ministério Público, das Polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros, a advogados em diligência de cumprimento de alvarás de soltura, tampouco a representantes eleitos dos Poderes Legislativo e do Executivo, no âmbito federal ou distrital, desde que devidamente identificados”. Além disso, em novo decreto, Ibaneis incluiu o trabalho de jornalista na lista de exceções à proibição de transitar na rua entre 22h e 5h, pelo trabalho da imprensa ser considerado atividade essencial.

Os estabelecimentos permitidos a funcionar durante o toque de recolher são hospitais, clínicas médicas e veterinárias, farmácias, postos de gasolina e funerárias. As entregas realizadas por serviço de delivery poderão ocorrer até as 23h, caso o pedido tenha sido realizado até as 22h, assim, o estabelecimento fica autorizado a funcionar exclusivamente para finalizar as entregas.

Leitos de UTI

A taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 92,71% na rede pública, conforme a atualização dos dados da Secretaria de Saúde do DF. Desse total, há 17 vagas para tratamento intensivo disponíveis para pacientes com covid-19. Nos hospitais particulares o percentual chegou a 92,41%. De 240 leitos, 221 estão ocupados, 18 estão vagos e um está bloqueado. “A rede privada já não comporta muito seus pacientes e procura a rede pública em nível de assistência de alta complexidade, o entorno tem a nós como retaguarda e procura nossos serviços”, informou Sanches.

Para os leitos de UTI pediátrico e neonatal, as taxas ficam em 30% e 50%, respectivamente. Os leitos destinados a adultos chegam a 97,7% de ocupação. Ao todo, 11 leitos aguardam liberação para serem utilizados. “Neste período, foram abertos 263 leitos que já foram ocupados. À medida que abre leito eles são ocupados a todo momento”, diz Gustavo Rocha. Os dados, atualizados às 14h10, estão disponíveis no portal InfoSaúde, painel da SES-DF responsável por divulgar as informações a respeito do enfrentamento da doença nos hospitais da capital.

Apesar dos avanços tímidos da vacinação contra o coronavírus, a imunização apresentou efeitos na população de idosos com idade superior ou igual a 80 idosos. Petro Sanches informou que o índice de internação desta faixa etária permanece estável devido à vacinação, mas no âmbito de outros grupos da terceira idade, o número de ocupação de leitos em razão do tratamento da covid-19 tem crescido.
Hospitais de campanha

O GDF vai investir R$ 36 milhões na construção de três hospitais de campanha para o tratamento de pacientes com covid-19. Cada unidade terá até 100 leitos, podendo chegar a 300 novos. Além disso, o Executivo local planeja a ampliação do hospital regional de Santa Maria para reforçar o atendimento.
Os hospitais de campanha serão erguidos nas regiões Central, Oeste e Sul, em endereços a serem definidos pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). A preferência do governo é que eles sejam instalados no Plano Piloto, Ceilândia e Gama, mas tanto os locais como as cidades escolhidas podem mudar, de acordo com o resultado da licitação.

“Hoje já temos mais leitos do que no primeiro pico da doença, mas estamos fazendo de tudo para ampliar. Temos um limite para isso, até porque não há pessoal para as equipes intensivas necessárias. Esses hospitais de campanha vão ajudar neste esforço, mas esperamos que a população também faça a sua parte e se cuide”, afirmou o governador Ibaneis Rocha.

O prazo de execução para a montagem de cada hospital é de 20 dias, contados após a finalização do processo de contratação, que será feita por meio de pregão eletrônico para agilizar a ação. O contrato terá duração de 180 dias, prorrogáveis por períodos sucessivos enquanto vigorar o estado de calamidade pública.

*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

 

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

CONTINUE LENDO SOBRE