ECONOMIA LOCAL

Excesso de chuva impacta diretamente na agricultura do DF

Fevereiro deste ano foi o mês mais chuvoso da história do Distrito Federal. Diferentemente do que muitos pensam, esse excesso é prejudicial à agricultura de grãos e de muitos hortifrútis produzidos na capital federal

Caroline Cintra
postado em 09/03/2021 06:00
 (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press - 24/7/20)
(crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press - 24/7/20)

Chuva é sempre bom para a agricultura, mas o excesso pode provocar perdas, principalmente para os produtores de grãos e hortaliças. O diretor técnico operacional das Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF), Fernando Cabral, explicou que as chuvas intensas impactam consideravelmente na central, devido à dificuldade no momento da colheita e de plantio. Sendo assim, pode acontecer uma redução da entrada média de mercadoria e, consequentemente, a tendência é elevar os preços. O reflexo, no entanto, pode ser sentido ainda mais nos próximos meses. "A maioria dos produtos que consumimos diariamente, como tomate, batata, limão, por exemplo, são de culturas perenes e a chuva pode não atrapalhar tanto. Mas outros, como as folhagens, sofrem um pouco mais", disse.

O reflexo das dificuldades na colheita começam a ser sentido no bolso. De acordo com a tabela de variação semanal de preços da Ceasa, a batata-doce, por exemplo, foi o produto que mais subiu de preço, 42,86%. Na semana passada, o quilo estava a R$ 35, nesta, subiu para R$ 50.

Devido às chuvas intensas, os grãos também têm sofrido. Os produtores estão tendo muitas dificuldades para colher a safra da soja. Com o avanço da maturação, as plantações estão no ponto de colheita, e a chuva continua em um ritmo bastante intenso, o que impede que os agricultores prossigam com a colheita.

Segundo o produtor rural e agrônomo do departamento técnico da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), Cláudio Malinski, com o excesso de chuvas, os grãos da soja perdem qualidade, o que provocará deságio no valor do produto no momento da comercialização. "Além disso, o produtor vai ter que pagar fretes altos sobre a soja úmida, vai pagar para secar, e tudo isso são custos e, ao mesmo tempo, há o risco de a incidência de grãos ardidos ser muito elevada, provocando mais prejuízo", completou.

O produtor explicou que o excesso de chuva também está comprometendo o plantio da safra de milho. "Consequentemente, o produtor poderá ser prejudicado", afirmou. Malinski contou que a rentabilidade e a produtividade do milho safrinha vão diminuir, porque, à medida que se afasta do dia 15 de fevereiro, data limite para o plantio do milho, a produtividade vai ficando mais baixa a cada dia.

Plantação

Presidente da Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros do DF e Entorno (Asphor), Sandra Vitoriano, 59, produz hortaliças e frutas, em uma propriedade em Brazlândia. Alguns produtos, como o morango, ela conseguiu salvar deixando na estufa. As folhagens e outras hortaliças foram totalmente perdidas. “Teve gente que perdeu tudo e a plantação ficou toda alagada. São pessoas que não têm outra renda, vivem do trabalho feito no campo. Sem chuva é difícil produzir, mas com essa abundância elas não suportam. O que conseguimos colher não está bonito e perdeu a qualidade”, disse.

Sandra contou ainda que o fechamento dos bares e restaurantes, os principais consumidores de hortifrútis, prejudicou ainda mais os produtores. “São nossos grandes consumidores. Com isso, houve queda na procura”, contou a presidente da Asphor.


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