Das salas de aula para a videochamada

Correio Braziliense
postado em 06/03/2021 06:00
Carolyne Soares:
Carolyne Soares: "O encontro virtual não se compara a quando estávamos juntos pessoalmente. Mas, no on-line, acabamos nos vendo muito mais, por muito mais tempo do que antes da pandemia na faculdade" - (crédito: Arquivo pessoal)

Não só crianças tiveram as amizades afetadas neste momento. A estudante de estatística da Universidade de Brasília (UnB) Carolyne Soares, 19, fez apenas um semestre presencial do curso, por enquanto. Lá, ela fez amigos, e o grupo passou a se ajudar com as disciplinas do curso. Porém, desde que a crise sanitária começou, as relações mudaram. “Quando veio a pandemia, havíamos tido três dias de aula, iniciando em março. Depois, o semestre letivo só recomeçou em agosto. Nesse período, começamos a fazer chamadas de vídeo para jogar e conversar sobre a vida, pois não nos encontrávamos pessoalmente devido ao risco da contaminação”, relata a jovem.

Depois que o semestre da universidade começou, os colegas fizeram de tudo para continuar na mesma turma e com o mesmo professor. Desde então, fazem encontros virtuais quase todos os dias. “Nós nos reunimos toda semana para fazer listas e discussões de conteúdo. Somos um grupo de quatro amigos e usamos a plataforma que a UnB ofereceu para a gente”, detalha Carolyne. Os estudantes se reúnem às 9h e, depois, param para o almoço. Em seguida, voltam a se falar. “Dependendo do quão difícil está a semana na faculdade, podemos passar praticamente o dia inteiro ‘juntos’. Na quinta-feira, foram umas 11 horas de chamada, tentando decifrar a disciplina de cálculo 3 e nos distraindo com um jogo de celular”, diz a jovem.

Antes da pandemia, segundo Carolyne, a amizade era “mais superficial e acadêmica”. Agora, o grupo conseguiu ficar mais próximo do que antes. “O encontro virtual não se compara a quando estávamos juntos pessoalmente. Mas, no on-line, acabamos nos vendo muito mais, por muito mais tempo do que antes da pandemia na faculdade, onde ficávamos juntos apenas durante as aulas”, compara a estudante.

Quando tudo voltar ao normal, os amigos têm planos, pelos quais aguardam com ansiedade. “Pensamos em várias programações para fazermos juntos quando a pandemia passar. Inclusive queremos voltar às aulas presenciais. Entre nosso grupo, é unanimidade que o ensino presencial é melhor que o on-line. Mas, também, pensamos que só será possível nos reunir de novo fora da internet quando tivermos a certeza de que estamos seguros e de que não seremos contaminados pelo vírus. Que venha a vacina”, finaliza.

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