Executivo

Enquanto governadores do DF e Goiás trocam ofensas, crise sanitária se agrava

Governador do DF critica a gestão de Ronaldo Caiado (DEM), em Goiás, ante a pandemia da covid-19. O emedebista disse que o colega "tem problemas psiquiátricos". O democrata retrucou e afirmou que chefe do Buriti "só pensa em negociatas"

Ana Maria Campos
postado em 03/03/2021 06:00
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

Em meio à pandemia que exige estratégias de atuação conjunta, os governadores do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), não falam a mesma língua. O embate, que começou quando ambos chegaram ao poder, se intensifica a cada dia durante a crise sanitária provocada pela covid-19.

Ibaneis se ressente de não ter o apoio de Caiado no Entorno, uma área cinza no mapa que parece o filho rejeitado dos governadores de Goiás. Segundo o emedebista, 25% dos leitos do DF estão sendo ocupados por moradores dos municípios vizinhos. “A grande realidade em relação ao Entorno é que ele (Caiado) não dá a atenção devida. Ele tem um hospital, aqui, do lado, em Águas Lindas, que está faltando 12% para a conclusão. Ele já tem dois anos de governo e não conseguiu concluir, mesmo com a pandemia. Então, são 2,5 milhões de habitantes que são atendidos no DF porque ele não tem capacidade de atendimento”, disse Ibaneis, ontem, em entrevista ao jornalista Tales Farias, do UOL.

O governador do DF disse que não tem problemas pessoais com Caiado, mas há divergências em outras searas. “Quero que ele (Caiado) trabalhe e resolva o problema dele. No campo pessoal, para mim, é uma excelente pessoa, podemos nos encontrar em qualquer lugar que está tranquilo. No campo da política e no campo administrativo, vou continuar dizendo que ele é incompetente”.

Ibaneis disse, ainda, que Caiado “tem problemas psiquiátricos”. O clima beligerante esquentou, na semana passada, quando o emedebista exigiu providências do governo goiano e ameaçou fechar os limites do Distrito Federal para a entrada de pacientes do Entorno nos hospitais da capital.

Caiado reagiu pelas redes sociais. “Essa declaração é de uma pequenez que rima com o seu próprio nome”, escreveu o governador do DEM. E acrescentou: “Recebi o estado com três cidades com leitos de UTI: Goiânia, Anápolis, Aparecida. Mas criei novos leitos em 18 macrorregiões, incluindo Luziânia e Formosa. A declaração do governador Ibaneis não condiz com o pensamento de quem mora em Brasília”.

O governador goiano aumentou o tom, dias depois, ao citar as denúncias de corrupção na compra de kits para testes da covid-19, decorrentes da Operação Falso Negativo, coordenada pelos promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Ao reagir, ontem, às novas declarações de Ibaneis, Caiado voltou ao assunto: “Meu problema psiquiátrico sério é ter ojeriza a quem rouba dinheiro da saúde e do transporte público”. E criticou a gestão de Ibaneis na condução da crise: “A incompetência de Ibaneis é tamanha que o DF, além de ter a folha bancada pela União, recebe mais de R$ 14 bilhões a fundo perdido, mas não consegue ser exemplo de gestão. Porque ele só pensa em negociatas. Por isso, teve dois sócios travestidos de secretários na mira da polícia: o secretário da Saúde foi preso, e o de Transportes comanda uma máfia no Entorno”.

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Toque de recolher no Entorno

Dos 12 municípios goianos que fazem parte da Área Metropolitana de Brasília (AMB), apenas Alexânia, Padre Bernardo e Planaltina não aderiram às restrições de funcionamento do comércio e serviços. Formosa proibiu consumo de bebidas alcoólicas na rua entre 22h e 6h e recomendou que estabelecimentos como bares e restaurantes suspendam atividades entre esse horário.

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