Capital S/A

Samanta Sallum samantasallum.df@cbnet.com.br

“Nada é permanente nesse mundo cruel. Nem mesmo os nossos problemas”
Charles Chaplin


Empresários se sentem traídos pelo GDF
Em clima de revolta e desespero, os empresários estão reagindo ao decreto de lockdown no DF. Eles se sentem traídos, porque o governador Ibaneis Rocha tinha descartado publicamente a medida na semana passada. Mas, dois dias depois, anunciou a suspensão das atividades comerciais e industriais no DF. Nem mesmo a liberação de algumas acalmou o setor, que anuncia quebradeira e demissões em massa.

 

Guerra ideológica
O GDF alega que a migração de pacientes de outros estados, especialmente do Amazonas, para a capital federal agravou o cenário de ocupação de leitos de UTI, obrigando à medida extrema.
O governo tenta acalmar os empresários sinalizando a reavaliação do cenário dia a dia para liberar assim que possível as atividades. No entanto, a questão da saúde pública, segundo integrantes do GDF, está sendo usada para radicalizar os protestos contra o lockdown, com viés político, numa guerra ideológica já estabelecida há mais tempo entre bolsonaristas.


Pressão para lockdown terminar esta semana
A Abrasel DF afirmou que também foi pega de surpresa com a repentina mudança de atitude do GDF. Mas tem esperança que o lockdown termine ainda nesta semana.

“O governador disse que tem gente trabalhando para poder abrir leito, para dentro de três, quatro dias a taxa de ocupação diminuir e a gente poder reabrir as empresas. Precisamos reabrir as empresas esta semana para evitar um desastre no setor”, disse Beto Pinheiro, presidente da Abrasel-DF, que participou dos protestos ontem na rua.


Pelas floriculturas no Dia da Mulher
O funcionamento de lojas de móveis, floriculturas e autoescolas está entre os pleitos da Fecomércio-DF para o governador Ibaneis Rocha. A entidade já conseguiu que o GDF liberasse lotéricas, óticas e imobiliárias do lockdown.

 

“Vamos continuar as negociações nas próximas semanas com o GDF para tentar liberar mais atividades”, afirma
Edson de Castro, presidente em exercício da Fecomércio no DF

 

Apoio aos protestos
Edson de Castro reforçou o coro das manifestações contra o lockdown. “Estou junto com essa movimentação. Os lojistas não merecem isso. Deviam deixar os restaurantes abertos que realmente estavam cumprindo com seus deveres. É só lacrar aqueles bares que desrespeitam o protocolo de saúde.”

 

BRB amplia horário das agências bancárias
Para evitar aglomerações e diluir o fluxo de clientes nas agências, o BRB vai funcionar mais duas horas além do normal. Vai abrir o atendimento ao público a partir das 9h, encerrando às 16h. O banco anunciou também um programa de socorro financeiro aos empresários para enfrentar a lockdown, o Acredita DF.


“Bipolaridade no Buriti?”, questiona setor de bufês
“Nossos associados fizeram estoques e prepararam toda a produção para eventos diante de um governador que afirmava não cogitar um lockdown. O que revolta é a falta de transparência”, conta Renata La Porta, presidente da Associação dos Buffets no DF.

 

Produção no lixo
“Empresas de bufê, impedidas de trabalhar por tanto tempo, endividadas e abaladas, não podem se dar ao luxo de jogar no lixo festas inteiras. Imensos prejuízos poderiam ter sido evitados se o GDF tivesse mais planejamento”, afirma La Porta.

 

O vírus como terceira guerra mundial
O presidente da CDL, Wagner Silveira, avalia a atual situação como uma terceira guerra mundial. “E, para enfrentá-la, precisamos de um Fundo de Guerra”, aponta. Ele elencou algumas ações para ajudar as empresas.

Postergar os pagamentos diários proporcionalmente aos dias parados e para o primeiro dia útil após a volta das atividades. Férias coletivas de 15 dias a funcionários ou suspensão do contrato de trabalho e pagamento proporcional na volta das atividades. Prorrogação dos pagamentos do Pronampe, que começam a vencer em abril, por mais seis meses. Proibição de protesto de títulos com vencimento dentro do período de vigência do fechamento.

 

Eleição acirrada no comércio
Enquanto isso, a disputa pela presidência da Fecomércio no DF está pegando fogo. Pode ser judicializada depois que a CNC abriu processo interno na entidade para descredenciar a candidatura de José Aparecido, presidente do sindicato das papelarias. “Vou manter minha candidatura até o fim. Tenho apoios na diretoria para minha eleição”, reafirmou o empresário, que disputa o cargo com o presidente do sindicato das imobiliárias, Ovídio Maia.