Águas Claras

Juiz mantém prisão de acusado de matar pais: 'Desprezo pela vida humana'

Autor do crime foi detido em flagrante, na quarta-feira (24/2), depois de atacar a família no apartamento em que morava. No entanto, após audiência de custódia, Justiça converteu a prisão em preventiva

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) converteu em preventiva a prisão em flagrante de Marcelo Ribeiro Gonçalves Ferreira, 39 anos, acusado de matar os pais — Leila Ribeiro, 71, e Rubem Luiz, 73 —, além de tentar assassinar a irmã. O crime aconteceu na quarta-feira (24/2), em um apartamento na Rua 19 Sul de Águas Claras.

A decisão ocorreu após audiência de custódia, na manhã desta quinta-feira (25/2). Marcelo não compareceu à audiência por estar internado no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), após ferir as vítimas com golpes de faca. O acusado foi indiciado por duplo homicídio e tentativa de assassinato, pela 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul).

Ao converter a prisão do acusado, o juiz substituto do Núcleo de Audiência de Custódia (NAC) considerou que os fatos apresentaram "extrema gravidade concreta" e que o modus operandi do crime demonstrou "especial periculosidade, ousadia ímpar e desprezo pela vida humana", tornando necessária a medida cautelar contra Marcelo. O inquérito policial será encaminhado ao Tribunal do Júri de Águas Claras, onde tramitará o processo.

Ocorrência

Marcelo foi preso em flagrante, na quarta-feira (24/2), após matar os pais e tentar matar a irmã. Após acordar, ele teria ido até a cozinha do apartamento, pegou uma faca e cometeu o crime. Familiares dele informaram que o acusado tem esquizofrenia e que passou por um surto psicótico.

A irmã de Marcelo foi ferida no tórax, mas conseguiu sair do apartamento para pedir socorro. Ela continua internada no Hospital de Águas Claras, sem risco de morte. O acusado está no HRT, onde trata do quadro psiquiátrico.

O caso chocou os moradores e funcionários do prédio, além de comerciantes da região. A Polícia Militar havia sido chamada para atender a uma denúncia de violência doméstica no local. No entanto, ao chegarem, encontraram os corpos dos pais de Marcelo. Testemunhas relataram que o crime foi precedido por pedidos de socorro, além de gritos de desespero e pânico.

Histórico

Marcelo morava no edifício havia cerca de seis meses. Até terça-feira (23/2), não havia registros de qualquer conflito. Naquele dia, porém, outra situação chamou a atenção de funcionários do prédio. Pela manhã, ele subiu e desceu as escadas várias vezes; depois, saiu correndo pela rua.

Ele passou mal e caiu no chão em frente a um supermercado, onde teve uma convulsão. A família foi avisada, e os pais dele, que moravam em Goiânia, vieram a Brasília para prestar assistência ao filho, na intenção de interná-lo no dia seguinte.

A delegada Laryssa Neves, que investiga o caso, afirmou que Marcelo não havia tomado a medicação quando teve a crise. Em depoimento, testemunhas relataram que ele tem um histórico de surtos psiquiátricos, mas nenhum havia sido relacionado a episódios de violência.

Aos 18 anos, ele chegou a ser internado no Rio de Janeiro — onde os pais moravam, à época. Anos depois, quando os pais se mudaram para Goiânia, ele decidiu ficar em Brasília.

Ed Alves/CB/D.A Press - Leila Ribeiro, de 71 anos, e Rubem Luiz, de 73, moravam em Goiânia e vieram a Brasília para ajudar o filho que entrou em surto no dia anterior
Ed Alves/CB/D.A Press - Preso em flagrante, homem de 39 anos foi levado ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT)