As visitas de familiares e advogados em alguns blocos da Penitenciária do Distrito Federal 1 (PDF 1), no Complexo Penitenciário da Papuda, foram suspensas por tempo indeterminado. O Correio teve acesso a um documento que ratifica a decisão e expõe o motivo: o aumento no número de presos infectados pela covid-19. Nesta quinta-feira (25/2), parentes que aguardavam para entrar na unidade foram barrados e orientados a voltar para a casa.
Com base no texto, o atendimento aos internos lotados no Bloco D (alas A, B, C e D), G (ala A) e E (ala A) estão, preventivamente, sem data prevista para o retorno. A medida, segundo o documento, faz parte da implantação de protocolos de segurança mais rígidos para o combate e prevenção ao coronavírus.
Fontes da unidade prisional informaram que todos os internos lotados nos respectivos blocos foram testados e apresentam sintomas leves da doença. Procurado pela reportagem, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) confirmou a informação e explicou que é trata-se de uma medida protetiva. "Desde que foi autorizado o retorno das visitas e dos benefícios externos, a VEP/DF vem acompanhando para ver se os visitantes ou os presos que saem pra trabalhar não levam a covid-19 para dentro das unidades", esclareceu.
Segundo o TJDFT, na sexta-feira (19/2), surgiram quatro casos suspeitos de presos no Bloco D da PDF I. Os detentos foram transferidos para o CDP II e os que estavam nas celas com eles foram isolados por precaução. Nesta quinta-feira, o Tribunal afirmou que o diretor da saúde disse que só um dos quatro confirmou a infecção pela doença.
Ao Correio, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape-DF) informou que há apenas três casos confirmados de covid-19 no Bloco D da PDF 1. Os internos foram transferidos ao CDP 2, onde ficarão em quarentena por 14 dias.
Casos
Em abril do ano passado, o Correio revelou que o DF chegou a ocupar o primeiro lugar no levantamento nacional de presos confirmados com o vírus, em comparação a outros presídios do Brasil, segundo dados do Painel de Monitoramento do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça.
As visitas ao presídio foram suspensas em 12 de março e, por seis meses, a VEP manteve a decisão. Em 16 de setembro, a Justiça autorizou a entrada de familiares nas unidades, seguindo uma série de protocolos de segurança, como, por exemplo, a distância indicada entre o detento e o familiar.
À época, o GDF deu início à construção de um hospital de campanha na Papuda para tratar os presidiários infectados. A obra foi iniciada em 23 de abril de 2020 e custou mais de R$ 5 milhões. A unidade comporta 10 leitos de suporte avançado e 20 de enfermaria. Contudo, o hospital ainda não foi inaugurado. Em resposta enviada ao Correio em 26 de janeiro, a Secretaria de Saúde explicou que o hospital chegou a ter processo de contratação aberto e recebeu uma visita da atual gestão da pasta, mas que não há necessidade de abertura da nova unidade, tendo em vista “os números de leitos ocupados”.
Dados mais recentes do painel de monitoramento do Depen mostram que, na Papuda, há 1.952 casos de covid-19, quatro óbitos, e 35 suspeitas.