SOLIDARIEDADE

Com avanço da pandemia, organizações sociais dependem de ajuda da população

Instituições que ajudam famílias carentes desde o início da pandemia pedem mais participação da sociedade neste momento ainda difícil

Em meio à pandemia do novo coronavírus, o momento exige solidariedade por parte da população. Há instituições de acolhimento com problemas financeiros e famílias necessitadas precisando, principalmente, de cestas básicas e artigos de higiene.

Voluntária do Instituto Nossa Missão, Débora Penteado, 33 anos, conta que após o fundador do abrigo sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), o local tem passado por necessidades desde julho do ano passado. O Instituto fica localizado no Paranoá e foi criado para acolher crianças e bebês para serem adotados. Débora explica que está sendo inviável continuar com o projeto, mas que a ideia é manter o abrigo aberto, até que as crianças sejam adotadas. “São nove crianças, que, se o abrigo não continuar, eles terão que ser reinseridos em outras casas, em outros abrigos e nós sabemos que estão lotados, e é isso que aperta o nosso coração”, lamenta.

Com o avanço da pandemia e as dificuldades financeiras, ela diz que a disseminação da covid-19 reduziu o número de voluntários para ajudar as mães sociais, que cuidam dos bebês e ensinam as crianças. “Os três maiores estão cheios de energia e, tem dias que fica difícil manter todos calmos dentro de casa”, afirma.

O instituto precisa de ajuda com a doação de itens de higiene, alimentos, gás de cozinha, dinheiro, divulgação e uma pessoa que doe um pouco do seu tempo para brincar com as crianças do abrigo. “As pessoas preferem doar latas de leite, fralda, brinquedos e roupas, em vez de dinheiro, por conta da insegurança do que será feito com o valor. Criamos um grupo para os apoiadores acompanharem as informações, despesas, fotos, necessidades, doações”, relata a voluntária. Para doar, basta o interessado entrar em contato com a assistente social Liandra de Lyra Rodrigues, pelo telefone (61) 9 9336-4148.

Depende de doações

A voluntária do Instituto e Creche Renascer Ana de Fátima Dias, 61, contou ao Correio que as doações diminuíram 40% durante a pandemia do novo coronavírus. “Numa cesta que tinha 23 itens, hoje estamos colocando apenas 13. Nós tivemos que reduzir a quantidade de itens na cesta para continuar atendendo, porque diminuiu bastante o volume de doação”, afirma.

Casa Azul/Divulgação - 23/02/2021. Brasil. Brasília - DF. Cidades. Solidariedade. Voluntário e ex-aluno da Casa Azul, Bruno do Nascimento.

A Creche Renascer atende 150 crianças, de 2 a 4 anos de idade. Enquanto o instituto, atualmente, recebe 90 crianças, de 6 a 12 anos. Segundo Ana de Fátima, a instituição, que fica na Estrutural, recebe verba do Governo do Distrito Federal (GDF), no entanto, não é o suficiente para mantê-la aberta. “Desde dezembro, nós não temos nenhum tipo de apoio financeiro. Estamos trabalhando, realmente, com doações”.

Antes da pandemia, a instituição distribuía duas cestas básicas por ano, mas, com a crise do coronavírus, agora há doações todos os meses. “O nosso objetivo é transformar a vida por meio da educação, ajudar as famílias que mais precisam, a situação está muito séria e, com a pandemia, piorou muito”, alega. A instituição recebe doações de alimentos, como ovos, óleo, açúcar, leite, arroz, feijão e sal. “Nesta quarta-feira, vamos distribuir de 5kg a 6kg de verduras e legumes para as famílias”.

Milyelle Assis Monteiro, 32, mãe de quatro filhos, conta que recebe assistência do Instituto Renascer. Ela diz que, com a pandemia, o marido teve o trabalho prejudicado: “O meu esposo é pedreiro e, com a crise, o serviço caiu muito. O que deu assistência total para a nossa família de seis pessoas foi o Instituto Renascer”. Milyelle diz que se sentiu muito acolhida com a ajuda da instituição. “Eles têm ajudado a gente com leite, carne, ovos, cestas básicas e verduras. Se preocupam com tudo isso e com as nossas crianças”, afirma. Mais informações sobre doações pelos telefones (61) 3465-4957 e (61) 9 8356-6709.

Um mundo melhor

Em meio à pandemia, o Conselho de Entidades de Promoção e Assistência Social (Cepas), em parceria com o Correio, promove a Campanha Doar é Ser + Brasília, que consiste em ajudar a população em situação de risco, que esteja passando por necessidade com a covid-19. Ao todo, são 42 instituições participantes da ação. Já foram distribuídas 843 cestas básicas, 2 mil pessoas beneficiadas, com total arrecadado de R$ 42,5 mil.

Uma das participantes da campanha é a instituição Casa Azul, que tem 1,2 mil crianças e jovens, distribuídos em quatro unidades: duas em Samambaia, uma no Riacho Fundo 2 e outra na AABB, onde atende moradores da Vila Telebrasília e de São Sebastião.

Voluntário e ex-aluno da Casa Azul, Bruno do Nascimento, 31, desenvolve atividades na arrecadação de cestas básicas para famílias, bazares, divulgação de campanhas e arrecadação de materiais escolares. “Para mim, ser voluntário é contribuir para um mundo melhor, contribuir com pessoas e com uma sociedade mais igualitária, mais justa”.

Bruno estudou na instituição quando tinha 5 anos e ficou até os 18 anos. “A Casa Azul melhorou todos os aspectos da minha vida. Aprendi a ir além, sou protagonista da minha história”. Ele diz que mais pessoas precisam se tornar voluntárias e contribuir com a sociedade, “fazendo um mundo melhor e apoiando não só apenas com o dinheiro, mas também a se colocar à disposição das atividades”.

Carlos Moura/CB/D.A Press - 27/08/2014. Brasil. Brasília - DF. Daise Lourenço Moisés, presidente da Assistência Social - Casa Azul, em Samambaia.

A presidente da Casa Azul, Daise Lourenço, diz que no início da pandemia da covid-19 houve um “estalo” na sociedade como um todo, onde a população começou a doar desenfreadamente para as instituições. “Só que o tempo foi passando, a gente percebeu que as doações começaram a diminuir muito, mas não só as doações, as parcerias também”, relata.

A instituição recebe doações de cestas básicas, produtos de higiene pessoal e de limpeza, livros, roupas e brinquedos. Os interessados em doar devem entrar em contato pelo número (61) 9 9168-6481.