A aromaterapia é uma técnica terapêutica que pode ser utilizada de forma complementar e atua a partir da utilização de óleos essenciais. O método auxilia no tratamento de pacientes com depressão, ansiedade, enxaqueca, insônia, infecções e alergias.
A publicitária Luísa Amorim, de 23 anos, contou ao Correio que teve o primeiro contato com a aromaterapia quando estava grávida da sua filha, Maya. “Um dia a minha doula veio à minha casa e fez um escalda pés em mim com óleo essencial para relaxar e para diminuir a ansiedade, porque já estava no final da minha gestação. Estava muito ansiosa e, naquele momento, me fez muito bem”, lembra.
Ela diz que já tinha escutado falar sobre a técnica, mas não sabia o que era realmente. “Na minha cabeça, e acho que na cabeça de muitas pessoas, são apenas óleos com cheirinhos, que vão deixar o ambiente perfumado e tudo mais. Pelo menos era o pensamento que eu tinha.”
Quando Maya nasceu, a publicitária começou a aprofundar-se na terapia complementar e se apaixonou pelo método: "Estava em busca de uma alternativa mais natural para me livrar um pouco dos remédios, até porque, quando amamentamos, não podemos usar muitos medicamentos, já que alguns componentes sempre vão para o leite e aí, consequentemente, passam para o bebê”. Hoje, Luísa utiliza os óleos essenciais para o tratamento de enxaqueca, rinite alérgica, picada para mosquito, dor no estômago, criatividade e para melhorar o sono.
Origem
A aromaterapeuta e farmacêutica Isis Petry explica que os óleos essenciais são produtos do metabolismo secundário de uma planta, ou seja, eles atuam na comunicação de autodefesa dos vegetais. “Existem óleos essenciais para evitar que bichos venham machucar a planta e tem outros que atraem polinizadores. Esses óleos essenciais na planta são aquilo que geram o cheirinho. Então, aquele cheiro característico, por exemplo, da pizza na verdade é o cheiro do orégano”, explica.
Segundo a aromaterapeuta, os óleos essenciais podem ser inalados quando há liberação das partículas com o auxílio de um difusor e, também, por meio de massagens. Isis alerta que eles são compostos químicos muito concentrados que demandam cuidado no momento do uso. “Nós temos alguns óleos essenciais, por exemplo, que são hepatotóxicos. Se utilizados de uma forma muito concentrada, que chamamos de uma forma irracional, pode gerar a intoxicação”, pontua.
Ela ressalta, ainda, que alguns óleos não podem ser usados por gestantes e crianças menores de 3 anos, a exemplo do óleo de hortelã de pimenta, que pode causar danos ao sistema nervoso. “Por isso, é muito importante procurarmos um profissional adequado que tenha conhecimento na área para que possa fazer uma indicação correta do óleo essencial a ser utilizado.”
A economiária Giovana Pastori, 38, também teve o primeiro contato com a aromaterapia quando estava grávida de gêmeos. “Desde a gestação, que depois seguiu com a amamentação, essa explosão hormonal me fez ter muitos altos e baixos: crises de medo do novo, choro, baby blues, falta de rede de apoio, pois toda minha família mora no Rio Grando do Sul. Tudo isso misturado, claro, à alegria da descoberta da gestação gemelar, que também é comum na minha família, e aos desafios de ser mãe de gêmeos. A partir de então, mais do que nunca, fui me aprofundando na leitura sobre florais, óleos essenciais e aromaterapia”, conta.
Giovana segue os “rituais” diários com os óleos essenciais até hoje. “Meus filhos estão com 2 anos e 3 meses. Ser mãe me empoderou, me fez descobrir as profundezas e o céu das emoções, o sagrado feminino. Sinto minhas emoções mais equilibradas com uso de óleos essenciais formulados de forma individual, para atender minhas necessidades em todos os campos da vida: afetiva, profissional e familiar”, relata.
Ela acrescenta que a aromaterapia está presente em todos os momentos do seu dia, seja em óleo para aplicação em pontos estratégicos do corpo ou em spray vaporizador no quarto e escritório: “Um para necessidade pessoal e dos ambientes”.
Como escolher?
Isis Petry explica que o aromaterapeuta precisa conhecer o estado de saúde de cada paciente. “Nós precisamos saber tudo que aquela pessoa tem, então, tanto em termos fisiológicos, quanto emocionais e a capacitação do profissional, é importante que a gente cuide que o seu aromaterapeuta esteja realmente capacitado com os devidos conhecimentos, cursos e até recomendações”, afirma.
A especialista destaca a importância de uma equipe multiprofissional no tratamento. “A aromaterapia não é uma coisa que é feita sozinha, especialmente em casos mais complexos. Eu sempre recebo indicação de psicólogos, por exemplo, para que a gente possa fazer um trabalho em conjunto, porque é realmente uma prática integrativa complementar, porque ela complementa o tratamento alopático.”
Pandemia
Cientista aromatólogo e proprietário fundador da empresa Laszlo, Fabian Laszlo conta que a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu e incorporou a aromaterapia às Medicinas Tradicionais e Complementares do Sistema Único de Saúde (SUS) em 2018. “O Brasil tem uma diferença muito grande dos outros países, a gente é o único que tem o SUS, tem essa prática reconhecida, e é o único país que tem essa data realmente no calendário do governo federal, que é em 19 de dezembro”, elenca.
Segundo Laszlo, a prática cresceu muito no país. Inclusive, há postos de saúde e hospitais adotando a terapia complementar. A procura, aliás, aumentou durante a pandemia do novo coronavírus: “É um recurso que você consegue usar em casa para conter a ansiedade, e o fato de muitos óleos serem antivirais potentes, terem utilidade para eliminar catarro ou ajudar nessa parte respiratória, também foi muito aproveitado pelas pessoas durante a pandemia”.