Depois da enchente que atingiu os blocos finais da quadra 402 Norte, na terça-feira (16/2), moradores encararam os estragos nos veículos que foram inundados com a lama e a água da chuva. Para Guilherme Larsen, 34 anos, foi desesperador ver o carro boiando no meio da enxurrada. “Quando vi, da sacada, que estava inundando o gramado, eu já desci logo para ver como estava o estacionamento. Com a força da água, meu carro se moveu e saiu da vaga, meu medo era que batesse em outro veículo”, conta o morador do Bloco E.
Apesar do susto, o maior prejuízo que ele vai arcar será com a limpeza do carpete. “O que fica é só a dor de cabeça depois. Vou ver se o seguro cobre”, conta ele, que mora na quadra há quatro anos e é a segunda vez que passa por uma situação dessa. “Na outra vez, meu carro não foi inundado porque estacionei um pouco mais longe, mas alagou aqui da mesma forma”, destacou Guilherme.
Outra moradora, que preferiu não se identificar, conta que levou um susto no momento da chuva. “Eu me mudei para Brasília em junho do ano passado e ouvia falar que aqui tinha enchente. Mas uma coisa é ouvir falar, outra é ver um rio ao redor do prédio. Nunca vivenciei isso”, conta a servidora pública. O carro dela também foi um dos veículos atingidos pela correnteza que se formou na quadra.
No Bloco F, o prejuízo foi ainda maior. Como o sistema de comportas que faz a barreira para a garagem subterrânea não foi fechado a tempo, um grande volume de água entrou e ficou um pouco mais da altura dos pneus. Uma equipe do Corpo de Bombeiros foi acionada para fazer a retirada da água empoçada com a bomba de sucção. O síndico do prédio e prefeito da quadra, David da Mata, estima uma despesa de no mínimo R$ 30 mil para o conserto do portão eletrônico e manutenção dos elevadores que teve o fosso inundado.
De acordo com David, esse problema é recorrente e precisa de uma atenção maior do Governo do Distrito Federal (GDF) para sanar a situação. Enquanto isso, muitos prédios se adaptam para amenizar os estragos como a criação de comportas para evitar que a água entre na garagem, por exemplo. Segundo David, aproximadamente 72 carros foram atingidos pela enchente, 22 na garagem subterrânea do bloco e 50 na área externa, onde a altura da água chegou a atingir um metro.
Daniel Almeida, 36, mora no Bloco F há três anos e não tinha visto isso acontecer antes. Porém, ele relata que a esposa e os sogros já vivenciaram um momento em que a água chegou no teto da garagem subterrânea. “Desta vez, o volume que entrou foi bem menor, por conta das comportas instaladas. Então o prejuízo vai ser pouco”, comenta ele que, por segurança, resolveu não ligar o carro automático e esperar o guincho para levar até a concessionária. “Prefiro não arriscar, vou levar para fazer a avaliação”, pontua.
Nessa quarta-feira (17/2), uma árvore de grande porte caiu na 215 Sul e assustou moradores. A ventania durante a madrugada e o solo úmido contribuíram para que a árvore tombasse na pista de acesso aos blocos residenciais. O Corpo de Bombeiros e a Novacap atuaram no local para a retirada dos galhos. Apesar do susto, nenhum carro foi atingido, mas ninguém se feriu.
Em nota, a Novacap informou que faz manutenções preventivas para o período chuvoso, durante todo o ano, de forma ininterrupta, com trabalhos de limpeza, reposição de tampas e desobstrução das bocas de lobo. Na parte de drenagem, o órgão ressaltou serviços de melhoria como a duplicação das bocas de lobo e criação de pequenos ramais de captação de água pluvial em vários pontos do DF.
Mais chuva
Para o restante do mês, a previsão é de mais precipitações. Meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Naiane Araújo destaca que fevereiro irá se encerrar embaixo de chuva. “Até o final do mês está indicando muita chuva. Não há um intervalo de secura, de dias sem chuvas ou veranico como tivemos em janeiro. Não há indicativos”, explica.
Na manhã de quarta-feira (17/2), o Inmet publicou um aviso laranja de precipitações intensas que afetam toda região do Centro-Oeste, Tocantins e Roraima. O alerta adverte sobre chuvas que oscilam de 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, além de rajadas de ventos de 60-100 km/h. Este período fica suscetível ao risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas.