A juíza titular da Vara de Execuções Penais (VEP), Leila Cury, solicitou ao secretário de Saúde do Distrito Federal, Osney Okumoto, a vacinação contra a covid-19 para todos as pessoas privadas de liberdade que cumprem pena no Complexo Penitenciário da Papuda, na Penitenciária Feminina do DF (PFDF) e no Centro de Progressão Provisória (CPP). O pedido, ao qual o Correio Braziliense teve acesso em primeira mão, foi enviado nesta quinta-feira (4/2).
"Diante do início da campanha de vacinação contra a covid-19 no Distrito Federal, solicito à Vossa Excelência, informar a possibilidade de vacinação imediata de todas as pessoas privadas de liberdade da capital, que perfazem o total de 15.487 ou, ao menos, das pessoas idosas, que perfazem o total de 168, sendo que, destes, aproximadamente sete possuem 80 anos ou mais", detalhou a magistrada no pedido.
Leila Cury solicitou ao secretário um cronograma pretendido para a imunização do referido grupo e dos demais custodiados do DF, caso não seja possível a vacinação imediata. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde esclareceu que a ampliação do público alvo para vacinação depende do número de doses que o Ministério da Saúde irá disponibilizar ao DF e de quando ocorrerá a entrega de nova remessa. "A secretaria aguarda a chegada de mais de 60 mil doses da vacina CoronaVac, para ampliar a vacinação no DF. Os próximos contemplados serão idosos com idades entre 75 e 79 anos", informou a pasta.
Casos
Em abril ano passado, um mês depois de decretada pandemia mundial, o Correio revelou que DF chegou a ocupar o primeiro lugar no levantamento nacional de presos confirmados com a covid-19, em comparação a outros presídios do Brasil, conforme mostrou o Painel de Monitoramento do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça.
Desde março, quatro detentos da Papuda morreram por complicações da doença e mais de 1,9 mil presos se infectaram. Com a finalidade de atender a população carcerária, um hospital de campanha foi montado na Papuda. A obra, iniciada em 23 de abril de 2020, custou R$ 5.197.532,00, mas não abriu as portas.
Questionada pela reportagem, a Secretaria de Saúde respondeu que "não há necessidade de abertura de hospital de campanha, tendo em vista os números de leitos ocupados, que são analisados diariamente pelos técnicos da pasta, com base no Plano de Mobilização de Leitos de UTI Covid-19".