Ao menos quatro mulheres viveram momentos de terror sob a ameaça de um estuprador em série na Cidade Ocidental, município goiano distante cerca de 49km do Distrito Federal. Esta semana, mais de dois anos após cometer os crimes, Ronaldo Silva da Conceição, 35 anos, foi preso em ação conjunta das polícias civis de Goiás e do Pará, no município de Marabá (PA), onde se escondia.
A captura ocorreu após intenso monitoramento, como frisa o delegado Thiago Carneiro, de Marabá. “Ele veio para o município por ter parentes aqui, mas não conseguimos confirmar há quanto tempo estava escondido no bairro Cidade Jardins. Ao cumprirmos o mandado de prisão preventiva, o autor tentou fugir e, ao ser encurralado, foi para cima dos policiais com uma faca.” Segundo o delegado, para conter o criminoso e evitar a agressão, os policiais atiraram contra o braço direito dele. Depois de atendimento médico, o acusado foi encaminhado à carceragem.
O homem é acusado de abusar sexualmente das vítimas durante o ano de 2018. O primeiro caso foi denunciado à Delegacia da Cidade Ocidental em abril. Depois, mais três mulheres relataram ter sido abusadas por Ronaldo, que utilizava meias e camisas para cobrir o rosto e, assim, dificultar a identificação por parte das vítimas. Preso na terça-feira (2/3), o acusado deve chegar ao município do Entorno, onde cometeu, os crimes nesta sexta-feira (5/3).
Modus operandi
A delegada Dilamar de Castro Souza, da Cidade Ocidental, explica que o estuprador escolhia as vítimas e passava a monitorar a rotina delas antes da ação, segundo depoimentos. Uma delas afirmou que o suspeito pulou o muro da residência dela e, ao abordá-la, questionou sobre a saída do marido dela. “O autor indagou se o marido dela voltaria para a residência ou seguiria para o trabalho depois de deixar os filhos do casal na escola. A vítima também afirmou que, na ocasião, os filhos estavam em visita à irmã dela, sendo assim, o autor tinha conhecimento de que, naquela oportunidade, ela estaria sozinha”, esclarece.
Ao invadir as casas, Ronaldo rendia as vítimas, simulando estar com uma arma de fogo. “Depois, ele ordenava que as mulheres tirassem as roupas. Se elas resistissem, eram amarradas. O autor, em uma das violências, chegou a mandar que a filha de uma das mulheres, de 3 anos, que se deitasse ao lado da mãe”, informou a investigadora. “Em todos os crimes, o autor agia com emprego de muita agressividade, amarrando-as pelos braços e, em alguns casos, pelo pescoço, e, após consumar o ato sexual, vasculhava a residência das vítimas e roubava objetos de uso feminino, como chapinhas de cabelo e maquiagens, além de aparelhos de celulares e tablets”, completa.
Em um dos casos, após roubar o aparelho telefônico da vítima, Ronaldo passou a produzir e a enviar vídeos pornográficos para os números da agenda telefônica. “Além das filmagens, o autor chegou a realizar diversas ameaças, afirmando que ‘voltaria e que sentia saudades’”, acrescenta Dilamar Souza.
Ronaldo é investigado por estupro e roubo em delitos cometidos em Goiás. “Os crimes chocaram a população da Cidade Ocidental, pelo requinte de crueldade do acusado. Ronaldo estuprava as vítimas diante dos filhos dela e filmava o ato. Uma das mulheres chegou a engravidar, mas conseguiu fazer o aborto mediante ordem judicial”, finaliza Thiago Carneiro.