A pandemia fez com que empresas de diferentes setores tivessem queda no faturamento e passassem por grandes transformações. Com colaboradores atuando em modelo home office, estudantes acompanhando as aulas remotamente, e o serviço de entrega por aplicativo cada vez mais ativo, vários segmentos mantiveram as atividades por meio da tecnologia, ramo que se manteve aquecido em 2020. Em plena pandemia, foram abertas no Distrito Federal 2 mil empresas de informática, totalizando 11.341 negócios, sendo que 50% deles são de empresários individuais. O setor emprega, atualmente, 29 mil pessoas. Os dados são do Sindicato das Empresas de Serviços de Informática do Distrito Federal (Sindesei-DF).
De acordo com Christian Tadeu de Souza Santos, presidente do Sindesei-DF, o aumento do uso de tecnologias durante a crise sanitária gerou um faturamento de, aproximadamente, R$ 1,3 bilhão para o setor. “As ferramentas de teletrabalho que já existiam foram colocadas em prática. Ferramentas colaborativas, com distribuição de dados, e assim por diante. Na questão do ensino, o uso de tecnologia já era uma realidade que vinha crescendo no país, mas a pandemia acelerou o processo”, defende.
No ano passado, o setor foi responsável por 11.891 admissões e 12.052 demissões, de acordo com o Sindesei-DF. Apesar do saldo negativo de 161 empregos, para Christian Santos, o quantitativo representa estabilidade, enquanto que outros setores tiveram maior redução. “Todos os mercados precisaram utilizar tecnologias para manterem seus negócios. Seja ferramentas de videoconferência, de cooperação e teletrabalho, investimento em novos produtos, computadores, webcams. E acredito que, em 2021, essa tendência ainda é crescente”, ressalta o presidente do sindicato.
Ao longo de 2020, 865 empresas tiveram as atividades encerradas. O presidente afirma que o índice de fechamentos é resultado da incapacidade de se reinventar. “Há empresas que não entenderam o que já vinha acontecendo no país nos últimos dez anos, e achavam que continuariam sobrevivendo com os velhos moldes, mas não conseguiram se segurar”, reforça Christian.
Para este ano, o presidente do Sindesei-DF prevê a necessidade de o mercado se adaptar e continuar recorrendo à tecnologia. “Nós já alertávamos para os demais segmentos que a tecnologia seria primordial nas relações ao longo dos próximos anos. Nunca imaginávamos que haveria uma pandemia para antecipar os nossos planos. É importante entendermos que tecnologia é algo que está na realidade de todos, seja na padaria, no governo ou no salão de beleza. É uma tendência que não dá para voltar atrás”, reforça.
Faturamento
Com o aumento do consumo por meio digital, algumas empresas chegaram a triplicar o faturamento. É o caso de Davidson Lima da Silva, 32 anos, dono de uma loja na Asa Norte. Há dez anos no mercado, a empresa fornece assistência técnica em notebooks e desktop, além de vendas.
No início da pandemia, o técnico de informática lembra que passou por algumas dificuldades. “Ficou um pouco ruim trabalhar no pico. Estávamos com delivery, pois o governo não colocou a área de informática como serviço essencial. Se é para ficar em casa, e ainda trabalhando, como o cliente ficaria se o computador dele estragasse?”, questiona.
Após as dificuldades, Davidson precisou adaptar a empresa. “Comecei a fazer uso de máscara e álcool em gel. Para clientes em grupo de risco, a gente buscava o equipamento na casa deles, com total cuidado”, recorda. Segundo o técnico, o lucro aumentou cerca de 250%, se comparado a 2019. “O rendimento no último ano chegou a R$ 100 mil”, acrescenta.
Gerente de uma loja de informática em Águas Claras, Jefferson Dionísio da Silva Feliz, 27, ressalta que a empresa teve um bom rendimento e conseguiu se manter, mesmo com a pandemia. “Muitos computadores estavam parados em casa e o pessoal trouxe para dar um upgrade, ou procuraram uma cadeira mais confortável para trabalhar em casa”, diz.
Apesar do ano difícil para muitos, o gerente diz que a empresa investiu para manter-se firme no mercado. “A gente também adotou o drive-thru de informática. Investimos bastante no marketing em redes sociais, além de fazermos promoções. Conseguimos fazer tudo certinho termos um bom rendimento”, explica. Para 2021, a empresa pretende manter a boa divulgação. “A procura ainda continua né? Nesse ano, a gente tem uma ótima perspectiva. Queremos conseguir o mesmo faturamento do ano passado, e acreditamos que tudo vai melhorar até o final do ano”, explica Jefferson.
11.341
Número de empresas de informática e de tecnologia da informação no DF