Considerado um criminoso de alta periculosidade, Wanderson da Silva Santos, 22 anos, foi o responsável por planejar, coordenar e orientar a maior fuga de prisão da última década no Distrito Federal. Na ficha criminal, ele tem passagens por homicídio e tráfico de drogas. Fontes policiais revelaram ao Correio que o integrante de uma das maiores facções do Brasil é conhecido por ser articulado e ter influência sobre os colegas de cela. Passados mais de dois meses da fuga, o jovem foi recapturado em Goiás, na manhã dessa segunda-feira (1º/2).
Era madrugada de 14 de outubro de 2020 quando 17 detentos escaparam do Centro de Detenção Provisória I (CDP I) do Complexo Penitenciário da Papuda. O plano foi pensado e arquitetado por Wanderson durante meses. Com o auxílio de uma faca artesanal, os presos cavaram, por quatro dias, um buraco no telhado da unidade prisional. O armamento é produzido pelo próprio grupo, a partir de vergalhões de aço de sustentação dos pilares das celas.
Câmeras do circuito interno de segurança registraram o momento em que os detentos saíram por um buraco e desceram o prédio com o auxílio de uma corda formada por panos, conhecida pelos custodiados como “tereza”. Em toda a etapa de fuga, Wanderson orientava os colegas.
Desde o dia da ação criminosa, forças de segurança do Distrito Federal dobraram os esforços e recapturaram 16 detentos. Nesta segunda-feira, após intenso trabalho investigativo, policiais penais conseguiram localizar, com o apoio da Polícia Militar do Estado de Goiás (PMGO), o mentor da fuga. Wanderson foi preso em Caldas Novas (GO) — distante 303km de Brasília — curtindo uma vida de luxo no município goiano. Em vídeo ao qual o Correio teve acesso, ele aparece andando de jet-ski. Em outras fotos, o jovem ostenta nos clubes aquáticos famosos de Caldas Novas (veja o vídeo abaixo).
A polícia conseguiu descobrir que Wanderson era o responsável pela fuga após interrogar todos os outros fugitivos, que afirmaram que o jovem era o mentor. “Ele arrumou o estoque, ele coordenou os furos que fizeram no teto. Muitos que fugiram foram pela oportunidade. De todos, ele era o que tínhamos menos informações, pois era o mais articulado”, revelou, ao Correio, um policial penal.
No momento da abordagem, Wanderson portava documento de identidade falso e apresentou-se como Stevão Randolfo Costa e Silva. O rapaz tentou subornar a equipe, oferecendo R$ 50 mil.
Facção e crimes
Os próprios colegas de cela afirmaram que Wanderson era integrante do Comando Vermelho (CV) — facção criminosa oriunda do Rio de Janeiro e, após a fuga, planejava se mudar para estado fluminense. O Correio buscou os registros criminais do acusado e encontrou passagens por tráfico de drogas e homicídio.
Em 21 de abril de 2019, Wanderson cometeu um homicídio na QR 21, próximo ao Posto de Saúde nº 2, em Santa Maria. Na ocasião, ele assassinou com diversos disparos de arma de fogo contra Renan da Silva Viana. O crime, como consta nos autos do processo, foi praticado por motivo torpe, “uma vez que o denunciado matou a vítima por acreditar que ela estaria envolvida na morte de seu amigo”. Mesmo quando o rapaz estava caído no chão, Wanderson efetuou mais disparos contra a cabeça da vítima.
Em setembro de 2018, ele chegou a ser preso e foi condenado em mais de 5 anos por tráfico de drogas. Como detalha o processo, Wanderson estava no estacionamento da Feira dos Importados e carregava 21 porções de maconha, acondicionadas em um filme plástico. Com ele, a polícia apreendeu, ainda, mais de R$ 200. Na sentença, o juiz afirmou que o acusado “se dedica às atividades criminosas”.
Foragidos
Dois presos que participaram da fuga permanecem foragidos. São eles: Carlos Cauan da Silva Campos e Gabriel Nathan da Rocha Bessio.
Qualquer pessoa pode fornecer informações anonimamente sobre os fugitivos pelos telefones 197 (Polícia Civil), 190 (Polícia Militar) ou pelo WhatsApp 61 99451-0650 (Polícia Penal).