Mesmo com o novo decreto que prevê medidas restritivas, a vacinação contra a covid-19 continua. Na sexta-feira (26/2), começou o atendimento de idosos de 76 a 78 anos no Distrito Federal. No entanto, o que era para ser um sinal de alívio e de esperança para o grupo prioritário, tornou-se um dia de desgaste e reclamações. O Correio percorreu alguns pontos de imunização para acompanhar o primeiro dia de atendimento a esse público. Dificuldades no agendamento pelo site da Secretaria de Saúde (SES-DF) e filas estavam entre as principais queixas.
No início da manhã, na Unidade Básica de Saúde (UBS) nº 2 da Asa Norte, cerca de 30 pessoas, sem agendamento, fizeram fila na entrada. Mesmo sabendo que o número de doses no local não era suficiente para todos, o público preferiram aguardar a chegada de mais unidades e o começo dos atendimentos. Quem seguiu para a UBS nº 1 da Asa Sul passou pelo mesmo dilema. Mais de 56 idosos aguardaram a chegada de 120 vacinas para atender os não agendados. No local, enquanto esperavam, a chuva obrigou a população a se abrigar sob tendas e sombrinhas.
A dificuldade de lidar com o site não foi afetou só idosos. Profissionais do posto de saúde, que tentaram ajudar a população sem internet ou com dificuldades para usar aparelhos eletrônicos, não conseguiram fazer o agendamento, devido à instabilidade no sistema. Oliveiro Joaquim de Santana, 77 anos, morador da Asa Norte e aposentado, foi um dos que conseguiu ter a vacina agendada. “Meu filho fez para mim. Agora, estou feliz e vacinado, só aguardando a segunda dose”, comemorou.
Contudo, Renilda Moura, 59, aposentada e moradora da Asa Norte, não teve a mesma sorte ao tentar marcar a vacinação da mãe, Francisca de Almeida, e do pai, João Lisboa, ambos de 78 anos. “Desde ontem (quinta-feira) que eu tento. Disseram que poderiam agendar aqui (na UBS), mas eles também não conseguem. Preferi esperar na fila. Ao menos, falaram que todos seriam vacinados”, disse. Já João Teixeira, 76, morador da Asa Norte, ciente de que a espera seria longa, levou uma cadeira dobrável para aguardar. “Eles disseram que chegariam mais doses, embora ninguém saiba quando, mas estou esperando. Não consegui agendar. Agora, é esperar para, ao menos, sair daqui vacinado”, comentou o aposentado.
Coordenador da força-tarefa do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que fiscaliza as medidas de combate à pandemia, o procurador de Justiça Eduardo Sabo, esteve nos pontos de vacinação do Parque da Cidade e da UBS da 612 Sul. “Temos fiscalizado porque entendemos que o MP deve estar presente para fazer com que a imunização seja eficiente, correta e célere, de forma que a saúde da população seja preservada e garantida”, ressaltou Eduardo.
Sobre a dificuldade do agendamento, Eduardo assegurou que os profissionais dos postos têm se esforçado para atender a todos, dentro da faixa prioritária que tem direito à vacinação.
Imunizados
Apesar das reclamações, no primeiro dia de vacinação para idosos a partir dos 76 anos, a Secretaria de Saúde (SES-DF) imunizou 10,8 mil pessoas com a primeira dose, em 42 pontos de atendimento. Desse total, 4,3 mil haviam agendado a aplicação. Ao todo, desde o início da campanha, 130.547 pessoas receberam a primeira dose de imunizantes do Distrito Federal. Ainda na sexta-feira (26/2), 4.394 brasilienses receberam a segunda dose, totalizando 43.226 atendidos que receberam o reforço.
Quem pode marcar a vacinação?
O agendamento é para vacinação de pessoas que estão com o recebimento da segunda dose da CoronaVac marcado, no cartão de vacina, para o período entre 22 e 26 de fevereiro. Além delas, está permitido para idosos acima de 76 anos. Os agendamentos começaram ontem, já o atendimento de pessoas de 76 a 78 anos tem início hoje. Idosos que precisarem receber a vacina em casa podem agendar a aplicação, pelo site vacina.saude.df.gov.br. Por enquanto, no DF, podem se vacinar: profissionais da saúde pública e privada; indígenas aldeados; idosos com mais de 60 anos internados em instituições de longa permanência; idosos em home care; pacientes do Núcleo de Atenção Domiciliar (Nrad); pessoas com deficiência institucionalizadas; e idosos a partir de 76 anos. Apenas o atendimento de servidores da saúde continuará sem agendamento, nos respectivos locais de trabalho.
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