CONECTIVIDADE

Wi-Fi Social funciona em apenas metade dos 500 ônibus em circulação no DF

Promessa do Governo do Distrito Federal (GDF) ao lançar projeto, em setembro de 2019, era alcançar 400 coletivos da frota de Brasília. No entanto, serviço ainda está em fase de testes em 250 veículos

Pedro Marra
Larissa Passos
postado em 20/02/2021 06:00
 (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
(crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)

Em setembro de 2019, quando a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal (Secti-DF) inaugurou o projeto Wi-Fi Social na Rodoviária do Plano Piloto, também anunciou que 400 ônibus da frota de Brasília contariam com acesso à internet. Após pouco mais de um ano, a situação é outra. O Correio apurou que o serviço está disponível de forma permanente em 250 veículos, sendo todos da Viação São José. A outra metade está em fase de testes nas frotas das demais empresas.

O chefe da pasta, Gilvan Máximo, afirma que há manutenção frequente do acesso à internet nos coletivos. “Ocorre de mês em mês. Temos uma equipe da blitz do wi-fi que fica rodando os pontos fixos. Nosso pessoal entra no ônibus e testa o sinal. Se estiver ruim, ligamos para a empresa. Na Rodoviária do Plano Piloto, por exemplo, o maior problema que temos é que as pessoas não sabem logar nos ônibus, cujo serviço é por satélite. Dá uma falha mesmo, mas, depois, volta. Testamos na inauguração do Wi-Fi Social no BRT do Gama e de Santa Maria. Neles, funciona normalmente”, afirma o secretário.

A assessoria de imprensa da Secti pretende instalar wi-fi nos 500 veículos até o fim do ano. “A Pioneira tem 68 ônibus em operação com teste de wi-fi. Na Piracicabana, são 10, também em fase testes. As outras empresas — Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB), Marechal e Urbi — não passaram os números para a pasta. E o BRT teve wi-fi quando foi lançado, em 2019, mas o sistema está em atualização no momento”, informou a secretaria, em nota.

Passageiros relatam uma realidade diferente ao tentar acessar o wi-fi no transporte coletivo. A professora de pedagogia Mayara César de Souza Barcellos, 45 anos, pega ônibus há um ano e meio para estudar e nunca conseguiu conectar o celular à rede. “Não existe (rede). Ele (o wi-fi) não consegue concluir a conexão. A gente até tenta, consegue acessar o aplicativo, mas não conclui. Sempre dá como se a internet estivesse fora do ar. O GDF (Governo do Distrito Federal), com as ações que tanto promete, não causa efeito em nada. É triste a situação”, conta a moradora de Vicente Pires.

  • Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Pessoas que passaram a usar o transporte publico devido a alta da gasolina. Mayara Cesar de Souza, esta andando de onibus para economizar
    Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Pessoas que passaram a usar o transporte publico devido a alta da gasolina. Mayara Cesar de Souza, esta andando de onibus para economizar Ana Rayssa/CB/D.A Press - 08/02/2021

O secretário Gilvan Máximo afirma que, no projeto da pasta, houve liberação para o funcionamento de antenas das operadoras de celular, pois há muitos “pontos cegos” por Brasília. “Nossa intenção é democratizar de vez a internet para a população, porque a rede móvel é cara. As pessoas têm mania de dizer que no Brasil nada funciona. Mas, nosso objetivo é chegar em todos os ônibus, estações do Metrô e feiras permanentes”, destaca o chefe da Secti.

O vigilante Gilson Rodrigues Campos, 45, conta que usa ônibus com frequência, para trabalho e lazer. Sempre que tenta conectar à internet, porém, não consegue. “Quando pega no celular, cai. Só funciona para propaganda das empresas. Deveria ter uma manutenção, porque, dependendo da hora, quando acabam meus dados móveis, preciso me comunicar com a minha família para informar aonde estou indo e quando saio da Rodoviária (do Plano Piloto). O wi-fi do ônibus pode servir para essas coisas”, opina o morador de Ceilândia Norte.

Planos

Em 8 de dezembro, o secretário Gilvan Máximo afirmou, no programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília —, que a meta era contemplar todas as regiões administrativas com 200 pontos fixos de wi-fi, incluindo as estações de metrô até este ano. “O projeto é um case de sucesso nacional, com custo zero para o governo, pois funciona em mais de 500 ônibus e 54 pontos fixos do DF, como a Rodoviária do Plano Piloto, onde cinco empresas operam normalmente. Com a pandemia, também suprimos a demanda dos alunos de baixa renda para fins de estudo”, declarou Gilvan. Até o momento, segundo ele, houve mais de 45 milhões de acessos por meio do projeto Wi-Fi Social e 55 locais atendidos por pontos fixos.

À reportagem, a Urbi informou que, embora cumpra todos os requisitos contratuais, os veículos da frota não dispõem de wi-fi integrado. “A empresa ainda que não está inserida no programa Wi-Fi Social, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal (Secti-DF)”, informou em nota. As viações Pioneira e Marechal também confirmaram que não contam com o serviço nas frotas. A TCB comunicou que, após interlocução com a Subsecretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação (Sutic), seria necessário um dispositivo legal na mobilidade para instalação do sistema nos coletivos.

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