Em setembro de 2019, quando a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal (Secti-DF) inaugurou o projeto Wi-Fi Social na Rodoviária do Plano Piloto, também anunciou que 400 ônibus da frota de Brasília contariam com acesso à internet. Após pouco mais de um ano, a situação é outra. O Correio apurou que o serviço está disponível de forma permanente em 250 veículos, sendo todos da Viação São José. A outra metade está em fase de testes nas frotas das demais empresas.
O chefe da pasta, Gilvan Máximo, afirma que há manutenção frequente do acesso à internet nos coletivos. “Ocorre de mês em mês. Temos uma equipe da blitz do wi-fi que fica rodando os pontos fixos. Nosso pessoal entra no ônibus e testa o sinal. Se estiver ruim, ligamos para a empresa. Na Rodoviária do Plano Piloto, por exemplo, o maior problema que temos é que as pessoas não sabem logar nos ônibus, cujo serviço é por satélite. Dá uma falha mesmo, mas, depois, volta. Testamos na inauguração do Wi-Fi Social no BRT do Gama e de Santa Maria. Neles, funciona normalmente”, afirma o secretário.
A assessoria de imprensa da Secti pretende instalar wi-fi nos 500 veículos até o fim do ano. “A Pioneira tem 68 ônibus em operação com teste de wi-fi. Na Piracicabana, são 10, também em fase testes. As outras empresas — Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB), Marechal e Urbi — não passaram os números para a pasta. E o BRT teve wi-fi quando foi lançado, em 2019, mas o sistema está em atualização no momento”, informou a secretaria, em nota.
Passageiros relatam uma realidade diferente ao tentar acessar o wi-fi no transporte coletivo. A professora de pedagogia Mayara César de Souza Barcellos, 45 anos, pega ônibus há um ano e meio para estudar e nunca conseguiu conectar o celular à rede. “Não existe (rede). Ele (o wi-fi) não consegue concluir a conexão. A gente até tenta, consegue acessar o aplicativo, mas não conclui. Sempre dá como se a internet estivesse fora do ar. O GDF (Governo do Distrito Federal), com as ações que tanto promete, não causa efeito em nada. É triste a situação”, conta a moradora de Vicente Pires.
O secretário Gilvan Máximo afirma que, no projeto da pasta, houve liberação para o funcionamento de antenas das operadoras de celular, pois há muitos “pontos cegos” por Brasília. “Nossa intenção é democratizar de vez a internet para a população, porque a rede móvel é cara. As pessoas têm mania de dizer que no Brasil nada funciona. Mas, nosso objetivo é chegar em todos os ônibus, estações do Metrô e feiras permanentes”, destaca o chefe da Secti.
O vigilante Gilson Rodrigues Campos, 45, conta que usa ônibus com frequência, para trabalho e lazer. Sempre que tenta conectar à internet, porém, não consegue. “Quando pega no celular, cai. Só funciona para propaganda das empresas. Deveria ter uma manutenção, porque, dependendo da hora, quando acabam meus dados móveis, preciso me comunicar com a minha família para informar aonde estou indo e quando saio da Rodoviária (do Plano Piloto). O wi-fi do ônibus pode servir para essas coisas”, opina o morador de Ceilândia Norte.
Planos
Em 8 de dezembro, o secretário Gilvan Máximo afirmou, no programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília —, que a meta era contemplar todas as regiões administrativas com 200 pontos fixos de wi-fi, incluindo as estações de metrô até este ano. “O projeto é um case de sucesso nacional, com custo zero para o governo, pois funciona em mais de 500 ônibus e 54 pontos fixos do DF, como a Rodoviária do Plano Piloto, onde cinco empresas operam normalmente. Com a pandemia, também suprimos a demanda dos alunos de baixa renda para fins de estudo”, declarou Gilvan. Até o momento, segundo ele, houve mais de 45 milhões de acessos por meio do projeto Wi-Fi Social e 55 locais atendidos por pontos fixos.
À reportagem, a Urbi informou que, embora cumpra todos os requisitos contratuais, os veículos da frota não dispõem de wi-fi integrado. “A empresa ainda que não está inserida no programa Wi-Fi Social, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal (Secti-DF)”, informou em nota. As viações Pioneira e Marechal também confirmaram que não contam com o serviço nas frotas. A TCB comunicou que, após interlocução com a Subsecretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação (Sutic), seria necessário um dispositivo legal na mobilidade para instalação do sistema nos coletivos.
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