Problema antigo das vias do Distrito Federal, os alagamentos causados pelo período chuvoso não cessaram mesmo após as reformas nas tesourinhas do Plano Piloto, por exemplo, e em outros pontos da cidade. A solução, segundo especialistas e governo, parte não apenas de reformas estruturais para modernização de redes pluviais — já estudadas e à espera de aprovação — mas também da conscientização de moradores a respeito do descarte de rejeitos, por exemplo.
Esta semana, a tesourinha da 209/210 Norte, recém-reformada, ficou interditada durante a forte chuva que caiu na área central de Brasília. A água deixou ilhados dois carros no meio da pista. Prefeita da 210 Norte, Maria Goreti de Lima explica que, apenas neste ano, houve três situações parecidas no local. “É um problema antigo, já acionamos o Governo do Distrito Federal diversas vezes, mas não houve mudança. A gente tinha a expectativa de que, com a reforma da tesourinha, a questão fosse resolvida, mas não adiantou.”
Na avaliação de Sérgio Koide, professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), um dos problemas é que a rede pluvial do Plano Piloto é muito antiga. “Brasília foi construída na década de 1960, inclusive o sistema de drenagem foi pensado para outro tipo de ocupação. Com a expansão da cidade, a rede de captação não comporta o volume de água, o que gera os alagamentos”, explica. De acordo com Koide, outro fator que contribui é que as áreas verdes estão acima do nível da pista, o que ocasiona um corredor e acúmulo de água da chuva. “Uma alternativa era repensar o modelo de drenagem urbana, com a utilização dos gramados e parques para a absorção da água”, pontua o docente.
Para o hidrólogo e professor do Departamento de Engenharia Florestal da UnB Henrique Marinho Leite Chaves, a própria geografia do Distrito Federal e problemas de projeto e manutenção de drenagem se tornam fatores-chaves para essa situação na capital. “A água vem descendo e vai impactar as regiões mais baixas, que têm uma rede pluvial estruturada para atender apenas aquela quadra e acaba recebendo um volume muito maior”, explica Chaves. No último fim de semana, inclusive, o térreo do prédio da Engenharia Florestal da universidade foi alagado em razão do fluxo de água vindo da L2 e da L3 Norte. “´É muito importante que a população se mobilize para que se tenha uma solução para esse problema.”
Manutenção e projetos
A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) esclareceu, por meio de nota, que tem feito manutenções preventivas com a limpeza, reposição de tampas e desobstrução das bocas de lobo. Na parte de drenagem, foram realizadas melhorias pontuais, como a duplicação do sistema de captação de águas pluviais e criação de pequenos ramais. “Cabe destacar que o alto volume das chuvas, associado ao lixo que é jogado nas ruas, também ocasionam congestionamento nas redes, promovendo alagamentos”, ressaltou.
Em relação às tesourinhas, as obras realizadas foram para a recuperação da parte estrutural. Não entrou no contrato reforma na rede de drenagem. Para resolver a questão das enchentes no centro da capital, o GDF aposta no programa Águas do DF, que prevê o redimensionamento das galerias de águas pluviais. O projeto está em tramitação desde 2008, e ainda não saiu do papel.
A Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) realizou, recentemente, a atualização e modernização da proposta, que está com a Secretaria de Obras, para atualização do orçamento e elaboração do edital de licitação. Não há previsão para o início. De acordo com o plano proposto, há a expectativa de reforço na rede de drenagem nas faixas 01/02 e 10/11 da Asa Norte e 13 da Asa Sul. O programa prevê, ainda, a melhoria da qualidade da água pluvial descarregada no Lago Paranoá, por meio da retenção dos resíduos em bacias de contenção.
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