Há 14 anos na estrada artística, a inglesa Emerald Fennell foi uma das diretoras a quebrara sistemática realidade perpetuada de cineastas homens indicados, em maioria, para o prêmio Globo de Ouro, cuja entrega acontecerá em 28 de fevereiro. Ainda que popular showrunner da série Killing Eve, e atriz de filmes como A garota dinamarquesa ou de séries como The crown, Emerald, aos 35 anos, pode ser vista como uma renovação de percurso em Hollywood.
A estreia como diretora, com o longa Bela vingança, pelo qual ainda é candidata a melhor roteirista pelo Globo de Ouro abre perspectivas para novos projetos. “A ideia de não ter aceitação das pessoas ou de alguém me considerar difícil é terrível para mim”. No filme, que ajuda a redefinir a posição das mulheres na sociedade, a falta de sobriedade, e os abusos sexuais advindos dessa condição, levam a protagonista a revidar esses ataques. Como símbolo, Emerald se projeta, ao lado de promessas de talento feminino, no novo cenário para o cinema. Confira outras promessas:
Anya Taylor-Joy
Cinco futuras parcerias da jovem atriz Anya Taylor-Joy dão pistas da projeção na carreira: diretor de O lado bom da vida, David O. Russell a selecionou para o próximo projeto, e Anya dividirá a tela com Nicole Kidman, estará num outro filme baseado em obra de Vladimir Nabokov, além de ter atuação garantida sob a direção de Edgar Wright (do sucesso Em ritmo de fuga) e de George Miller (Mad Max: a estrada da fúria).
Há quase cinco anos, a atriz Anya, criada num circuito entre Argentina, Inglaterra e Estados Unidos, viu a carreira deslanchar, com filmes pesados nas telas por M. Night Shyamalan (Fragmentado) e Robert Eggers (A bruxa). Aos 24 anos, a atriz que, com 16, foi encorajada a largar os estudos pelas artes, com formação em Nova York, está num ápice de reconhecimento: com duas indicações ao Globo de Ouro de melhor atriz. Uma pela minissérie O gambito da rainha e outra pelo papel título de Emma, baseado em Jane Austen.
Maria Bakalova
Numa recente entrevista ao site Collider, a atriz búlgara de 24 anos, selecionada para estrelar Borat: fita de cinema seguinte, entre 600 candidatas, brilha, ao lado do humorista Sacha Baron Cohen, simboliza mudanças. “As pessoas estão prontas para temas que levantamos, como o combate à misoginia, e ideais de melhor tratamento, com igualdade, respeito e mais amor entre uns e outros”, comentou, complementando: “Temos questões feministas (no filme) de como as mulheres não devem se subjugar ao patriarcado”.
Eleita melhor coadjuvante, pelo Círculo dos Críticos de Nova York, Maria Bakalova disputará o Globo de Ouro na categoria de protagonista e, estabelecida há quase um ano em Los Angeles, acaba de ser confirmada, ao lado de Pedro Pascal (The mandalorian), para The bubble, comédia de Judd Apatow que tratará dos efeitos da pandemia. Formada em 2019 com estudos acadêmicos de teatro, realidade que abraça desde os 12 anos, Maria, na continuação de Borat, deu vida à personagem Tutar, uma jornalista fake, que sofre assédio pela ala conservadora dos Estados Unidos, representada por pessoas do nível de Rudy Giuliani. Reações inapropriadas e muita improvisação calibraram o papel.
Andra Day
Aos 36 anos, a atriz esteante contou que trabalhou o papel de protagonista em The United States vs. Billie Holiday, com uma leitura profunda e o estudo de toda e qualquer imagem da icônica cantora. O papel a fez perder 17 quilos e imergir rumo a bebidas e fumo. “Na voz de Billie está escrita toda a história dela; cada vez que foi estuprada, cada momento em que foi agredida, cada vez que, vitoriosamente, entoou Strange fruit, e ainda toda a ocasião em que recorreu às drogas”, comentou em entrevista para a The Hollywood Reporter.
Presa do abuso de álcool e de heroína, Billie tem um legado que Andra buscou justificar, dada a perseguição sofrida a partir de protestos contra racismo e queixas contra o linchamento de negros ao sul dos Estados Unidos, nos anos de 1940 e 1950. A atriz conta que rogou a Deus pelas “dores e traumas” de Billie, cruelmente, perseguida pelo Departamento Nacional de Narcóticos.
Baseado na biografia assinada por Johann Hari, o filme de Lee Daniels mexe com a maior inspiração musical de Andra, que pretende ver uma geração transformada, a partir do movimento Black Lives Matter. Cantora profissional, com o primeiro álbum Cheers to the fall indicado ao Grammy, Andra Day, vencendo ou não o prêmio de melhor atriz ao qual está indicada no Globo de Ouro, tem mérito inconteste: em 2016, cantou Rise up, na Casa Branca, para o então presidente Barack Obama.
Sidney Flanigan
Nascida em Buffalo (New York), a estreante Sidney Flanigan coleta prêmios e indicações pela tocante jornada, quase silenciosa, que a protagonista empreende em Nunca, raramente, às vezes, sempre. Aos 22 anos, ela chegou a comentar que nunca cogitou atuar em cinema, e que, instantaneamente, se viu absorvida pelo tema do filme relacionado a “tabus e estigmas” do aborto.
O momento da vida, como contou à imprensa estrangeira, é “louco e estranho”, dado o agito das premiações vencidas no circuito de críticos de Chicago, Nova York e Boston; essa última instituição, por sinal, foi a mesma que rendeu prêmio à atriz Marília Pêra, vencedora por Pixote, a lei do mais fraco. A ser entregue no dia 7 de março, o Critic’s Choice Awards de melhor atriz tem chances de parar nas mãos da estrela em ascensão.
Helena Zengel
Dois elogios fortes de colegas de Relatos do mundo, filme à la western que chegou a Netflix, colocam a pequena atriz alemã de 12 anos em destaque: o diretor Paul Greengrass disse que chamá-la para o elenco foi “a decisão mais fácil da realização”. Relatos do mundo trata do encontro, no século 19, entre o um ex-combatente da Guerra Civil Americana, perdido pelo Texas, que se vê incumbido de levar a relutante jovem Johanna (Helena Zengel) para a casa de tios desconhecidos. No filme, a atriz alemã interpreta uma órfã, batizada como Cicada, por indígenas da etnia Kiowa dos quais herda o idioma. Precedida por Kirsten Dunst (Entrevista com o vampiro), Helena se tornou das mais jovens indicadas ao Globo de Ouro.
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