Além da pandemia do novo coronavírus, iniciada há quase um ano no Distrito Federal, os brasilienses precisam estar atentos às doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. De acordo com o boletim epidemiológico mais recente, emitido pela Secretaria de Saúde, entre 3 e 23 de janeiro deste ano foram notificados 419 casos prováveis de dengue e nenhum óbito. Em comparação com o mesmo período de 2020, houve uma queda de 65,3%, quando foram registrados 1.208 ocorrências da doença e uma morte.
Para manter o decréscimo e evitar números altos de contaminação na capital, a Secretaria de Saúde lançou, ontem, a Campanha de Enfrentamento a Dengue e outras Arboviroses no DF em 2021. A pasta apresentou os números das doenças e as ações que serão realizadas. O encontro contou com a participação de representantes dos governos local e federal.
De acordo com um balanço da Saúde, mais de 80% dos focos de dengue no Distrito Federal estão em área peridomiciliar, ou seja, em região externa de uma residência, em um raio inferior a 100 metros. Devido à pandemia, e para resguardar a vida da população e dos profissionais que realizam vistorias nas casas, o serviço dos agentes ficou suspenso no ano passado, para que o isolamento social fosse cumprido.
Na campanha deste ano, serão realizadas diversas ações de enfrentamento à dengue, zika e chikungunya. Entre elas, estão a mobilização social, por meio da educação da população; colaboração entre setores públicos e privados; controle de fatores ecológicos e biológicos; e controle químico do vetor. Os planos serão colocados em prática de acordo com os níveis de ativação e a incidência das doenças na capital, que vão de 1 a 4 (veja Ativação).
Secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto ressaltou que para os trabalhos de prevenção à dengue a pasta usará inovação e ferramentas que apresentem bons resultados para a população. Além disso, serão utilizadas armadilhas como estações disseminadoras de larvicida para monitoramento e supressão, com recepção e consolidação de dados via software e detecção viral por infravermelho no mosquito. A princípio, as ferramentas serão implementadas nas cidades com maior incidência de dengue: Sobradinho, Planaltina, Gama e Santa Maria.
O plano de enfrentamento à dengue é um trabalho conjunto de diversos órgãos do DF. A Secretaria de Educação, por exemplo, preparou orientações pedagógicas e que serão disparadas para todas as escolas durante a semana pedagógica. A pasta preparou um calendário, a começar pela região norte, em Sobradinho, e vai se estender durante todo o ano.
Prevenção
Após pegar dengue duas vezes, em 2016 e 2019, a maquiadora Poliana Machado, 32, toma todos os cuidados em casa. Ela contou que, antes, não olhava os vasinhos de planta e nem fazia a limpeza correta da calha. Porém, após ser infectada, precisou ficar atenta. “Antes de pegar, eu sabia por alto como era a transmissão. A primeira vez foi leve. Já a segunda, me deixou de cama. Foi horrível. Acredito que ações informativas são muito importantes. Eu que sou uma pessoa que gosta de ler e acompanhar fui vítima, imagina aqueles que não têm tanta instrução?”, questionou.
Ativação
» Nível 1: Orientar a população a procurar atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de cada território, assim como as Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) e Emergências Hospitalares
» Nível 2: Instalar salas de acolhimento em regiões administrativas em que estejam ocorrendo os casos suspeitos
» Nível 3: Instalar as salas de acolhimento associadas a salas de hidratação em UBSs das regiões administrativas em que estejam ocorrendo os casos suspeitos, com equipe de enfermagem e com os devidos reforços
» Nível 4: Abertura de pontos de hidratação em locais estratégicos, próximo aos laboratórios e locais de internação, com recursos, insumos e forças de trabalho médico, enfermagem e técnicos adicionais