PLANALTINA

"Tranquilo e estudioso", descrevem amigos de estudante espancado até a morte

Aluno de direito, João Victor de Oliveira, 19 anos, foi agredido até a morte, na madrugada de sexta-feira (5/2), após suposto desentendimento em um bar. Caso é investigado pela 31ª Delegacia de Polícia, na mesma cidade

Luana Patriolino
Larissa Passos
postado em 06/02/2021 06:00 / atualizado em 06/02/2021 13:48
Até essa sexta-feira (5/2), nenhum suspeito de espancar João Victor havia sido preso -  (crédito: Reprodução)
Até essa sexta-feira (5/2), nenhum suspeito de espancar João Victor havia sido preso - (crédito: Reprodução)

Um rapaz tranquilo e querido por todos. Assim os amigos e vizinhos descrevem o estudante de direito João Victor Costa de Oliveira, 19 anos, espancado até a morte na madrugada de sexta-feira (5/2), em Planaltina (DF). O crime chocou a cidade e deixou moradores horrorizados, sem saber o que teria motivado tamanha brutalidade contra o jovem. Morador do bairro Jardim Roriz, Gilberto Jesus, 54, era vizinho da vítima e ficou surpreso com a notícia. “É muita tristeza. Um cara bom assim... Minha esposa está chorando no serviço dela agora (sexta-feira, 5/2). Ninguém imaginava um negócio desses. Ouvi o choro do irmãozinho dele, que é pequeno, mas vou esperar até amanhã (sábado, 6/2) para ir conversar com a família”, disse.

A relação entre João Victor e Gilberto era de amizade e companheirismo. “(Ele era) excelente. Aqui, não tinha ninguém melhor. O João não saía para nada, não era festeiro e gostava de estudar”, contou o pintor. Os dois costumavam passar o tempo conversando na rua, durante momentos de lazer do jovem. “Ficávamos muito na área verde. Ele era um menino tranquilo. Sempre vinha direto da escola para casa. O pessoal da rua ficou doido. Vi uma movimentação da polícia. Eram umas 2h, mas pensei que fosse outra coisa”, completou Gilberto.

  • Estudante de Direito morto a pauladas em Planaltina. Na Foto Casa da vitima na Quadra 01 conjunto 01 do Jardim Roriz
    Vítima morava no Jardim Roriz Carlos Vieira/CB/D.A Press

A babá Márcia Cristina, 40, é amiga da família de João Victor. Ela conhecia o estudante desde criança e afirmou que a família está muito abalada com o ocorrido. Márcia descreveu a vítima como uma pessoa de “jeito sereno”. “Era um menino de ouro. Muito tranquilo, estudava direito e era um rapaz de bom coração. Sempre ia à igreja com os pais”, detalhou. Assim como outras pessoas próximas do jovem, ela espera que o crime não fique impune. “Triste pensar que bateram nele até a morte. Queremos que a justiça seja feita”, cobrou.

Essa é a segunda tragédia que a família vive, segundo Márcia. Em 2016, outro crime bárbaro provocou indignação: a prima dele, uma adolescente de 15 anos, foi assassinada com vários tiros no meio da rua, também em Planaltina. Até hoje, o crime segue sem solução e sem identificação dos autores do homicídio. “Era uma menina linda, meiga e muito querida por todos. Assim como o João, acompanhei-a desde o nascimento”, acrescentou Márcia.

Investigação

O espancamento de João Victor teria sido consequência de uma discussão em um bar, por volta de 1h15. Policiais que atenderam a ocorrência informaram que um dos suspeitos de agredir o jovem trabalhava como garçom em um bar. Esse funcionário teria gritado, para pedir carona a uma amiga, mas o estudante teria achado que era alvo de xingamentos. A partir disso, os dois começaram uma briga, seguida de agressões.

O garçom deixou o estabelecimento em um Fox prata e voltou, minutos depois, com um grupo de comparsas. Eles continuaram a agredir João Victor, até que a vítima desmaiasse. Uma equipe do Corpo de Bombeiros esteve no local do crime, mas, quando os socorristas chegaram, encontraram João Victor sem vida. Antes disso, testemunhas haviam parado um carro da Polícia Militar que passava pelo local e informado sobre uma briga envolvendo várias pessoas na região. Os PMs encontraram dois homens próximos a um restaurante de fast-food e os levaram à delegacia. Posteriormente, a dupla foi liberada por falta de provas.

João Victor não tinha antecedentes criminais. Policiais da 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina) investigam o assassinato, mas não passaram novas informações até o fechamento desta edição. O delegado à frente do caso, Eder Antunes Caixeta, afirmou que a polícia continuará os trabalhos na região. “Ainda não temos elementos para dizer se foi por motivo torpe ou não, mas estamos apurando os fatos”, reforçou.

Especialista em segurança pública, Leonardo Sant’Anna explica que a cidade vive um cenário de vulnerabilidade, mas esse foi um fato pontual na região administrativa. “As situações de violência não podem ser pautadas por um caso como esse. Temos um caso específico, envolvendo uma cidade que traz características que podem oferecer uma condição maior para que cenários como esse acabem se repetindo. Planaltina já foi conhecida como uma cidade que tinha gangues”, comentou Leonardo.

Colaborou Darcianne Diogo

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