Metade das escolas particulares do Distrito Federal vai dar início ao ano letivo de 2021 amanhã. A estimativa é do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe) e diz respeito ao total de 200 instituições filiadas. Segundo o sindicato, a procura dos pais pelo ensino no modelo presencial aumento em 2021. Enquanto no ano passado, entre 35% e 40% optaram por este formato, agora, a demanda varia de 50% a 60%.
Os desafios para 2021 somam-se às experiências acumuladas ao longo de 2020 no que tange à manutenção da escola como ambiente saudável e seguro de aprendizado. As instituições ainda precisam cumprir os protocolos estabelecidos pela Secretaria de Saúde em julho de 2020, e algumas implementaram cuidados extras (leia Fique de olho).
Para garantir também a segurança dos pedestres, o Departamento de Trânsito (Detran-DF), dará início à Campanha de Volta às Aulas, com foco no alerta sobre a importância de respeitar as leis de trânsito e observá-las com mais atenção no perímetro escolar. Os agentes também fiscalizarão veículos que fazem transporte escolar e vão monitorar faixas de pedestres em locais demonstrativos a partir de amanhã. Painéis eletrônicos com mensagens educativas serão colocados na cidade.
No Centro Educacional CCI Sênior, em Samambaia, as mesas e cadeiras foram identificadas com números e fotos, para aquelas usadas por alunos não alfabetizados, a fim de evitar o uso compartilhado das carteiras. “Os pais observaram, durante o ano passado, quais providências foram tomadas. O controle foi feito muito de perto e não tivemos nenhum surto, apenas casos isolados da doença”, comenta a diretora pedagógica Cássia Tinoco.
A tranquilidade dos pais refletiu na quantidade de crianças matriculadas na modalidade presencial neste ano. Em 2020, 43% dos estudantes até o 5° ano optaram pelo ensino remoto. Agora, são 16%. Do ensino fundamental 2 ao ensino médio, o ano passado foi concluído com 39% dos alunos na modalidade a distância. Para este ano, são 25%.
A creche Baby Care, em Sobradinho, que atende a cerca de 60 crianças, estabeleceu que todas as educadoras, ao chegar, precisam tomar banho, deixar os sapatos do lado de fora e andar pelos ambientes com meias adequadas ou propés. “Antes da pandemia, todos nós já usávamos luvas e toucas para lidar com as crianças. Agora, também usamos máscaras”, afirma Marina Lima, coordenadora pedagógica, acrescentando que os colaboradores são testados semanalmente para detecção do vírus. Desde setembro de 2020, quando a instituição voltou a receber as crianças em suas instalações, as janelas de vidro que delimitavam cada sala de aula foram retiradas, deixando todos os ambientes com circulação de ar constante.
Preparação
No Centro Integral Oficina do Saber, no Guará, os alunos do ensino fundamental vão retornar, amanhã, às aulas presenciais pela primeira vez desde o início da pandemia. “Antes, nosso atendimento era focado em grupos pequenos, de, no máximo, 15 alunos por sala”, conta a coordenadora pedagógica Kamila Gonçalves. “Todas as crianças, agora, precisam manter o cartão de vacinação atualizado e, a partir dos 4 anos, o uso de máscara é obrigatório”, continua a coordenadora.
O colégio do Guará proibiu o uso de adornos, como pulseiras, anéis, colares, brincos e tiaras, tanto pelos colaboradores quanto pelos estudantes, para que sujeiras não sejam acumuladas nos objetos. Os cabelos compridos precisam estar sempre presos e as disciplinas foram separadas por dia da semana, para diminuir a quantidade de materiais levados para a escola.
Do total de 180 alunos, duas crianças apenas escolheram permanecer no ensino remoto. Para Marcelo Marinho, administrador de empresas e pai da Geovana, aluna do 6° ano da escola, as decisões foram tomadas de maneira transparente e, por isso, ele aprovou o retorno presencial. “Minha filha sentiu muito no ano passado a limitação de ter que ficar em casa. A escola é muito organizada, a turma dela foi montada com nove alunos. O espaço da sala tem entre 45m² e 50m², então, o distanciamento será mantido”, afirma o morador do Setor Lucio Costa.
A professora Catarina de Almeida Santos, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), destaca a importância da organização das escolas e dos acordos com os professores em relação às modalidades presenciais e a distância. Segundo a especialista em educação a distância e em gestão escolar, é preciso chamar a atenção para a possível carga de trabalho dupla dos educadores. “A organização da aprendizagem precisa sempre favorecer o processo pedagógico. O ideal é que seja um professor para cada modalidade, na mesma frequência, para não prejudicar os estudantes”, observa a professora.
Para ela, planejamento e as decisões tomadas de maneira conjunta garantem condições adequadas de trabalho e remuneração para os professores, sem sobrecargas. “É preciso que escolas, direções, coordenações e pais entendam que, com professores exaustos, o maior prejudicado é o estudante”, explica.
Duplo começo
O início do ano letivo marca também a inauguração da unidade da escola Eleva em Brasília, na L2 Sul, que por enquanto atenderá até o 6° ano do ensino fundamental. A diretora da escola, Isabella Sá, destaca o trabalho de conscientização feito com os colaboradores do colégio. “Alertamos os profissionais para os cuidados que precisam ter na vida fora da escola para manter a segurança dentro das instalações”, ressalta. De 401 alunos matriculados na escola, 32 estudantes optaram pelo modelo remoto.
A abertura será gradual, mas todos vão começar no mesmo dia, em horários diferentes. Foi criada uma célula de monitoramento, da qual fazem parte professores e equipes de enfermagem, para cuidar, de perto, de casos suspeitos e positivos. “As informações vão para um painel virtual ao qual todo colaborador da escola e famílias têm acesso. O controle não fica apenas dentro da escola, envolve todos os implicados”, observa Isabella Sá. “Conhecer cada aluno neste ano será ainda mais importante. Teremos de saber o que cada um realmente aprendeu e conseguiu aproveitar do ano anterior”, avalia.