Com o processo de vacinação contra a covid-19 avançando no Distrito Federal, a Secretaria de Saúde (SES/DF) espera que, até o fim de janeiro, mais de 90% dos profissionais de saúde, tanto da rede pública quanto da particular, tenham recebido a primeira dose do imunizante contra a doença. A pasta quer priorizar a categoria para não perder capacidade de resposta e atendimento ao novo coronavírus, que continua circulando na capital federal. Indígenas aldeados, idosos e pessoas com deficiência acolhidos devem ter a primeira etapa da vacinação encerrada amanhã. Enquanto isso, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investiga possíveis fraudes no processo de vacinação. Até o momento, o DF recebeu 125,1 mil doses da CoronaVac — imunizante produzido, no Brasil, pelo Instituto Butantan em parceria com a farmaceuta chinesa Sinovac — e 41,5 mil da Oxford/AstraZeneca, importadas da Índia.
De acordo com o secretário adjunto de Assistência à Saúde substituto da SES, Alexandre Garcia, só não serão imunizados 100% dos profissionais da categoria pois há uma parcela que não poderá receber a vacina. “É o caso de grávidas e de quem não queira tomar a vacina. Por isso, não estabelecemos a meta de vacinar 100% dos servidores”, diz. Garcia reforça a importância da vacinação. “A Saúde trabalha e funciona em equipe. Por isso, é preciso vacinar médicos, enfermeiros, pessoal da limpeza, do administrativo e por aí em diante. Precisamos de todos para que as unidades de saúde funcionem plenamente”, alerta.
Além dos profissionais de saúde, idosos acima dos 60 anos que estão em instituição de acolhimento ou asilos e pessoas com mais de 18 anos com deficiência física que vivem nessa mesma condição, bem como seus cuidadores; e a população indígena são prioridades no Plano Distrital de Vacinação. A expectativa da pasta é de que a aplicação do imunizante nessa parcela da população se encerre nesta sexta-feira. O Governo do Distrito Federal (GDF) espera receber mais doses em até 15 dias para, então, ampliar a vacinação aos demais grupos previstos na campanha. Segundo o plano, os próximos são os idosos acima de 80 anos. “À medida que fomos recebendo as doses, vamos abaixando a idade do grupo prioritário. Depois de 80, vamos imunizar os idosos acima de 75 anos e assim seguimos”, detalha Alexandre Garcia.
Também há uma expectativa de que os professores das redes pública e particular comecem a ser vacinados em março, a fim de se ter um nível de segurança maior, visto que o ano letivo de 2021 começa no dia 8 de março. Entretanto, a pasta não divulgou uma data certa para o início da imunização dos docentes nem quantas doses estarão disponíveis.
Apesar da divisão em prioridades, o secretário adjunto garante que todos os moradores do DF serão vacinados, cada um no seu tempo. “Acredito que, em algum momento, teremos uma quantidade segura de vacinas no mercado. Por isso, peço para as pessoas ficarem tranquilas, a vacina vai chegar a todos. Só não conseguimos estabelecer datas concretas pois dependemos dos repasses do Ministério da Saúde”, completa Garcia. Até lá, ele reforça: é preciso continuar seguindo os protocolos de segurança sanitária. “O vírus ainda está em circulação, então, até que tenhamos vacinado uma boa parte da população, é necessário que as pessoas colaborem e continuem usando máscaras, álcool em gel e com distanciamento social”, ressalta Alexandre.
Fiscalização
A força-tarefa de combate à pandemia do MPDFT deve realizar, na manhã de hoje, mais visitas aos locais de vacinação para acompanhar o processo e verificar se há possíveis irregularidades. Desde o início da imunização no DF, o Ministério Público tem recebido diversas denúncias de que, durante a primeira fase, pessoas que não faziam parte do grupo prioritário teriam recebido a primeira dose. De acordo com ofício encaminhado pela Procuradoria dos Direitos do Cidadão à Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) do MPDFT, pelo menos 10 unidades de saúde foram citadas nas denúncias. São elas: os hospitais regionais de Taguatinga, Ceilândia, Sobradinho, Guará e Santa Maria, o Hospital de Base, Hospital Universitário de Brasília (HUB), Hospital Materno-Infantil de Brasília (HMIB), Hospital das Clínicas, Pronto-Socorro de Fraturas de Ceilândia e a Diretoria Regional de Atenção Primária à Saúde (Diraps)/Superintendência da Região de Saúde Oeste.
Ainda segundo o ofício a que o Correio teve acesso, a Prosus possui atribuição legal para oferecer eventuais denúncias caso sejam identificadas condutas ilícitas ao longo da execução da vacinação no DF. Segundo o promotor da Prosus, Cleyton Germano, caso as irregularidades sejam confirmadas, os envolvidos podem responder por peculato, no âmbito criminal, e por improbidade administrativa, no âmbito cível. “O que podemos dizer, no momento, é que as investigações estão em curso, e a Prosus acompanha de perto as visitações da força-tarefa”, resume.