A primeira semana de vacinação contra a covid-19 no Distrito Federal trouxe esperança à população da capital, mas também houve denúncias de fura-filas nos hospitais da rede pública. Após reunião com os gestores da Secretaria de Saúde, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) definiu que acompanhará a vacinação hoje e amanhã. A pasta também se comprometeu a dar mais transparência ao processo, divulgando, na página info.saude.df.gov.br/relatorio-de-vacinacao-covid-19, os números da vacinação, hospitais e percentual de vacinas aplicadas e distribuídas.
O encontro foi uma resposta ao ofício enviado pelo MP à pasta questionando a integridade do processo devido às supostas fraudes. Segundo o coordenador da força-tarefa de combate à pandemia de covid-19, o procurador José Eduardo Sabo Paes, a Saúde enviará ao MP listas com os nomes dos servidores que se enquadram nos grupos prioritários e, a partir dela, o órgão vai apurar as fraudes, checando se as fotos e vídeos que receberam são de funcionários de fora dessa relação.
A princípio, funcionários de pelo menos dois hospitais da rede pública aparecem nos registros: do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Diante do cenário, as Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) recomendaram que os hospitais mantenham o registro consolidado das doses de vacinas aplicadas desde 19 de janeiro, com nome dos vacinados, CPF, cargo, função exercida, lotação e grupo prioritário a que pertence e encaminhem as informações à Secretaria de Saúde e ao Prosus.
Também ontem, o órgão notificou o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) e as superintendências do Hospital de Base e de Santa Maria para que se adéquem ao Plano Distrital de Vacinação. Segundo o MP, as unidades seguem cronograma próprio, que inclui profissionais de áreas como Gestão Assistencial e Operacional e Gabinetes dos Superintendentes como prioridade, sendo que, no plano do GDF, eles não compõem este primeiro grupo. As unidades têm 48 horas para enviarem explicações.
Em nota, a direção do Hospital de Base informou que a expectativa era terminar a vacinação com a 1.160 doses recebidas ontem e garantiu que será elaborada uma relação de todas as pessoas vacinadas, disponibilizada no sistema Infosus, do Ministério da Saúde. O Iges acrescentou que o plano atual de vacinação das unidades sob sua gestão está de acordo com as prioridades definidas no plano nacional, também seguido pelo GDF e que inclui os profissionais que atuam na linha de frente do combate ao coronavírus.
“Esses profissionais, quando não lidam diretamente com vítimas do coronavírus, transitam diariamente por locais de alto risco de contaminação, como pronto-socorro, enfermarias e UTIs de covid-19”, destacou o instituto no texto. “Esses profissionais, portanto, não estão sendo privilegiados. Eles estão sendo priorizados porque são eles que, desde o início da pandemia, diariamente enfrentam a morte para salvar vidas”, finalizou.
Em quatro dias, o DF vacinou 15.134 mil pessoas. No total, a capital federal recebeu 106,1 mil doses, distribuídas para cerca de 53 mil pessoas, considerando que a CoronaVac, vacina produzida pelo Instituto Butantan (SP), precisa ser aplicada em duas doses para ter efetividade. O grupo prioritário para estas doses é composto por profissionais de saúde que atuam na linha de frente, idosos acima de 60 anos institucionalizados, pessoas com deficiência a partir dos 18 anos que vivem em unidades de acolhimento e indígenas. O DF registrou, ontem, 1.054 novos casos da doença. Ao todo, são 268.394 infecções pelo novo coronavírus confirmadas. Dessas, 257.079 (95,8%) estão recuperados e 4.460 (1,7%) morreram.
Aglomerações
Como medida de combate à pandemia da covid-19, a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) fechou cerca de 24 mil estabelecimentos, multar outros 528 e interditar mais 1,8 mil, desde o início da pandemia, por descumprimento de medidas sanitárias que compõem o enfrentamento ao avanço da doença. Porém, mesmo com o esforço do governo local, os flagrantes de restaurantes, bares e até festas com pessoas sem máscaras e em número muito maior do que o permitido continuam comuns.