O suposto furto de um galo em uma chácara de Brazlândia virou caso de polícia. O trabalhador rural Nilson Ferreira dos Santos, 38 anos, é acusado por uma vizinha de cortar a tela de um galinheiro na casa dela para pegar o animal. Ele se defende e alega que ganhou a ave como forma de pagamento por um serviço prestado na região. A 18ª Delegacia de Polícia, na mesma região administrativa, investiga o fato.
O caso ocorreu no sábado (16/1). Nesta quinta-feira (21/1), Nilson procurou a delegacia para relatar as ameaças que tem sofrido na comunidade. Ele conta que, naquele dia, foi contratado por um conhecido que é agricultor e criador de galinhas. Os dois fizeram um negócio e, em troca de um pedaço de madeira usado para sustentação de um telhado, Nilson recebeu um galo.
A versão do trabalhador rural acusado é confirmada pelo dono da chácara que o contratou. Na delegacia, o criador de galinhas disse que o animal entregue, de penas brancas e pretas, como pagamento, foi criado por ele desde o nascimento. No fim da tarde de sábado (16/1), Nilson saiu de casa para vender o animal e comprar alimentos, mas foi surpreendido pela vizinha. "Levei um susto. Expliquei toda a situação e pedi para ela ir até o homem que tinha me dado o frango, mas ela se negou e ainda tomou o galo de mim", contou Nilson.
Na delegacia, a mulher informou que, na sexta-feira (15/1), havia ganhado um galo de presente, mas, naquela noite, percebeu que a cerca do galinheiro estava cortada e que alguns animais haviam sumido. No dia seguinte, em um grupo de WhatsApp, ela divulgou fotos do bicho e pediu para que quem soubesse do paradeiro dele entrasse em contato. Pouco tempo depois, uma mulher telefonou e disse que viu um homem vender um galo — supostamente, o da reclamante.
Ameaças
Em conversas do grupo de WhatsApp, às quais a reportagem teve acesso, moradores da região falam em "dar uma lição" em Nilson. "Se aprontar de novo, tem de dar um cacete. Não é entregar para a polícia. É dar um cacete para ele sumir da área", ameaçou um morador.
Em áudio, um homem diz: "Pessoal, boa tarde. Aquele caboclo que roubou o galo está rodando nossa rua, disfarçado, com uma enxada nas costas, com a mesma roupa. Acabei de passar por ele. Não passou em frente à minha casa, não vi onde ele entrou. Vamos ficar atentos, porque ele está rondando por aí", disse um vizinho. "A gente vê cara, mas não vê coração", completou outro.
Nilson também foi fotografado e teve as imagens divulgadas no grupo de moradores. "Isso é inaceitável. Aqui é uma comunidade, e eu vivo trabalhando em chácaras próximas da região. Sobrevivo disso. Agora, com minha imagem difamada, estou sem fazer um serviço. Estou com medo. Quero provar minha inocência para conseguir trabalhar novamente", disse o acusado do furto.
À frente das investigações, o delegado Mozeli da Silva informou que vai ouvir depoimentos de testemunhas, da suposta vítima e do prestador de serviços. "Aparentemente, o galo não é o mesmo da vítima. Parece ser maior e com plumas mais escuras, mas tudo será apurado", afirmou Mozeli.
Em relação à exposição das fotos de Nilson no grupo de moradores, o delegado disse que "nada justifica a espetacularização de uma pessoa dessa forma, principalmente quando, no caso, que não há culpa formada".
O Correio tenta contato com a reclamante.