Nos dois primeiros dias de vacinação contra covid-19 no DF, mais de 7 mil pessoas receberam a primeira dose da CoronaVac, vacina chinesa produzida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan (SP). A expectativa do governo local é de que, na próxima semana, todas as cerca de 53 mil pessoas que fazem parte do grupo prioritário para os insumos que chegaram ao DF até o momento sejam imunizadas. Apesar da empolgação com o início da imunização da população, especialistas afirmam que ainda não dá para relaxar. A taxa de transmissão do novo coronavírus, no DF, em 19 de janeiro, estava entre 1 e 1,2, de acordo com um estudo feito em conjunto por diversos centros de pesquisa do país, incluindo a Universidade de Brasília (UnB). Índices maiores do que 1 indicam avanço da pandemia.
Caso a população não siga as medidas de segurança sanitária, esta taxa pode aumentar, mesmo com a vacinação. “O número de doses disponíveis é muito pequeno para considerar que temos uma interrupção imediata na transmissão do vírus”, diz o médico e pesquisador Roberto Bittencourt. Segundo ele, a vacinação só começará a ter efeito quando 25% da população da capital federal for imunizada. “E isso depende muito da produção das vacinas, ou seja, dos repasses da China ao Butantan do insumo necessário para a produção da CoronaVac”, completa.
Inicialmente, o DF recebeu apenas 106,1 mil doses da vacina, 20 mil a menos do que o necessário para imunizar os profissionais de saúde da linha de frente. O secretário Osnei Okumoto garantiu, no entanto, que o assunto está sendo tratado entre os gestores do DF e do Ministério da Saúde. Procurada pela reportagem, a pasta informou que tentou distribuir as doses da CoronVac de forma igualitária entre as unidades da Federação, por isso, algumas receberam menos do que o necessário para imunizar toda uma categoria. Porém, ressaltou que essas pessoas não ficarão sem a vacina e receberão as doses assim que estiverem disponíveis.