SOCIEDADE

Desde abril, 209 pessoas foram multadas por não usar a máscara no DF

De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado, nesta sexta-feira (8/1), pela Secretaria de Saúde, o DF soma 257.355 casos da covid-19 e 4.345 pessoas perderam a vida até agora por complicações do vírus

Um dos itens importantes para a prevenção do novo coronavírus é negligenciado por muitos brasilienses. O uso de máscara que, se tornou obrigatório no Distrito Federal desde abril do ano passado, não tem sido levado tão a sério por uma parte da população. Até 3 de janeiro de 2021, a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) flagrou mais de 82,2 mil pessoas não usando ou utilizando as máscaras incorretamente, abaixo do queixo ou com o nariz de fora. Destas, 209 foram multadas por descumprimento da norma sanitária. Especialistas alertam que o uso incorreto do equipamento de proteção individual (EPI) tem contribuído para a disseminação da doença. De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado, ontem, pela Secretaria de Saúde, o DF soma 257.355 casos da covid-19 e 4.345 pessoas perderam a vida até agora por complicações do vírus.

Com o objetivo de conter o avanço da infecção na capital, o governo elaborou uma série de medidas sanitárias. Ao todo foram 26 decretos publicados pelo Executivo local, desde o início da pandemia, entre eles, a obrigatoriedade da máscara facial em todos os espaços públicos, estabelecimentos e meio de transporte. Em caso de descumprimento, pessoas físicas ou jurídicas podem pagar multa. Segundo o DF Legal, as fiscalizações são realizadas diariamente das 8h às 3h da madrugada, em vários pontos da cidade.

Cerca de 12 equipes, compostas por dois a quatro fiscais, atuam nas ruas e no comércio, cobrando o uso correto do item. Durante a abordagem, caso a pessoa esteja com a máscara em mãos e, por um descuido, não o esteja usando, é cobrado o uso imediato. Quando há recusa em se utilizar o item, a multa pode variar de R$ 2 mil a R$ 4 mil. A obrigatoriedade do uso de máscaras em estabelecimentos comerciais é responsabilidade dos proprietários e, em caso de descumprimento, a pessoa jurídica é punida com R$ 4 mil em multa.

Mesmo assim, a população ainda tem se descuidado. A reportagem do Correio percorreu o centro da capital e encontrou muitas pessoas sem a máscara, com ela no queixo ou até mesmo com o nariz aparente. A recomendação de especialistas e infectologistas é que se utilize o EPI que cubra totalmente a área do nariz e da boca, além da troca de quatro em quatro horas ou quando a máscara estiver úmida.

Moradora de Águas Lindas de Goiás, Maria dos Anjos, 28 anos, conta que sempre quando sai de casa ela leva pelo menos quatro máscaras com ela. “Troco de duas em duas horas. Procuro seguir todas as recomendações, pois é importante não só para mim, mas para a saúde de outras pessoas”, relata. No entanto, ela tem notado nos últimos meses que o zelo que a população tinha para a proteção contra o vírus está ficando de lado. “Estão ficando descuidadas, utilizam máscaras, mas não da forma correta. Perderam o medo”, afirma.

A mesma percepção foi notada pelas vendedoras Eulalia Fernandes, 46 anos, e Adriana Gomes Ferreira, 41 anos. As duas trabalham em um quiosque em um shopping próximo à Rodoviária do Plano Piloto e vê, diariamente, cenas de desrespeito às medidas de prevenção a covid-19. “Só quem sente na pele ou acompanha o sofrimento de algum familiar ou amigo, sabe o quanto essa doença é grave. Eu percebo que teve esse relaxamento, até nas filas as pessoas não têm respeitado o distanciamento social. Já vi lojistas tendo que lembrar os clientes sobre o uso de máscara, que não estão fazendo corretamente”, relata Eulalia que está ansiosa pela chegada da vacina. “Se fosse hoje (a aplicação da imunização), eu seria a primeira da fila”, garante.

Para Adriana Ferreira, a questão do descumprimento do uso de máscara complica ainda mais na região onde mora, em Ceilândia. “As pessoas perderam a noção do perigo, só pode. Os bares todos lotados, e todo mundo sem máscara, aglomerado”, conta. Quem não vê a hora de poder abandonar o EPI é Eliana França, 32 anos. Moradora do Paranoá, ela conta que só utiliza o acessório por obrigação. “Eu tenho rinite alérgica, a utilização da máscara causa irritação, falta de ar, vontade de espirrar. As pessoas até ficam com receio. Não vejo a hora de deixar de usar”, relata, mas ela tenta se policia e manter o equipamento.

Importância

O uso das máscaras faciais associado a outras medidas, como distanciamento social e uso de álcool em gel, diminui as chances de proliferação e transmissão do novo coronavírus entre as pessoas. Segundo o infectologista do Hospital das Forças Armadas (HFA) Hemerson Luz, o não cumprimento dessas medidas pode influenciar diretamente no aumento de casos da covid-19 no DF. “Seguir os protocolos é um ato de cidadania e de cuidado com toda a população. A atitude de algumas pessoas de se recusar a utilizar o item influencia diretamente na disseminação do vírus”, diz.

Luz explica que a atitude de uma única pessoa pode prejudicar várias outras ao redor. “Caso um indivíduo esteja infectado sem saber e vá a um shopping, com a máscara no pescoço, ele está espalhando o vírus pelo ambiente e muitas outras podem acabar se infectando também”, pontua. O infectologista ressalta que, para ter eficácia, o item deve estar justo ao rosto. “Não pode estar muito apertada nem folgada. Também vale lembrar que é preciso evitar tocar na parte de fora da máscara, deixá-la no queixo e é preciso trocá-la de quatro em quatro horas”, frisa. Além disso, ele afirma que o algodão é o material mais recomendado para a confecção de máscaras de pano.

Festas na mira

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) enviou um ofício ao DF Legal pedindo informações sobre a fiscalização de eventos durante as festas do réveillon de 2020/2021. O documento, expedido em 6 de janeiro, cobra dados sobre o plano de fiscalização executado pelo DF Legal e saber quais festas e estabelecimentos foram fiscalizados, em quais regiões administrativas, e as irregularidades porventura encontradas, bem como as medidas adotadas.

O DF Legal informou que foi notificado sobre o assunto e, em nota, disse que “responderá aos questionamentos do MPDFT, no prazo requerido, com todos os dados de fiscalização alcançados no período”. O MPo afirma que o intuito é mapear as deficiências nas medidas de contenção à doença para embasar ações futuras.

Novos casos

O Distrito Federal registrou, ontem, mais 673 novos casos da covid-19 e 8 mortes pela doença. Ao todo, a capital contabiliza 257.355 mil casos pelo novo coronavírus e 4.345 óbitos pela doença. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Saúde do DF. Do total de infectados, 246.609 estão recuperados.

Ceilândia é a cidade com maior quantidade de casos da covid-19. A região mais populosa do Distrito Federal contabiliza 29.394 ocorrências da doença. O Plano Piloto aparece em seguida, com 23.118 infectados, e Taguatinga com 20.918 contaminados. Cerca de 7.945 profissionais da saúde tiveram o novo coronavírus e 43 morreram pela covid-19.

A média móvel de casos no Distrito Federal tem apresentado tendência de queda desde 19 de dezembro, com redução expressiva a partir do dia 31. Em relação à média móvel de óbitos, a capital também registra cenário de declínio entre 4 e 8 de janeiro.

Como escolher a melhor máscara

Para se proteger contra a covid-19 e evitar a disseminação do vírus, as máscaras precisam seguir algumas especificações

» Material: para as de tecido, algodão ou TNT são os materiais mais indicados.

» Camadas: Sempre duas camadas, independente do material, as máscaras devem ter duas camadas para garantir a proteção.

» Tipo: existem as máscaras de pano e as cirúrgicas (N95). As de pano evitam que um possível infectado espalhe o vírus. As cirúrgicas evitam que o usuário respire a carga viral. Em casos de saídas pontuais, trabalho ou exercícios em locais com poucas pessoas, o ideal é que se utilize a de pano. A cirúrgica só deve ser usada por profissionais de saúde ou em casos extremos, como em uma viagem longa de avião.

Fonte: infectologista Hemerson Luz do Hospital das Forças Armadas