O que o ano-novo reserva
Nunca antes um ano havia me feito refletir sobre o motivo de traçar metas quando o primeiro dia de janeiro se aproxima. Certamente 2020 mostrou que, apesar de ser inútil tentar controlar aspectos da vida e da sobrevivência alheios à nossa vontade, entender mais profundamente aquilo que sentimos e, consequentemente, o que almejamos, é essencial para se manter o equilíbrio nos momentos mais difíceis.
Mas tudo ocorreu de maneira tão sufocante que nem mesmo essa lista de objetivos consegui fazer. As ideias e reflexões vieram à mente na mesma velocidade em que muitas delas desvaneceram. Não faltou vontade de chorar, de se contorcer em desespero a cada dia de enclausuramento. Aproveito o momento de pausa que guardei para escrever este texto como forma de registrar esta lista de desejos (que acrescentarei a outras já compartilhadas por aqui).
Em 2021, quero planejar a vida com mais antecedência. Pode parecer estranho, mas fazer isso me ajuda a reduzir a ansiedade e a sensação de estar parada no tempo, sem evoluir em nenhum dos aspectos da vida. Riscar uma relação de tarefas e metas escrita no papel é o caminho para sossegar minhas preocupações.
E num movimento escorpiano caótico, de fazer embaralhar até as mais genéricas previsões do horóscopo, pretendo manter a serenidade para lidar com as frustrações que devem vir. Se a louça ficou suja, tudo bem. Se a vacina não chegar a tempo das férias, a gente dá um jeito de descansar de outra maneira.
Quero aprimorar a coleção de discos e colocar na prateleira clássicos que, com o sepultamento dos CDs, não pude mais ouvir. Ler todos os livros do clube de leitura e tomar um café ou chocolate quente nos dias de chuva para acompanhar. Pular as sete ondas numa praia de águas mornas na virada para 1º de janeiro de 2022.
Pretendo reagir mais a toda a apatia que toma conta da vida cotidiana. Ter coragem para me debruçar sobre questões complexas em discussões sobre variados temas, e estudar os fatores que tornam a nossa sociedade tão desigual, em especial quando se trata de educação, a chave de qualquer mudança profunda e visceral.
Prometo me alimentar melhor, comer mais frutas e legumes, e dar um bom exemplo para a minha filha de menos de 2 anos. Juro de dedinho. Mas vou reservar também aquele dia da semana para me esbaldar sobre os doces, bem doces, que arrepiariam chefs de cozinha renomados. Vou me desconectar, sem perder a lucidez.