O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) passou a contar com mais um reforço para realização de cirurgias no cérebro com a chegada do neuronavegador híbrido. A nova tecnologia ajuda a localizar as áreas que precisam ser operadas ao mapear o órgão com sensores magnéticos. Diferentemente dos tradicionais, o neuronavegador híbrido é mais apropriado para crianças com menos de quatro anos graças a esse sensores.
O novo equipamento, composto por câmera infravermelha que capta os sinais de pequenos sensores utilizados durante os procedimentos, é o primeiro de modelo híbrido do Distrito Federal. “Ele permite descobrir tumores, hidrocefalias com septações e ajuda em plásticas do aqueduto cerebral. É excepcional e funciona como um GPS da cabeça”, explica o neurocirurgião do HCB Benício Oton de Lima. Instituições de São Paulo e outros países já faziam uso do equipamento.
Segundo o neurocirurgião, a nova tecnologia vai beneficiar muitas crianças. Nesta quarta-feira (27/1), o Hospital da Criança utilizou pela primeira vez a tecnologia para a retirada de um tumor no cérebro de um menino de quatro anos.
Nova tecnologia
Em entrevista ao Correio, o médico neurocirurgião do Hospital da Criança de Brasília Benício Oton, falou um pouco mais sobre o aparelho e as vantagens que ele traz para as cirurgias no cérebro.
Como que o neuronavegador híbrido funciona?
Esse aparelho funciona como se fosse um GPS que vai dar toda a localização de qualquer ponto dentro da cabeça, com um erro de 1 milímetro. Então eu consigo, através de pequenas aberturas, retirar um tumor, por exemplo, machucando muito menos o tecido cerebral que está em volta. Além disso, eu consigo acessar um vaso, uma artéria e, em caso de hidrocefalia de difícil acesso, consigo acertar a cavidade ventricular com mais precisão.
Na hora do procedimento, em quais pontos o uso do equipamento facilita?
Basicamente, ele ajuda demais nas cirurgias de tumores, principalmente os de localização profunda. O neuronavegador também vai ajudar a localizar as regiões cerebrais em cirurgias de epilepsia, em que, muitas vezes, algum aspecto do cérebro é parecido com o cérebro normal.
Como ele pode beneficiar as crianças?
Ele pode ser usado até em bebês por causa da parte magnética. Os outros que são disponibilizados no mercado só podem ser utilizados em crianças maiores porque eles prendem a cabeça com pinos, mas, como o neuronavegador híbrido tem os sensores magnéticos e os pinos, ele pode ser usado por ambos. O outro grande benefício é que ele traz mais segurança para o cirurgião por encontrar a lesão com mais facilidade e ter menos risco de afetar a parte do cérebro que é normal. É realmente um instrumento fantástico.
Em relação ao primeiro procedimento realizado hoje com a nova tecnologia, como o senhor se sentiu?
Imagina, você está trabalhando com um material de alta tecnologia, inclusive tecnologia superior a que se tem no mercado atualmente nos hospitais de Brasília. Tem muito mais avanço e segurança. Eu consigo reposicionar, jogar as imagens no computador e fazer um mapa do cérebro. Isso facilita muito a ação do cirurgião e protege muito a criança que está sendo operada porque a gente não precisa ficar procurando a lesão na cabeça. O equipamento guia a mão da gente ao apontar direitinho onde está a lesão que precisa ser operada.
O que significa a chegada deste equipamento ao Hospital da Criança?
A gente fica feliz demais por um hospital público ter um equipamento dessa qualidade. São poucos hospitais do país que têm essa tecnologia que nós possuímos. Agora, eu estou com insumos para trabalhar durante, pelo menos, uns dois anos. Isso é muito bom.
*Estagiária sob supervisão de Nahima Maciel
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