A Casa da Mulher Brasileira vai mudar da Asa Norte para a cidade de Ceilândia, ainda no primeiro semestre de 2021. A previsão é da secretária de Estado da Mulher do Distrito Federal, Ericka Filippelli. Em entrevista ao CB.Poder desta terça-feira (26/1) — parceria do Correio com a TV Brasília, a secretária destacou que, há pelo menos cinco anos, a iniciativa passava por problemas de estrutura e atuação. A escolha do local levou em conta o índice populacional das cidades satélites.
“Ceilândia consegue reunir não só a população da cidade, mas o Sol Nascente, que é uma nova região administrativa, e também está perto de outras regiões como Samambaia, recanto das Emas, Taguatinga, Riacho Fundo 1 e 2. Poderemos oferecer um serviço desse tamanho numa região que realmente precisa”, ressaltou.
Filippelli também falou sobre a importância da integração da sociedade na luta contra a violência doméstica, feminicídio, legislação em favor da proteção das mulheres e ações da pasta em prol da causa. “Um fator que sempre evidenciamos é a importância da sociedade se apropriar dessa pauta. Hoje, vemos a sociedade querendo entender, a imprensa muito disposta a divulgar e falar sobre isso e promover discussões. A integração de todas essas forças. É importante a criação da Secretaria da Mulher não porque eu a represento, mas para se ter uma pasta estratégica”, pontuou a secretária.
De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF), os feminicídios caíram 56,6%, no acumulado de janeiro a novembro de 2020 em relação ao mesmo período do ano anterior. Ericka Filippelli comemorou a redução e afirmou que a Secretaria da Mulher vai continuar trabalhando em políticas públicas de proteção e acolhimento das mulheres. “Para nós, é muito importante continuar implementando essas ações. Tem muita coisa boa por vir nesse sentido. Quando falamos da proteção, do cuidado que a gente quer ter com as mulheres em situação de violência, temos que preparar essa rede de atendimento”, disse.
Sobre as ações da Secretaria da Mulher, Ericka Filippelli destacou que tem sido um desafio em tempos de pandemia, mas que a pasta tem trabalhado em ações conjuntas. “Fizemos ações integradas com várias secretarias como, por exemplo, testagem [contra a covid-19] junto à Secretaria de Saúde. Enquanto eles promoviam os testes, nós trabalhávamos com as divulgações dos nossos canais, o diálogo, essa busca ativa, essa abordagem às mulheres. Entregamos mais de mil máscaras nas feiras”, afirmou.
Apesar dos avanços, na avaliação da secretária o Brasil ainda tem muito a evoluir no que diz respeito à proteção das mulheres. “Lógico que a Lei Maria da Penha é um marco e precisamos celebrar sempre a criação dela que mudou paradigmas na sociedade. Traz outra percepção em relação à violência doméstica”, disse. “Infelizmente, ainda vemos a impunidade, as penas muito pequenas, sem um olhar sobre o que aconteceu anteriormente a esse fato”.
Campanha Sinal Vermelho
A campanha Sinal Vermelho contra violência doméstica, que é lei no Distrito Federal desde novembro do ano passado, foi ampliada. Com a iniciativa, mulheres vítimas de violência doméstica e familiar podem pedir ajuda discretamente por meio de um ‘X’ vermelho na mão não só em farmácias e órgãos públicos, mas também em todos os comércios que queiram participar da ação. Os funcionários desses locais devem obter nome e endereço da vítima, além de acolhê-la e acionar a polícia.
Ericka Filippelli destaca a proatividade do DF em relação a essa medida. “O Distrito Federal é a primeira unidade da federação a criar uma lei para estabelecer esse programa. Vimos muito durante a pandemia a divulgação dele e, a partir do momento em que foi criada a lei, houve a institucionalização por meio também do decreto do governador Ibaneis. Vamos trabalhar agora na aplicação desse programa”, afirma.
Casa da Mulher Brasileira
A Casa da Mulher Brasileira foi instituída no país pelo Decreto nº 8.086, de agosto de 2013, como uma das ações do programa do governo federal. O objetivo é concentrar em um espaço público serviços especializados e multidisciplinares para o atendimento às mulheres em situação de violência.
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