Durante visita à fábrica de vacinas Bthek Biotecnologia, na manhã desta segunda-feira (25/1), o governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou que não comprará doses nem reservará doses do imunizante russo Sputnik V. O chefe do Executivo local elogiou a fabricação em Brasília, mas disse que seguirá o plano nacional que definirá a distribuição dos inoculantes contra a covid-19 entre as unidades da Federação.
A passagem pela Bthek Biotecnologia fazia parte da agenda do governador. A empresa é vinculada à farmacêutica União Química, responsável pela produção das doses da Sputnik V no Brasil. "Acredito que não deva se instalar uma corrida entre os Estados para compra. Temos de ter a vacina em quantidade suficiente para toda a população brasileira, senão não vamos conseguir atingir o que nos todos pretendemos, a imunização da população", declarou o governador.
"(A produção) vai acelerar muito o cronograma de vacinação pelo Brasil afora", acrescentou. "Tem dado certo. E as vacinas têm sido distribuídas de forma racional."
O encontro ocorreu no mesmo dia em que está marcada para uma reunião entre a União Química e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O objetivo do encontro é definir ajustes sobre a documentação entregue pela farmacêutica para viabilizar a aplicação da vacina russa no Brasil. A agência quer mais detalhes sobre a produção do imunizante.
Eficácia
Mesmo em fabricação no país, no polo instalado na capital, a Sputnik V não pode ser usada em território nacional enquanto não receber autorização Anvisa. A intenção da empresa era importar da Rússia, em fevereiro, 10 milhões de doses.
No entanto, a agência reguladora devolveu o pedido, por considerar que não houve cumprimento dos requisitos mínimos, inclusive a falta de testes clínicos no Brasil, para avaliar a eficácia da vacina em humanos. Assim, as doses fabricadas em território nacional serão exportadas para países em que a Sputnik V recebeu autorização, como Argentina e Bolívia.
Se autorizada no Brasil, a União Química calcula que terá capacidade para entregar 8 milhões de doses por mês. A fábrica foi inaugurada em 2017, com investimento de R$ 100 milhões, para produzir medicamentos que não eram fabricados no país.
Novas remessas
O governador acrescentou que aguarda entrega de mais 150 mil doses da CoronaVac pelo Ministério da saúde até o fim desta semana, depois de a Anvisa ter dado aval para liberação de um lote de 6 milhões de doses. Para Ibaneis, a remessa permitirá a aplicação em um grupo maior de idosos e também em professores, uma vez que a previsão de retorno às aulas presenciais está mantida para março.
A campanha de vacinação contra a covid-19 na capital federal começou na terça-feira (19/1), após o DF receber 106.160 unidades da CoronaVac. De lá para cá, mais de 15 mil pessoas do grupo prioritário receberam a primeira dose.
A primeira etapa é voltada a profissionais da saúde que atuam na linha de frente de combate à doença em 15 hospitais públicos; idosos a partir de 60 anos e pessoas com deficiência que vivem em abrigos; além de cuidadores que trabalham nesses locais e indígenas. Todos eles somam um público-alvo 53.080 pessoas.
Na última semana, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recebeu denúncias de categorias fora das prioridades que furaram a fila da vacinação. Diante disso, a instituição questionou a Secretaria de Saúde quanto à integridade do processo e informou vai acompanhar o processo de aplicação dos imunizantes.
No domingo (24/1), com a importação de vacinas produzidas na Índia, o estoque do DF recebeu reforço de 41,5 mil vacinas. Elas fazem parte das doses elaboradas pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, em parceria com a AstraZeneca. No Brasil, a fabricação delas ficará a cargo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que depende de insumos para começar o processo.
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