Apesar de fazer sentido tratar a doença logo no começo a fim de controlar o desenvolvimento do vírus no corpo e o agravamento da infecção, o médico e professor de medicina na Universidade de Brasília (UnB) André Nicola ressaltou que não existe nenhum medicamento que comprovadamente funcione no tratamento precoce contra o novo coronavírus. De acordo com o especialista, a doença ocorre basicamente em duas fases: a primeira em que o vírus está crescendo, se multiplicando e causando dano; e a segunda em que o próprio corpo destrói órgãos como o pulmão, coração e rins devido a uma resposta intensa do sistema imune.
“Eu gostaria muito, como provavelmente qualquer profissional de saúde, que existissem drogas que funcionassem, mas infelizmente a gente ainda não tem nenhuma que comprovadamente funcione para tratar a doença na primeira etapa”, disse André sobre os “kits de tratamento precoce”, durante entrevista ao CB.Saúde — parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta quinta-feira (21/1).
André ainda falou sobre os efeitos negativos que os medicamentos podem trazer para as pessoas que os utilizaram com o propósito de tratar ou evitar a contaminação da covid-19. “O uso indiscriminado dessas drogas pode gerar aumento da resistência a antimicrobianos porque tem antibióticos, além de gerar efeitos colaterais graves por causa das drogas”, alertou o médico. A recomendação do professor é que as pessoas procurem um profissional de saúde quando os sintomas surgirem, além de tomar os cuidados necessários para evitar a transmissão do vírus.
Tratamento com plasma
Em junho de 2020, iniciou-se no Distrito Federal o estudo para o tratamento de covid-19 com plasma de pacientes recuperados. Durante a entrevista, o médico e participante da pesquisa André Nicola explicou que nessa parte líquida do sangue há anticorpos produzidos pelo sistema imune e que a ideia da pesquisa é verificar a eficácia e a segurança da transferência do plasma de pessoas que tiveram a doença para quem está contaminado com o vírus.
“Existe essa possibilidade do plasma funcionar, mas a gente não sabe ainda. Nós começamos um ensaio clínico no DF com o registro de cerca de 400 voluntários para doação de sangue e recrutamos 34 pessoas para receber o plasma”, contou o médico. A iniciativa, que ainda não tem resultados definitivos, é promovida pela Fundação Hemocentro do DF, junto à Secretaria de Saúde e à Universidade de Brasília (UnB). Além disso, a pesquisa conta com uma colaboração mundial com mais nove estudos dos Estados Unidos, Europa e Índia.
Confira a entrevista
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