A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) colhe provas e toma depoimentos para elucidar o feminicídio que chocou moradores da QNN 3 de Ceilândia Norte, na noite desta sexta-feira (8/1). Isabel Ferreira Alves, 37 anos, morreu esfaqueada pelo companheiro, identificado com Marcos, em uma casa de fundos, onde morava com os dois filhos. Em entrevista ao Correio, Celina Barbosa, 40, vizinha da vítima, relatou os últimos momentos da amiga. “Ela olhou para mim e deu o último suspiro”, disse, emocionada. Até a última atualização dessa reportagem, o agressor não havia sido preso.
Isabel trabalhava como serviços gerais em um shopping na área central de Brasília. Natural do Maranhão, a mulher chegou à capital há mais de 20 anos e teve três filhos, fruto de outro relacionamento. Testemunhas relataram ao Correio que Isabel conheceu Marcos havia alguns anos, mas que os dois se mudaram para Ceilândia em pouco menos de um ano e meio. O casal e os dois filhos dela residiam em um barraco de fundo, em uma casa, onde moram outras três famílias, incluindo Celina. “Da minha casa, nunca fui de ouvir discussões entre os dois. Mas ela já chegou a me relatar alguns episódios de violência”, afirmou Celina.
Na noite do crime, Celina estranhou o fato da amiga ter chegado mais cedo do trabalho. Geralmente, Isabel chegava por volta das 22h30 em casa, mas nesta sexta-feira, ela apareceu às 20h. “Ela entrou e veio direto à minha casa. Estranhei e perguntei o motivo dela ter saído antes do serviço. Ela me disse que o marido dela ia pegar as coisas para ir embora, mas disse que tinha medo dele levar os pertences dela também”, contou a amiga.
Morte motivada por dinheiro
Isabel ficou por pouco tempo na casa da vizinha e logo foi para a residência. Na casa, estava o filho caçula, de idade não revelada. Testemunhas relataram ao Correio que Marcos estava sob efeito de álcool e drogas e teria pedido dinheiro à mulher para comprar mais bebidas. Com a negativa, o suspeito foi até a cozinha, pegou uma faca e desferiu contra a vítima. No momento em que a reportagem estava no local, a perícia da Polícia Civil estava no endereço.
“Eu estava deitada no meu quarto, quando ouvi só um grito e a voz dela dizendo: ‘para’. Meu vizinho me gritou e fomos ajudar. Quando cheguei lá, ela estava dando o último suspiro”, relatou Celina.
Um outro vizinho, que preferiu não se identificar, contou que o crime foi presenciado pelo filho mais novo de Isabel. O adolescente precisou se esconder do padrasto para não morrer, pois, segundo relataram as testemunhas, o homem também queria matá-lo.
Equipes do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBM-DF) foram acionados e prestaram os primeiros socorros, mas a vítima estava sem vida. O caso é investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam 2).
Tentativa de feminicídio
Marcos chegou a ficar preso por tentativa de feminicídio contra Isabel. O Correio apurou que o homem esfaqueou a mulher há alguns anos, mas a vítima teria retirado a queixa contra o agressor. Há menos de seis meses, ele voltou para casa. “Ele retornou para acabar com a vida dela. Eu ainda falei hoje (sexta-feira) deixar esse homem ir embora. Ela era uma pessoa tão guerreira, batalhadora, fazia de tudo pelos filhos”, finalizou Celina.
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