Mais da metade do secretariado do governador Ibaneis Rocha (MDB) mudou nos dois primeiros anos de governo. A dança das cadeiras, que inclui uma grande gama de profissionais da área do direito, mesma do chefe do Executivo local, alterou os nomes a frente de 16 das 31 pastas que compõem o Governo do Distrito Federal (GDF) entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020. Houve, ainda, quem saiu e depois retornou ao posto original, como na Secretaria de Saúde.
Entre os nomes de confiança que conseguiram manter os cargos, estão o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres; o secretário de Economia, André Clemente; o secretário de mobilidade, Valter Casemiro; e a secretária da Mulher, Ericka Filippelli. O secretário de Meio Ambiente, Sarney Filho, e o secretário de Desenvolvimento e Habitação, Mateus Oliveira, também mantiveram as posições.
Diferentemente dos antecessores, Ibaneis não recorreu à velha tática de nomear distritais para os altos cargos, como forma de conseguir apoio na aprovação de pautas dentro da Câmara Legislativa (CLDF). Ao invés disso, optou por nomes ligados ao governo federal e entidades produtivas. Para o próximo biênio, no entanto, especialistas avaliam que isso pode mudar. O cientista político Leonardo Barreto acredita que, com a aproximação da corrida eleitoral de 2022, esse é o momento para o governador construir uma base aliada. “Se Ibaneis for candidato à reeleição, as secretarias serão usadas como maneira de colocar representantes de partidos políticos no governo, o que, até agora, ele só fez parcialmente”, avalia. “A tendência é politizar mais as secretarias nessa reta final para ter mais condições de eleições. Quem quiser concorrer em 2022, tem que estar em secretaria em 2021.”
Alguns nomes conseguiram permanecer em postos de liderança. O atual chefe da Casa Civil, por exemplo, o advogado Gustavo Rocha, começou o governo Ibaneis chefiando a Secretaria de Justiça e Cidadania, cargo que passou para a esposa dele, a também advogada Marcela Passamani. Gustavo assumiu o lugar de Eumar Novacki, que pediu as contas no mesmo dia em que a responsabilidade de publicar o Diário Oficial foi retirada da Casa Civil.
Quem também pulou de uma cadeira para outra foi o advogado Leandro Cruz, que começou 2019 como secretário de Esporte, e terminou 2020 à frente da Secretaria de Educação. No lugar dele, em maio de 2020, entrou a deputada federal Celina Leão (PP), que deixou a cadeira no Congresso para encarar a pasta em meio aos desafios de reabrir parques e academias, previamente fechados por decretos de segurança sanitária em função da pandemia.
A poucos dias do fim do ano, no entanto, Celina pediu exoneração para voltar ao Congresso a tempo de participar da votação do Orçamento 2021 na Câmara dos Deputados e da escolha do próximo presidente da Casa. Com isso, o ano terminou com Giselle Ferreira de Oliveira, que era secretária-executiva de políticas do esporte, no cargo de secretária interina.
Idas e vindas
No troca-troca dos órgãos, um dos que mais chamou a atenção foi na Secretaria de Saúde, onde, pela primeira vez, um secretário em exercício da função foi preso no DF. Francisco Araújo Filho deixou a presidência do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF) em março, para comandar a pasta ao mesmo tempo em que começava a pandemia do novo coronavírus.
Contudo, cinco meses mais tarde, ele e toda a alta cúpula da Saúde foram detidos durante as investigações da Operação Falso Negativo, sob suspeita de participar em um esquema de fraude na compra de testes rápidos para a covid-19 (Veja saiba mais). Com a exoneração de Francisco, voltava então ao cargo, Osnei Okumoto, que, na época, estava à frente da Fundação Hemocentro de Brasília. Ele foi o primeiro a assumir a secretaria pelo governo Ibaneis, em 2019.
Já na Educação, Rafael Parente deixou a pasta em meio às polêmicas da militarização das escolas públicas, no segundo semestre de 2019. Conseguir um nome para chefiar a pasta não foi fácil.
O primeiro escolhido, João Pedro Ferraz, assumiu a missão enquanto acumulava o cargo de secretário de Trabalho. Em junho de 2020, deixou o posto. O governador chegou a anunciar a advogada Carolina Louzada Petrarca como nova secretária, mas, no dia seguinte, o nome de Leandro Cruz foi confirmado. Ferraz acabou deixando também a chefia do Trabalho, abrindo vaga para Thales Mendes Ferreira, ex-superintendente do Arquivo Público.
Mudanças
Uma das principais promessas durante a campanha eleitoral era a extinção da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis). O que se viu, no entanto, foi uma mudança de nome. O órgão fiscalizatório passou a se chamar DF Legal, que, embora discretamente, também mostrou ações de derrubada em áreas de ocupação irregular, como no Assentamento 26 de Setembro.
Em outras mudanças, a Secretaria de Relações Internacionais, que era comandada por Pedro Luiz Rodrigues, deixou de existir de forma independente, passando a ser vinculada ao gabinete do GDF. A Secretaria do Entorno mudou de nome, passando a se chamar Secretaria de Desenvolvimento da Região Metropolitana.
O governador também mexeu na estrutura das pastas, criando, em maio de 2020, a nova Secretaria de Empreendedorismo, inicialmente comandada pela advogada Fabiana di Lúcia. Entre os objetivos do novo órgão, estavam oferecer às micro, pequenas e médias empresas do DF ferramentas para superar as dificuldades financeiras, especialmente as provocadas pela crise sanitária. A ideia era garantir empregabilidade e criar políticas públicas de incentivo à abertura de novos negócios locais. Em setembro, Fabiana foi substituída por Mauro Roberto da Mata, e passou a ocupar o cargo de assessora especial do Gabinete da Casa Civil.
Também em setembro de 2020, Ibaneis anunciou a criação da Secretaria Extraordinária da Família, com objetivo de se dedicar aos assuntos voltados ao fortalecimento da base da sociedade brasileira, conforme preconiza o artigo 226, da Constituição Federal. A proposta seria de “ajudar dentro de casa”, conforme anunciado à época. O pastor Iliobaldo Vivas da Silva, mais conhecido como Léo Vivas, foi escolhido para secretário.
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