A pandemia, o desemprego e especialmente o fator histórico são alguns dos fatores que explicam o aumento de casos de violência contra a mulher. É o que avalia a professora de antropologia da Universidade de Brasília Lia Zanotta Machado, especialista em direitos das mulheres, em entrevista ao programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília — nesta segunda-feira (4/1).
Lia Zanotta explica que as agressões contra mulheres eram legitimadas por leis na época colonial do Brasil. “Você tem um sexismo estrutural enorme por causa da desigualdade de gênero na memória social e na memória jurídica. Era escrito em lei que as mulheres não valiam o mesmo que os homens”, contou.
Para a especialista, a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio vêm fazer um corte nessa memória social e jurídica ao atingir a opinião pública e desconstruir a ideia de que em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher. "Todo mundo começou a dizer que devia denunciar, apartar as brigas. Isso é o primeiro passo”, afirmou.
No entanto, apesar dos avanços que as leis alcançaram, ainda falta muito para desconstruir esse processo social e combater o feminicídio, segundo a professora. "Nós precisamos de legislação. A Lei Maria da Penha é eficiente, mas não o suficiente para o longo caminho que nós temos que fazer. A Justiça deve ter uma relação com uma rede social de encaminhamento, os agressores devem ser colocados em grupos psicossociais e precisamos ter as medidas protetivas deferidas”, pontuou Zanotta.
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.