BICHOS

Coelhos se tornam os pets da vez, mas eles exigem cuidados especiais

Ter um coelhinho como pet está se tornando cada vez mais comum. São bichinhos companheiros e brincalhões, no entanto demandam responsabilidade dos tutores. Conheça os cuidados para criar esses felpudinhos dentro de casa

Ana Clara Alves*
postado em 04/01/2021 06:04 / atualizado em 04/01/2021 12:54
Maria Clara e seu coelho, Asterix -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Maria Clara e seu coelho, Asterix - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Ter um animal de estimação enche a casa de alegria e ajuda na saúde mental dos moradores, garantem estudiosos, especialmente em períodos de isolamento social, como o vivido durante esta pandemia de covid-19. É comum ver, na maioria das casas brasileiras que tutoram pets, gatos e cachorros. Mas e quanto a ter um bichinho diferente? Que tal um coelho?

A médica veterinária e professora de Medicina de Animais Silvestres da Universidade de Brasília (UnB) Líria Hirano conta que os tutores que mais procuram atendimento no setor de animais silvestres do Hospital Veterinário da UnB são os de coelhos. “A gente tem visto o mercado pet não convencional se desenvolvendo muito no mundo inteiro. São animais que interagem com seres humanos, buscam carinho, e são muito dóceis”, explica a especialista.

Foi no início da quarentena, em março, que a família de Rafael Areco, 19 anos, resolveu adotar um coelho. Uma amiga das irmãs do jovem tinha um casal de coelhos que teve filhotes, e ela resolveram doar um para Rafael. Fã de Pokémon, o nome escolhido para o orelhudo foi Scorbunny, um dos personagens do anime. “Eu e meu irmão mais velho assistimos muito o desenho quando éramos pequenos e resolvemos por esse nome. O Scorbunny é um dos pokémons que é um coelho. Para simplificar para todos, chamamos ele só de Bunny”, resume o jovem.

A família de seis pessoas se encantou pelo animal. O novo integrante foi adotado até pelo cachorro da casa como se fosse uma cria e sente ciúmes quando alguém chega perto. Os pets brincam o tempo todo. Para o estudante de engenharia de redes, a experiência de ter um coelho pulando pelos corredores da residência animou a família. “Percebi que com o coelhinho em casa o clima ficou mais amigável. Meu pai, por exemplo, vivia emburrado. Agora, passa o dia todo deitado na lavanderia fazendo carinho. É engraçado, o Bunny vem no meu quarto pedir carinho, e se eu não faço, ele fica murmurando”, descreve Rafael.

Maria Clara Avelino, 23 anos, queria um coelho de estimação há algum tempo. Em uma brincadeira com namorado, Germano Celin, 24, ganhou o animal de presente de Natal. Asterix, como é chamado, está na casa dela há quatro semanas e conquistou até o coração da mãe de Maria Clara. “Minha mãe falou que não queria mais animais em casa, porque já tivemos quatro cachorros, uma tartaruga e um peixe, mas ela vem todo dia fazer carinho no coelho”, garante. Maria Clara ainda não tem certeza se o Asterix é mesmo macho. Ao ir em uma veterinária de animais silvestres, a especialista alertou que, para saber se é macho ou fêmea, o animal teria que se desenvolver mais um pouco, em média, até os três ou quatro meses de vida.

Maria Clara conta que Asterix não vai ficar tão grande, porque é um mini-coelho e, apesar do pouco tempo com ele em casa, consegue avaliar que é mais fácil cuidar dele do que de um cachorro, por exemplo, por não demandar tanto do dono e não gerar muitas despesas. “Ele adora colo e recebe carinho na cabeça ou no rosto. Já levei no veterinário e tenho uma cartilha com todos os cuidados. Antes, ele me mordia toda hora, agora ele me lambe, como forma de carinho.”, revela.

Sarah Souza, 20 anos, tem coelhos de estimação desde criança. Pietra, coelha que tutora atualmente, foi um presente da prima que, ao se mudar, não teria mais espaço para criar o pet, assim, a dona de casa se ofereceu para cuidar do orelhudo. “Se minha prima quiser a coelha de volta, ela não vai ter não”, brinca Sarah. Mãe de um menino de dois anos, ela diz que o filho gosta muito do animal e se diverte bastante com a Pietra.

Além do coelho, a família tem dois cachorros, três gatos, três codornas e três galinhas, e alega que a Pietra é a que exige mais atenção, principalmente, por comer e roer tudo o que vê pela frente. Por outro lado, é a mais fácil no quesito de cuidados diários. Sarah construiu um viveiro dentro de casa, com cerâmica para facilitar a higienização e evitar que coelha cave um buraco na terra e fuja. “O bom de ter coelhinho em casa é que ela não deixa nenhuma grama alta, come tudo, tudo que pode e não pode. Ela pula muito alto, sobe nas coisas dentro de casa, é uma alegria. Com certeza, terei ainda mais coelhos”, adianta a tutora de Pietra.

Dedicação

Se você pensa em ter um coelho de estimação é preciso garantir os cuidados necessários para que seja um bichinho feliz dentro de casa. É importante ter tempo para se dedicar ao animal, porque ele necessita de atenção e fica muito apegado aos donos, no entanto, não deve ser manipulado para evitar que o bicho não se estresse. As raças pequenas podem ficar em gaiolas, mas precisam sair em alguns horários do dia para caminhar e tomar sol. “O ideal é que seja um espaço que tenha grama para ele poder andar um pouco. Além disso, o coelho escolhe o lugar da casa onde ele vai urinar e defecar, é bom ter um espaço suficiente para ele demarcar os locais de dormir, se abrigar e se alimentar”, detalha a veterinária e professora da UnB Líria Hirano. Outro ponto é ficar atento ao soltar o bicho em locais abertos por conta, principalmente, de gatos, que são predadores, e para que o coelho não faça buracos e fuja do quintal, por exemplo.

Segundo a especialista, a cultura de que a base da alimentação desse pet é cenoura deve ser esquecida. O ideal é que seja feno de capim — para que o coelho possa desgastar os dentes, que crescem constantemente durante toda a vida —, acompanhado de vegetais e rações específicas. “Os coelhos precisam de fibra seca e não digerível para formar fezes e o intestino funcionar direito. Então, a base é feno, complementada com ração e outros itens alimentares. Importante lembrar que deve ser o de capim, porque o de alfafa possui muito cálcio e, se ingerido por muito tempo, pode formar pedras no rim”, alerta a veterinária.

Líria Hirano explica que a avaliação com profissionais especializados em animais silvestres deve ser feita de seis em seis meses ou a cada um ano. O veterinário avalia a dentição, peso, alimentação e faz um checkup. Com relação aos banhos, o correto é que só sejam dados quando os coelhos estão muito sujos, com os pelos embaraçado, uma vez que são animais que não tem o hábito de ficar em água, então o banho é um evento extremamente estressante. Os coelhos se limpam sozinhos no dia a dia. É preciso prestar atenção nos animais que possuem pelos muito longos porque, na limpeza, eles podem ingerí-los e obstruir o intestino.

Ela orienta, ainda, que os pretendentes a tutores de coelhos avaliem bem se têm condições de terem o animal. “Para aqueles que estiverem dispostos, tenho certeza que vão adorar ter um coelhinho de estimação. Sempre lembrando que ele precisa de cuidados e disposição para dar muito carinho e atenção”, finaliza.

*Estagiária sob a supervisão de Guilherme Marinho

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação