O Natal é tempo de união. É um dia para as famílias e as pessoas próximas se reunirem e fortalecerem ainda mais os vínculos entre elas. Nesse momento tão especial, todos podem compartilhar suas conquistas, comer juntos, rir, se divertir e construir boas memórias para serem relembradas como algo especial.
Pensando em proporcionar esses bons momentos, o Instituto No Setor e o Projeto Dividir organizaram uma ceia de Natal para as pessoas em situação de rua no Setor Comercial Sul. A cozinheira e sócio-presidente do Projeto Dividir, Sofia Gomes, de 30 anos, explica que, desde o início da pandemia, o grupo tem feito ações sociais com a população em situação de rua e isso criou uma ligação entre todos. “Nós pensamos que seria muito importante fazer a ceia porque são pessoas que a gente acabou criando um vínculo. O Natal não vai ser somente para eles, vai ser o nosso Natal também”, disse.
Sofia ficou responsável pelo preparo da ceia para cerca de 100 pessoas, servida a partir das 14h do dia 24 de dezembro. Entre as comidas típicas da ocasião terá chester, pernil, salpicão e uma farofinha. “Nós nos preparamos para fazer uma comida legal, juntar as mesas e confraternizar juntos”, contou a cozinheira. Os alimentos foram adquiridos por meio de doações e parcerias com empresas. Para o evento, as medidas de segurança em relação à pandemia foram respeitadas com o uso de máscara, álcool em gel e distanciamento entre as mesas.
Não é a primeira vez que os projetos organizam uma ceia de natal, mas, neste ano, a iniciativa foi mais elaborada e discreta. “Nós propomos uma série de outras atividades para celebrar e levar um pouco de cultura, conhecimento e capacitação para ver se conseguimos aumentar o nível de felicidade da população em situação de rua”, explicou o co-fundador e diretor social do Instituto No Setor, Felipe Velloso, de 30 anos. Além da ceia, a ação promoveu, nos dias 22 e 23 de dezembro, um dia de beleza, cuidados com a saúde mental e cinema.
Para Felipe, a ceia de Natal tem uma grande importância por ser um momento de união com as pessoas que estão em uma situação difícil e, na maioria das vezes, não têm uma ligação familiar. “Gostamos de fazer com que pareça uma coisa bem simples, caseira, de família. A gente entende que o momento de comer, em que todo mundo está junto, é muito forte para estreitar os vínculos”, conta. Felipe também vê a ceia como uma oportunidade para os voluntários conhecerem ainda mais as vontades e os desejos da população.
Empatia
Também com o objetivo de proporcionar o mesmo sentimento que as famílias sentem ao se reunirem para o Natal, o projeto Rede Solidariedade no DF Barba na Rua organizou a ceia chamada Nós Por Nós. A ação, inspirada na comemoração de Natal que ocorria na Rodoviária do Plano Piloto, começou às 19h da véspera de Natal, próximo ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT).
“Como o Natal da Rodoviária não vai acontecer este ano por causa da pandemia, a gente da Rede Solidariedade decidiu realizar uma na frente do hospital, onde se concentra uma média de 30 a 50 pessoas em situação de rua”, explicou o coordenador do projeto, Rogério Barba, de 49 anos.
Rogério, que foi morador de rua por 25 anos, já sentiu na pele o que é passar o Natal sem comida e sozinho. Isso o motivou a fazer a ação. “Eu me lembro que chorei quando deu meia noite e senti, naquele momento, o que é passar fome porque eu estava na rua e não tinha o que comer. Ter uma noite de Natal e não ter ninguém perto foi um sentimento que me marcou muito”, disse. Com a ação, o coordenador do projeto acredita que as pessoas em situação de rua esquecem, ainda que por instantes, os momentos de sofrimento e conseguem ter um Natal em família.
A ideia da ceia Nós por Nós, além de proporcionar um momento de acolhimento e confraternização, é montar uma mesa com frutas, peru, pernil e outros alimentos característicos do feriado. “Nós queremos que as pessoas se sirvam e comam à vontade, assim como as famílias fazem em suas casas porque eles também têm o direito de ter uma ceia”, afirma Rogério. Além da comida, a população poderá tomar banho, trocar de roupa e cortar o cabelo.
*Estagiária sob a supervisão de Adriana Bernardes