Recuperada da covid-19, após três meses internada no Hospital de Base, Maria Alves do Nascimento, 65 anos, comemora cantando junto com a equipe médica da oncologia do hospital nesta terça-feira (22/12). A canção escolhida a dedo, estava estampada no rosto de Maria "rindo à toa". Para a filha Délia Maria do Nascimento, 36, toda a alegria da mãe é resultado de uma superação inesperada e até milagrosa.
De acordo com ela, Maria deu entrada no Hospital de Base em 25 de agosto para tratar de um câncer de pele no tórax. “Depois, ela começou a apresentar sintomas da covid-19, agravados rapidamente”, relata a filha. Curada do câncer, o desafio foi combater a infecção pelo novo coronavírus que comprometeu 70% dos pulmões de Maria que precisou se intubada e internada em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Com o estado de saúde instável, ela precisou fazer hemodiálise para resolver a insuficiência renal, além de utilizar adrenalina para manter os batimentos cardíacos estáveis. Ainda foi necessário realizar a traqueostomia — procedimento cirúrgico que permite a oxigenação do paciente, mas que compromete a fala. “Cada dia estava mais grave. Os médicos alertavam que ela era uma paciente gravíssima que tendia a piorar. Porém, a família orou muito e sempre acreditou que ela iria sair de lá”, relatou Délia. A boa notícia veio. “Após 45 dias na UTI, ela começou a acordar”, relembrou a filha.
Novo começo
Da UTI, a paciente foi encaminhada para o 10º andar do Hospital de Base, onde recebeu todo o apoio da equipe multiprofissional. Nutricionistas, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e fonoaudiólogos trabalharam para restabelecer a saúde de Maria. “Ela chegou bem debilitada, com muita dificuldade na deglutição. Por conta da traqueostomia, não conseguia comer nem falar. À medida que foi respondendo aos estímulos, começamos a mobilizar a equipe médica para retirada do aparelho introduzido na traqueostomia”, afirma a fonoaudióloga Thalita Paula Chaves.
Nos últimos 15 dias, a paciente começou a apresentar uma melhora expressiva. Ela voltou a falar em 17 de dezembro e, no início desta semana, encerrou o procedimento de traqueostomia, com o apoio dos profissionais de saúde.
Comemoração
O resultado do estado de saúde da paciente merecia uma comemoração especial. Para isso, a equipe multiprofissional organizou uma ação natalina com voz e violão. “Essa ideia surgiu durante o tratamento dela. Combinamos que, se melhorasse, ela cantaria com a gente neste fim de ano. A iniciativa deu uma meta para ela atingir”, explicou a residente em fisioterapia, Renata Moreira.
A ideia foi tão boa que a equipe decidiu estender a ação para todos os quartos do andar e entregar um chocolate de lembrança com uma mensagem de esperança. “Eu agradeço muito a nosso Deus e à equipe que cuidou de mim. Desejo um Feliz Natal de saúde e paz”, disse Maria Alves.
Cleide Rodrigues, 56 anos, irmã do paciente Vicente Casé, 55, também reconheceu a ação. “Tenho certeza que a música trouxe alegria para ele”, disse a parente. Vicente, que é mudo, curtiu o música dançando e mexendo as mãos. A animação aumentou depois que a irmã lembrou a equipe de que o aniversário era naquele dia. Não faltou, então, o tradicional parabéns. Antes de os profissionais saírem do quarto, o paciente, em libras, desejou um feliz Natal e agradeceu a todos.
*Com informação do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges)