ECONOMIA

Compras natalinas de última hora movimentam o comércio do DF

Sindivarejista estima que cerca de 400 mil brasilienses, 33,3% a menos que em 2019, irão em busca de presentes nos dias que antecedem o Natal. Alternativas nos modelos de compra contribuem para a mudança de comportamento em meio à pandemia

Cerca de 400 mil brasilienses devem ir às compras nos dias que antecedem o Natal, estima o Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista). Edson de Castro, presidente da entidade, afirma que o número é baseado na quantidade de pessoas que tem ido às lojas desde segunda-feira. “Shoppings e feiras estão cheios, e a tendência é piorar. No dia 24, o comércio fechará às 19h, por conta dos consumidores atrasados”, aponta. O horário de funcionamento dos estabelecimentos foi estendido mesmo com redução de 33,3% dos compradores, em relação ao ano passado, quando 600 mil compraram presentes às vésperas da festividade.

No entanto, para Izabela Freitas, 24 anos, o movimento de dezembro surpreendeu. A atendente de uma loja de maquiagens no Brasília Shopping afirma, porém, que houve queda em relação a 2019. “A Black Friday aqui foi muito fraca, mas na primeira semana de dezembro o fluxo cresceu bastante. Até o dia 24, esperamos que aumente ainda mais”, conta. A loja em que trabalha funcionará das 9h às 23h, até a véspera de Natal.

Rayana Torres, 20, foi às compras procurar uma roupa para a noite de Natal. “Todos os meus presentes já estão comprados”, afirma a jovem, estagiária em um escritório de consultoria financeira. Também para evitar aglomerações, outra opção encontrada por Rayana foi adquirir tudo em uma loja só.

Renata Monnerat, gerente de marketing do Brasília Shopping, observa que as compras ocorrem de forma diluída neste ano. “O shopping não está lotado. O movimento tem sido mais comedido por conta da pandemia, mas acontece de maneira intermitente ao longo do dia”, afirma.

Apesar da queda de consumo, as vendas estão dentro da previsão estimada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF). De acordo com o presidente da instituição, Francisco Maia, a expectativa era de aumento de 2,2% nas vendas em relação a 2019. “É normal que haja maior movimento nos dias que antecedem a data, mas, apesar de dentro da previsão, as vendas estão fracas. É o Natal das compras pequenas, porque as pessoas não estão com muito dinheiro”, aponta.

“Novo comprar”

Karol Ribeiro, 41, é gerente em uma loja de sapatos e bolsas femininas. Ela conta que, desde a semana passada, quando o estabelecimento passou a funcionar em horário estendido, o movimento vem crescendo. “A gente observa que as clientes tomam muito cuidado. Se a loja está muito cheia, esperam esvaziar um pouco antes de entrar. As pessoas idosas têm vindo cedo, pela manhã, ou mais tarde, por volta das 21h”, observa, acrescentando que todas as pessoas que frequentam a loja mantêm o distanciamento de segurança e têm a aferição medida na entrada do shopping, além de usar máscara o tempo todo.

A gerente Karol Ribeiro afirmou que o movimento diminuiu, mas que há novos canais de vendas. “As pessoas têm comprado muito por WhatsApp, onde observamos um aumento expressivo. Muitas compram e vêm apenas buscar, usando o drive-thru do shopping, e outras pedem para receber em casa”, relata.

Não são todos os consumidores, no entanto, que gostam de comprar de maneiras diferentes. Jacy Barbosa, militar de 49 anos, que estava acompanhado das filhas Letícia, 13, e Mariana, 18, não costuma comprar pela internet. “Gosto de ver o que estou comprando. Além disso, as entregas não chegariam a tempo”, afirma. “Viemos só para comprar o que está faltando, a ideia é terminar hoje mesmo”, completa o morador do Jardim Botânico. Ele e as filhas observam que há menos movimento nas lojas. “Shoppings, que normalmente são mais vazios, estão recebendo mais pessoas. Mas, percebemos que as lojas estão mais cautelosas e adotando as medidas de segurança”, pontua.

Dificuldades aos pequenos comerciantes

Além de mudar a vida das pessoas, a pandemia da covid-19 alterou significativamente as atividades econômicas, e os pequenos comerciantes podem ter sido os mais afetados. Foi o que explicou em entrevista ao CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília — o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Distrito Federal (CDL/DF), José Carlos Magalhães Pinto.

“Nós temos de ter um cuidado. As empresas do Simples (Nacional), esses pequenos comerciantes, são os que mais empregam. Se nós matarmos esses pequenos comerciantes, nós estamos matando o emprego”, evidenciou. Segundo ele, esses negócios acabaram sendo engolidos pelas grandes redes que dominam os ambientes de venda virtual.

“O pequeno comerciante que foi rápido, que já tinha alguma estrutura, foi para o marketing place. Mas aí, ele vê a margem dele caindo, porque ele tem de deixar, é natural, uma parte com o operador. O lucro dele cai e muito”, detalhou.

Segundo Pinto, além de reduzir os postos de trabalho formal, a reação em cadeia provocada por esse movimento chega, também, ao mercado imobiliário. “A loja física está acabando. Nós estamos cheios de lojas físicas vazias. (...) Lojas grandes montam só para show room. Porque na realidade, eles vendem on-line. Com a guerra tributária entre os estados, essas grandes lojas vão onde forem oferecidos maiores benefícios fiscais”, colocou.

Solução

Para ele, a solução é algo simples e que já vinha sendo propagado antes mesmo da crise agravada pela pandemia. “Vem muito bem aquela frase que todas as entidades fizeram (em campanha conjuta): ‘comprem do pequeno’. Nós sabemos que, se não comprarmos do pequeno, as lojas fecham e, as lojas fechando, tem mais desempregados”, especificou.

As dificuldades para as empresas de menor porte fazem parte do funcionamento normal do mercado, segundo o presidente da CDL. “O grande, naturalmente, tem o poder de barganha dos preços com os cartões, ele impõe. E ele tem a saída tributária dentro da lei. Ao pequeno, é imposto taxas e condições e ele tem de trabalhar para sobreviver”, lamentou.

José Carlos cobrou que o governo amplie benefícios que estão para acabar, como a isenção de Imposto sobre Operações de Crédito (IOF), que vale apenas até 31 de dezembro de 2020.


O que abre e fecha no Natal e no ano-novo

Comércio
Quem ainda não fez as compras, precisa se apressar. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista (Sindvarejista), as lojas de rua e os shoppings vão funcionar até as 19h do dia 24 de dezembro. No Natal, seguem fechadas e só retomam as atividades no sábado. Já no dia 31, véspera de ano-novo, os estabelecimentos fecham ainda mais cedo: às 15h. No dia 1º de janeiro, não abrem.

Correios
Ao longo da pandemia do novo coronavírus, as entregas e envios pelos Correios foram muito solicitados. Amanhã, as agências vão funcionar das 9h às 14h. As unidades nos shoppings abrem das 11h às 15h. Já na sexta-feira e nos dias 31 e 1º de janeiro, os Correios ficarão fechados. Nos sábados, abrem das 11h às 14h.A empresa alerta que o prazo para contagem do envio dos pacotes postados em 24 e 30 de dezembro começa a valer no dia útil seguinte: 28 de dezembro e 4 de janeiro, respectivamente.

Transporte
O sistema de transporte público também vai operar com horários diferentes. Em 24 de dezembro, o metrô vai abrir às 5h30, como de costume. Contudo, fecha mais cedo, às 20h. No Natal, o esquema será o de domingos e feriados: das 7h às 19h. A mesma escala vale para a véspera e o feriado na semana seguinte (31 e 1º). A Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) informou que vai aumentar o número de viagens das 12h às 14h no dia 24, para reforçar o atendimento aos usuários na volta para casa. No dia 25, os coletivos circulam com a tabela de domingo. Na próxima semana, será divulgado o esquema para o ano-novo. Os horários das linhas podem ser consultados no site DF no Ponto (dfnoponto.semob.df.gov.br).

Trânsito
Nas pistas, segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), a reversão das faixas da Estrutural e da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) vão ocorrer normalmente. O retorno sob o viaduto Israel Pinheiro, na Estrada Parque Taguatinga (EPTG), no sentido Taguatinga, seguirá fechado. Não haverá mudanças nas faixas exclusivas para tráfego de ônibus, que continuarão proibidas para os veículos de passeio.

Serviços públicos
O DF Legal informou que o atendimento ao público vai ocorrer até as 12h dos dias 24 e 31 de dezembro, mas que vai fechar as portas em 31 de dezembro e 1º de janeiro. O DER seguirá o mesmo esquema. Os postos do Departamento de Trânsito (Detran) também funcionam até as 14h na véspera dos feriados. Nos dias 25 de dezembro e 1º de janeiro ficam fechados.

Saúde
Nos dias 24 e 31 de dezembro, os ambulatórios dos hospitais abrem das 8h às 14h. O mesmo vale para os postos de saúde. As farmácias de alto custo na Asa Sul, Ceilândia e Gama também ficam abertas até as 14h. Nos dias de feriado (25 e 1º de janeiro), apenas as emergências e unidades de pronto atendimento (UPAs) vão funcionar.Já o Hemocentro, vai abrir as portas nas vésperas de feriado, das 7h às 12h, mas fecha nos dias de Natal e de ano-novo. Nos sábados, (26 de dezembro e 2 de janeiro), funciona normalmente, das 7h às 18h.

Lazer
O espetáculo das luzes na Torre de TV, que tem encantado os moradores e turistas no DF, vai continuar até 6 de janeiro. Apenas na véspera de Natal, não haverá a apresentação. Quanto ao funcionamento da Torre de TV, o monumento estará fechado aos visitantes nos dias 24 e 31 de dezembro. Mas, nos feriados de 25 de dezembro e 1º de janeiro, estará aberto, inclusive o mirante.Outra opção é o Eixão do Lazer, que será interditado para os carros nos dias 25 de dezembro e 1º de janeiro, assim como a W3 Sul. Os parques ecológicos também vão abrir normalmente ao longo do feriado, e são mais uma opção de lazer neste período.O Zoológico segue aberto de quinta a domingo, sem interrupções, das 9h às 17h, e as entradas são vendidas até as 16h. Mas, há um limite de público no Zoo, que recebe até 1,5 mil.O Cine-Drive In vai fechar apenas na véspera dos feriados, em 24 e 31 de dezembro.

Justiça
A Justiça também suspendeu as atividades, seguindo o recesso forense. Desde o último domingo, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) seguem o plantão judicial.

Segurança
As delegacias vão funcionar em regime de plantão 24h.