Os amigos e familiares despediram-se do poeta Hermenegildo José de Menezes Bastos, 76 anos. Ele morreu às 12h13 de domingo, devido a complicações de um câncer de pulmão. O enterro ocorreu na tarde de ontem, no Campo da Esperança na Asa Sul. O pioneiro deixa a esposa, quatro filhos e sete netos.
Por meio de versos, o filho Manoel Dourado Bastos, 41, despediu-se do pai: “Nasceu na Mouraria, quem te viu e quem te via. Viveu a juventude cheia de poesia e também de boemia. Depois foi pra Brasília, estudou e fez folia. Teve amores em demasia, três filhos e uma filha. Voltou para a Bahia, ser feliz onde queria. Agora amigos e família, vão lembrá-lo com alegria”.
Hermenegildo era professor, mestre e doutor em literatura, além de grande poeta. Natural de Salvador, Bahia, veio para Brasília na década de 1960 ganhar a vida e se dedicar aos estudos. Participou da primeira turma de letras da Universidade de Brasília (UnB), onde, posteriormente, lecionou; e compartilhou grandes momentos com colegas importantes no cenário acadêmico da capital federal.
Poeta, escreveu diversos livros que testemunharam seu amor pela literatura e pela vida. “Recebemos muitas mensagens de estudantes falando de sua importância na formação. Era uma característica muito importante para ele”, ressalta Manoel, que também é professor.
Paixão
“Papai foi uma presença muito importante e marcante na cena cultural de Brasília nos anos 1970, 1980. Atuou em todos os âmbitos, desde o ensino básico. Ele tem uma característica marcante. Poeta e boêmio na juventude, resolveu que era hora de voltar a estudar e ir para a universidade”, conta Manoel.
Hermenegildo completou o ensino médio em um supletivo. Ao se aposentar da fundação educacional, passou a dar aulas para supletivo. “Ele foi muito comprometido com a educação e com o processo de formação em todas as pontas, da educação básica ao doutorado, sempre entendendo a importância do trabalho do professor e do trabalho do intelectual”, detalha o filho Manoel.
* Estagiária sob a supervisão de Guilherme Marinho
O ser e o nado(a)
A poesia já está pronta
fora do poeta
como a vida
completa
O poeta vai e fere a poesia
quebra-a, destrata-a
mas não a esgota
Daí essa coisa gritante
que é ter o poeta
de fazer novos
poemas sempre
mas não como o rio dá peixe
sim como o peixe
na sua prática de rio
reinventa o nado
Hermenegildo Bastos
Covid-19: mil casos
A Secretaria de Saúde registrou 11 mortes em decorrência da covid-19 e 1 mil infectados pelo novo coronavírus, ontem. Com as ocorrências, a capital soma 4.126 óbitos e 245.243 infecções, sendo que 234.054 (95,4%) pacientes são considerados recuperados da doença. A taxa de mortalidade no Distrito Federal é de 1.8%.