Mauricio de Souza está aonde existe criança. Ele tem 85 anos, mas manteve-se antenado com as vertiginosas transformações e revoluções por minuto pelas quais o mundo tem passado desde a segunda metade do século 20.
É o nosso Walt Disney, com a vantagem de transmitir valores mais atentos às diferenças. Diverte, mas vai além do entretenimento, faz a conexão com os grandes temas da educação, da cultura, da justiça, da saúde e da vida social. Mauricio sempre se atualiza e não tem medo de entrar em qualquer discussão se for para defender as crianças dos preconceitos, das incompreensões e das tiranias.
Discute os direitos humanos, o racismo, a inclusão de crianças deficientes na escola, a amizade e o bulling contra a menina gordinha. Sempre de uma maneira muito divertida, com humor e senso crítico. Ajuda muito aos professores e, principalmente, às crianças.
Pois bem, Mauricio convocou a Turma da Mônica para defender novamente as crianças na campanha pela vacinação deflagrada nas redes sociais pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef). A campanha tem como alvo conscientizar mães, pais e responsáveis sobre a eficácia e a segurança das vacinas de rotina, tais como as contra a poliomelite e o sarampo, para crianças menores de cinco anos.
O carisma da Turma da Mônica é respaldado por informações científicas da Sociedade Brasileira de Imunizações e da Sociedade Brasileira de Pediatria. Segundo a OMS, as campanhas de fake news antivacina figuram entre as 10 maiores ameaças à saúde pública no mundo. Daí a pertinência da conscientização das mães e dos pais.
A Turma da Mônica criou nove vinhetas ilustradas com chamadas que valem não apenas para as crianças, mas para todos nós, ansiosos e aflitos para nos vacinarmos contra a covid-19, que vem atingindo familiares, amigos e cidadãos brasileiros de maneira devastadora. Alguns lemas são: vacinas protegem as crianças, vacinas são seguras, os efeitos pós-vacinação, cuidado ao se informar, tomar vacinas ao mesmo tempo é seguro.
O site do Unicef, que responde dúvidas dos pais, informa, por exemplo, que um resfriado comum ou uma dor de garganta colocam uma carga maior no sistema imunológico de uma criança do que vacinas. Eu gostaria de saber se as mães e os pais de excelências negacionistas não imunizaram seus filhos quando eram pequenos. Se não fossem vacinadas, suas excelências sofreriam com doenças terríveis ou teriam morrido.
Cerca de 2 milhões de pessoas são salvas por ano no mundo graças às vacinas. Ainda bem que o Supremo Tribinal Federal (STF) estabeleceu a obrigatoriedade da vacinação para a covid-19. A liberdade individual não pode ser pretexto para ameaçar a saúde pública.
Não é por acaso que, no meio do ano, na passagem do aniversário, Mauricio de Souza foi coroado por Ziraldo com a panela do Menino Maluquinho. Ele tem uma criança muito viva dentro dele. No fundo, é um menino maluquinho de 85 anos. Que sorte das crianças brasileiras, tão expostas a múltiplas ameaças, que tenham um artista tão talentoso para defendê-las.