Com o Natal batendo à porta, é dada a largada para a corrida final em busca dos presentes. Mesmo com a pandemia, as clássicas compras de última hora não deixaram de acontecer neste ano atípico. Segundo pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pela Offer Wise Pesquisas, 54% dos consumidores do país devem presentear alguém no Natal, movimentando R$ 38 bilhões. O volume de vendas projetado para o Natal cresceu de 2,2% para 3,4%, em comparação ao mesmo período de 2019, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Os números são nacionais, mas refletem a realidade da capital federal, segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do DF (CDL-DF), José Carlos Magalhães Pinto. “O 13º salário é um dos principais motivos para esse aumento das vendas que antecedem o Natal. Outra razão é a preferência que alguns consumidores têm por adiantar as compras para evitar as lojas cheias e as compras por impulso, sem pesquisar por melhores preços”, explica.
Embora o ideal seja se planejar, pesquisar e fazer tudo com mais calma, nem sempre isso é possível, segundo a administradora Rayssa Freitas da Silva, 32 anos. “Tentei adiantar ao máximo as compras antes do Natal, fazendo os pedidos pela internet. Mas, quando chega dezembro, nossa vida fica uma loucura com a correria do trabalho e familiar devido ao recesso de final do ano. Acabei esquecendo alguns presentes, e agora vou ter de ir atrás pra comprar o resto”, diz.
Para Raíssa, o problema maior será as aglomerações em shoppings. “A essa altura do campeonato, já não dá para fazer compras pela internet, pois o prazo fica apertado e não deve chegar para as festas. O jeito será recorrer a outras alternativas”, ressalta. Segundo a administradora, há algumas possibilidades para evitar aglomerações. “Vou tentar comprar pelo drive-thru dos shoppings e priorizar lojas que recebam pedidos pelo WhatsApp e entreguem em casa. Foram as alternativas que encontrei para evitar o tumulto do comércio”, explica.
De acordo com o presidente da CDL-DF, é importante que os consumidores estejam atentos às medidas de segurança, como o uso de máscaras e álcool em gel, e respeitar o distanciamento para fazer suas compras de Natal com segurança e responsabilidade. “Além disso, não deixar para comprar na última hora, evitar lojas cheias e filas, e optar por estabelecimentos menos movimentados, especialmente do comércio local”, reforça.
Entre as opções para evitar aglomerações, José Carlos cita a realização de compras por meio de plataformas digitais, como redes sociais ou WhatsApp. “Diversos negócios locais atendem por esses meios. A pandemia acelerou o processo de digitalização dos negócios, uma tendência que já vinha se mostrando necessária para as empresas”, explica o presidente.
“Neste Natal, na hora de fazer suas compras, dê preferência ao comércio local. As lojas de Brasília estão trabalhando com toda a segurança que o momento pede: uso de máscaras, limpeza, álcool em gel e lavagem de mãos. Caso não queira ir pessoalmente, há opções para compra pelas plataformas digitais. Esta é uma oportunidade para ajudar os pequenos empreendedores a se reerguerem após um ano tão desafiador”, reforça.
Cuidado
Historicamente, o Natal é a data comemorativa mais vantajosa para o comércio em geral, conforme explica o advogado especialista em direito do consumidor Welder Rodrigues Lima. “Observa-se um aumento nas vendas mesmo em períodos de crise, como atualmente, pois as pessoas se dispõem a realizar compras para si e para presentear terceiros nas tradicionais festas de fim de ano. O décimo terceiro salário contribui para o aumento da disposição em gastar”, diz.
Para as compras de última hora, Welder reforça alguns cuidados que os consumidores devem ter para evitar futuros problemas. “O usuário deve ficar atento em relação às características do produto, como tamanho, cor, validade, idade apropriada no caso de compras para crianças, por exemplo, e condições contratuais: se a loja aceita trocas ou devoluções e em qual prazo”, explica.
Entre os principais problemas enfrentados pelos consumidores estão o erro nas características dos produtos e dificuldades em trocá-los posteriormente, como equívoco no tamanho e desagrado em relação a presentes. “A loja não é obrigada a realizar trocas nesses casos, uma vez que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) obriga trocas ou devoluções apenas em caso de defeitos”, explica. Geralmente, por deliberação própria e no intuito de fidelizar a clientela, o advogado explica que o comércio aceita trocas em certas condições que devem ser informadas no momento da compra. “O consumidor deve indagar a respeito do prazo e requisitos para trocas, especialmente quando seu objetivo for presentear terceiros”, alerta.
Uma vez que estamos na pandemia, o especialista diz que o consumidor deve priorizar o comércio on-line, evitando frequentar lojas físicas. “No entanto, o consumidor deve verificar se o prazo de entrega atende às suas expectativas ou se há possibilidade de retirada na loja física — algumas grandes redes oferecem essa alternativa. Examinar com atenção as características do produto, como tamanho, cor, prazo de garantia, etc.”, explica. Deve-se checar, ainda, a idoneidade e boa fama do site. “Isso pode ser verificado junto aos cadastros do Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) ou mesmo em outros sites especializados em reclamações de consumidores”, afirma Welder. É importante conhecer se há reclamações contra o site, que não tenham sido amigavelmente solucionadas.
Caso o consumidor seja lesado, o advogado diz que a primeira tentativa deve ser a solução amigável junto à própria loja. “Caso não obtenha sucesso, deve procurar o Procon e, em último caso, buscar o auxílio de um advogado, defensoria pública ou juizados especiais para mover uma ação reparadora de danos na Justiça”, reforça o especialista.
* Estagiária sob a supervisão de Adson Boaventura