O Currículo em Movimento do Novo Ensino Médio, aprovado pelo Conselho de Educação do Distrito Federal esta semana, dará a oportunidade aos alunos da última etapa do ensino básico da rede pública de escolherem parte das disciplinas a serem cursadas. A proposta será implementada de forma gradativa, conforme anunciou ontem a Secretaria de Educação.
No próximo ano, 12 escolas-piloto aplicarão a modalidade e, até 2022, todas as unidades públicas terão aderido ao novo formato. O ano escolar não será mais dividido em 1ª, 2ª e 3ª séries. Como nas universidades, os discentes acumularão créditos a cada disciplina cursada ao longo de seis semestres. Para se formar, o estudante deverá obter o total 180 créditos.
Todos os alunos cumprirão, obrigatoriamente, 1,7 mil horas da Formação Geral Básica, que é composta por quatro grandes áreas divididas em: Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
O Itinerário Formativo, parte em que o discente escolherá as matérias, se desdobrará em 1,3 mil horas. O conteúdo a ser oferecido pelas escolas deverá se enquadrar em quatro tipos: Projeto de Vida, Língua Espanhola, Eletivas Orientadas e Trilhas de Aprendizagem. Estão previstas mais de 200 disciplinas neste eixo.
Há ainda a possibilidade de o aluno optar por fazer um curso técnico. Para isso, a rede pública oferecerá cursos entre 800 e 1,2 mil horas, juntamente à Formação Geral Básica. Alguns deles, como técnico em administração, técnico em informática, assistente administrativo e técnico em manutenção automotiva, serão ofertados em parceria com Senai e Senac. Além disso, o Centro de Educação Profissional Articulado do Guará (Cepag), pertencente à rede pública, disponibiliza curso de computação gráfica.
Segundo a presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), Ana Elisa Dumont, as escolas particulares estavam em processo de adaptação para o novo ensino médio desde o último ano. “Já vem acontecendo uma adaptação nas escolas particulares, inclusive, as instituições têm dado todo o aparato aos alunos nessa transição de currículo e ofertas”, garante.
Matrícula
Domingo é o último dia para realizar as inscrições de adolescentes e crianças no ensino público. Até as 14h de ontem, a Secretaria de Educação do DF registrou o total de 28.964 inscrições — 4.239 inscrições a mais em relação a 2019. O professor Fábio Sousa, secretário-executivo da pasta, avalia que o aumento está dentro do esperado. “A linha histórica da última década possui essa migração da rede privada para a rede pública de ensino, mas o contrário também ocorre. Neste ano de pandemia, muda-se um pouco, porque estamos em uma crise que afeta a saúde financeira das famílias, que têm a opção de cortar a despesa com a escola privada e colocar os filhos na rede pública de ensino.”
O servidor público Mário Ferreira Junior, 46 anos, decidiu transferir as filhas, que estudam em escola particular, para a rede de ensino público, entre outros motivos, em razão do valor da mensalidade. “As crianças estavam pouco adaptadas à rotina de aulas remotas e não conseguíamos cumprir todas as atividades”, completa o pai de Helena, 7, Manuela, 6, e Maitê Vita, 3.
A presidente do Sinepe-DF explica que, apesar de o ensino remoto aparentar gerar menos custo, isto não acontece. “Existem diferenças entre educação a distância (EaD) e ensino remoto. No EaD, há um professor e um tutor com 200, 500 ou até mil, alunos em um mesmo ambiente virtual e, no ensino remoto, os alunos continuam tendo aula com seus professores em turmas reduzidas”, compara.
Ela acrescenta que a rede particular não possui um reajuste médio padrão, mas segue a Lei das Mensalidades (nº 9.870/1999).
* Estagiária sob a supervisão de Mariana Niederauer