Para ser considerada uma “cidade inteligente”, Brasília precisa implementar um plano de ação, que vai desde acesso gratuito à internet até a destinação adequada do lixo eletrônico. A avaliação é do secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal, Gilvan Máximo. Em entrevista ao programa CB.Poder, parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília, ele disse que a cidade se tornará um polo da indústria tecnológica nos próximos anos. Destacou o sucesso do Projeto Wi-Fi Social do DF, criado no ano passado para promover a inclusão digital por meio de internet gratuita à população e que contabiliza mais de 32 milhões de acessos até agora. A meta, segundo ele, é contemplar todas as regiões administrativas com 200 pontos fixos de wi-fi e as estações do Metrô-DF até 2021. Confira os principais trechos da entrevista.
O Wi-Fi social é um programa muito interessante que vem sendo conduzido pela sua secretaria. Em que pé esse projeto está?
Virou case nacional. Nós gastamos zero com o wi-fi. As empresas que estão explorando o Wi-Fi Social, elas vendem a mídia ali dentro do wi-fi. Podem vender para governo, podem vender para a iniciativa privada. E, com isso, a gente mantém o wi-fi funcionando. Estamos em 54 pontos fixos. Desde o início do programa, já são 32 milhões de acessos no Wi-Fi Social. Na Rodoviária, onde havia um problema sério de internet, hoje nós temos cinco empresas operando.
Chama a atenção também o programa de reciclagem de lixo eletrônico. Vocês reciclam e também turbinam computador para ser entregue às escolas. Isso tem um papel muito importante nesse contexto de pandemia. O senhor poderia falar sobre isso?
Exatamente. Nosso objetivo é fazer de Brasília uma cidade inteligente. Para isso, ela tem de ter desde o wi-fi de graça para a população até você se tornar uma cidade sustentável, que é o nosso caso aqui, nos preocupando com o meio ambiente e com o lixo eletrônico. Nós estamos fazendo a coleta em vários pontos da coleta do lixo eletrônico. O Reciclotec também já é um sucesso. Nós temos hoje 120 pontos por toda a cidade em administrações, supermercados, shopping e assim por diante. E a gente busca esse lixo eletrônico, vai para o nosso centro que é lá no Gama, que é a primeira usina de reciclagem de lixo eletrônico da América Latina, é bom frisar isso. Ali, a gente recondiciona esse computador usado, aproveita 95% do lixo eletrônico. Esse computador é recondicionado, nós damos uma turbinada, troca o software dele e ele volta para os alunos de baixa renda. Nós vamos espalhar lan houses pela cidade com esses computadores. E vamos abrir, aproximadamente, 200 telecentros para que os jovens possam ter acesso à internet, fazer um curso e se preparar.
Sempre se falou que Brasília seria um pólo de tecnologia para o país. A gente tem exemplos de empresas de sucesso aqui em Brasília, como a antiga Politec, que agora é Indra, que faz até os sistemas de segurança da Nasa. Mas a gente vê que esse processo ficou um pouco pela metade que ia se criar um polo de tecnologia. O que aconteceu?
Como nós iríamos fazer em Brasília um polo de tecnologia sendo que o ISS nosso era um dos mais caros do Brasil? Há 20 anos as empresas sofriam com o ISS. E agora, nesse governo, nós abaixamos o ISS de 5% para 2%. Estamos competindo de igual para igual com qualquer cidade do Brasil: Barueri e Goiânia, por exemplo, que têm muitas empresas de tecnologia. A Amazon está vindo para Brasília, vai gerar 500 empregos diretos e, futuramente, 1,5 mil empregos.
A Amazon vai construir aqui um centro de distribuição?
Sim. E se a Google quiser se instalar em Brasília, por exemplo, nós não temos mão de obra. O que nós estamos fazendo? Preocupados com isso, estamos capacitando os jovens para as profissões do futuro nos nossos laboratórios de robótica e na nossa Reciclotec. E, agora, em parceria com o Senai, vamos capacitar 40 mil trabalhadores para as profissões do futuro e para as novas tecnologias.
Qual é o potencial desse mercado?
Muito forte. Porque eu entreguei alguns diplomas semana retrasada e meninos que aprenderam a trabalhar com placa fotovotaica, que é de energia solar, saiu ganhando R$ 4,2 mil no mercado de trabalho, um jovem de 18 anos. Outro que foi para o mercado de tecnologia da informação já saiu ganhando R 4 mil também, porque nós não temos essa mão de obra. Isso é um curso de três meses, são cursos técnicos.
A tecnologia vai puxar o crescimento econômico do DF daqui por diante?
No ano que vem, nós estamos lançando um programa para ajudar as startups. Vamos ajudá-las com mais de R$ 8 milhões. Está sendo feio o processo de seleção e em 2020 vamos dar o recurso para esses empreendedores. Nós temos grandes startups aqui em Brasília. Vamos ajudar, sim, fazer com que cheguem lá na ponta. A Uber nasceu como startup, WhatsApp também e, se não tivesse o investidor anjo, não teria acontecido. O governo será o investidor anjo.
O DF está se preparando para entrar no mundo do 5G?
Nós fizemos um decreto, passou na Câmara e vai ter antena para todo o lado no DF, as operadoras não têm como dar essa desculpa. Estamos nos preparando para receber essa tecnologia. A ordem é desburocratizar, é facilitar a vida das pessoas. A inteligência artificial hoje é tudo.
* Estagiárias sob supervisão de Mariana Niederauer