Investigação

Motorista assassinado estava há uma semana trabalhando por aplicativo

Desempregado, Roosevelt Albuquerque da Silva, 31 anos, decidiu fazer corridas para pagar contas e comemorar a festa de aniversário do filho mais novo, de 4 anos. Na madrugada desta quarta-feira (2/12), o corpo dele foi encontrado em Sobradinho

O motorista de transporte por aplicativo encontrado morto na madrugada desta quarta-feira (2/12) estava há uma semana trabalhando por aplicativo, afirmou a mulher dele, Juliana Simplício Rodrigues, de 35 anos, em entrevista ao Correio. O corpo de Roosevelt Albuquerque da Silva, 31, foi localizado no Polo de Cinema, em Sobradinho, com marca de ferimento causada por arma de fogo na cabeça, revelaram as investigações conduzidas pela 13ª Delegacia de Polícia.

Roosevelt era agente de portaria e cursava o nono período de direito em uma universidade particular do DF, mas precisou trancar a faculdade. “Ele estava prestes a se tornar advogado, que era o sonho dele. Mas, devido à pandemia, foi demitido e as contas começaram a apertar”, disse a mulher.

Há uma semana, o rapaz avisou à mulher que iria trabalhar como motorista de transporte por aplicativo para pagar alguns boletos e juntar dinheiro para comemorar o aniversário do filho mais novo, que completará 5 anos em 8 de dezembro. “De início, eu não queria, justamente por causa do perigo, mas ele estava tão agoniado e ansioso pela falta de salário, que eu o apoiei. Às vezes, chegava até a chorar, ficava triste”, desabafou a professora.

Investigação

Na noite desta quarta-feira, um homem, de 22 anos, e um adolescente, de 17, foram capturados pelos policiais. Na casa do maior de idade, a equipe encontrou a carteira, o celular e a chave do carro da vítima, bem como a arma utilizada para cometer o latrocínio. O menor foi encaminhado à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA).

A mulher do motorista conta que, na noite de terça-feira (1°12), Roosevelt saiu para trabalhar na Área Central de Brasília, por volta de 13h. “O combinado era ele chegar às 22h, não passava disso. E ele evitava circular em regiões administrativas como Ceilândia, Samambaia, Taguatinga e Sobradinho. Os lugares mais longes que ia eram Águas Claras e Guará”, contou.

Por volta das 22h40, o homem enviou uma mensagem de voz à mulher, informando que faria a última corrida do dia e que, depois, retornaria para casa. “Depois disso, ele sumiu e só soubemos da morte dele na manhã de hoje. Está sendo muito difícil para todos nós, para os meus filhos. Queremos Justiça”, finalizou Juliana.

Ações


Dados mais recentes da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) mostram que, entre janeiro e julho deste ano, sete motoristas de transporte por aplicativo foram assassinados enquanto realizavam corridas pelo app. No mesmo período do ano passado, houveram três vítimas. Em 2018 e 2019, uma. Questionada pelo Correio sobre ações que visem a diminuir crimes contra esses trabalhadores, a pasta informou que realizou reuniões com representantes das empresas de aplicativos de transporte, com o objetivo de discutir soluções para reduzir a vulnerabilidade dos profissionais e passageiros que utilizam este serviço.


“Entre as medidas tratadas nos encontros, por exemplo, surgiu a opção de restrição aos pagamentos em dinheiro e a possibilidade de pré-visualização do destino por parte do operador. Além disso, a SSP fortaleceu os canais de comunicação junto às empresas para facilitar a troca de informações que possam ser utilizadas na elaboração de políticas de segurança específicas, bem como na elucidação de crimes já cometidos”, esclareceu a pasta, por meio de nota oficial.

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) também se posicionou e garantiu que, rotineiramente, a corporação faz pontos de bloqueio em lugares estratégicos, em que, todas as pessoas presentes nos veículos identificados como de transporte de passageiros com o uso de aplicativos são revistadas para garantir a segurança da categoria e da população.