Economia

DF chega a 407 mil pessoas sem emprego e em busca de um serviço

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Covid-19, do IBGE, revelam que a taxa de desemprego no DF é de 14,9%. Pandemia é um dos fatores que contribuiu com o índice. Na informalidade, há 384 mil profissionais

O Distrito Federal alcançou o número de 407 mil moradores fora do mercado de trabalho que querem um serviço, mas não conseguem. Deste total, 233 mil são pessoas acima de 14 anos que não estão trabalhando, mas estão disponíveis e tentam encontrar emprego. Esse é o maior quantitativo de desempregados desde maio. Os outros 174 mil são da mesma faixa etária, não estavam ocupados e não procuraram colocação por conta da pandemia ou por falta de oportunidade, mas que gostariam de trabalhar. Os dados foram medidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem, com resultados até o mês de outubro.

A taxa de desemprego na capital Federal ficou em 14,9%, representando estabilidade com o mês de setembro, quando houve 14,1% — no entanto, é a maior taxa de desocupação do Centro-Oeste. Em relação às outras unidades da Federação, o DF tem o 12º maior índice. Outro recorde do DF na Pnad Covid-19 de outubro é o número de trabalhadores informais (384 mil) — profissionais que atuam sem carteira assinada ou por conta própria.

Fabyanna Malcher, 35, gerente de negócios, é uma das pessoas que está desempregada. A moradora da Asa Norte trabalhava como terceirizada em um órgão público quando teve, em março deste ano, a oportunidade de atuar na área em que é especializada. Após pedir demissão, o futuro chefe comunicou que não poderia mais contratá-la naquele momento. “Isso foi logo quando estourou a pandemia, então, para procurar emprego diante dessa calamidade pública, foi ainda mais complicado. Sou asmática e sempre estive muito receosa com o novo coronavírus”, conta.

Para enfrentar o desemprego, Fabyanna criou um clube de compras e vende sapatos, roupas e decoração on-line, entretanto, ela não abre mão de estar no mercado formal. “Eu tenho uma filha que vai entrar na idade escolar agora e vou arcar com escola, materiais e livros. Ter algo fixo vai me auxiliar muito com isso”, complementa.

Desafios

O professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Alberto Ramos explica que os números representam um sinal de que a economia não se recuperou dos impactos da pandemia. “O crescimento da informalidade mostra os primeiros passos para a recuperação. As pessoas que estão procurando o emprego encontram a chance na informalidade, já que os auxílios emergenciais estão acabando, e elas sentem a necessidade da procura por uma fonte de renda”, explica.

Para Ramos, o Governo do Distrito Federal (GDF) depende de questões sanitárias para conseguir agir sobre os dados e desenvolver ações para diminuir as taxas, uma vez que a pandemia não está controlada. “Se houver uma segunda onda, será muito ruim. Irá aumentar ainda mais o desemprego, e as empresas que antes tinham sobrevivido, agora, podem fechar as portas e aumentar a saída do mercado de trabalho”, alerta.

A Secretaria do Trabalho aposta na qualificação das pessoas que desejam ingressar ou voltar para o mercado de trabalho. Com isso, criou o programa Aqui tem Qualificação, com oportunidades para jovens de baixa renda com idade entre 15 a 29 anos. São 13 cursos profissionalizantes presenciais, ministrados na Asa Sul, em Taguatinga, no Gama e em Sobradinho, ainda sem data de início. Mais de 7 mil pessoas se inscreveram e, na segunda-feira, houve a seleção para as 4 mil vagas ofertadas.

Outra oportunidade de qualificação é o Renova DF que abriu 3 mil vagas na área de construção civil e jardinagem. Os selecionados vão ajudar na revitalização da cidade e, durante o curso, receberão uma bolsa de um salário mínimo para contribuir na renda familiar. Serão 30 dias de formação com aulas teóricas e práticas. O programa está com inscrições abertas no site www.trabalho.df.gov.br/programa-renova-df.

*Estagiária sob a supervisão de Guilherme Marinho

Dados

2,5 milhões
Pessoas com idade para trabalhar (14 ou mais)

1,33 milhão
Pessoas empregadas

233 mil
Pessoas desempregadas

174 mil
Pessoas não ocupadas que não procuraram trabalho por conta da pandemia ou por falta de oportunidade na localidade, mas que gostariam de trabalhar

Fonte: Pnad Covid-19, outubro

Arquivo Pessoal - Fabyanna Malcher ficou desempregada em março: gerente de negócios abriu um clube de compras
Cícero/CB/D.A Press - 21/5/13 - Para economistas, o pico do desemprego só será sentido após o fim de programas como o auxílio emergencial