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Comércio do DF não suportaria outro lockdown, diz presidente do Sindivarejista

Presidente do Sindivarejista-DF, Edson de Castro, projeta crescimento nas vendas de fim de ano. Durante a pandemia, 750 lojas fecharam as portas e 280 mil trabalhadores foram demitidos no Distrito Federal

O crescimento das vendas para o fim de ano deve ficar entre 3% e 4%, estima o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF). No ano passado, o aumento foi de 5%. O desempenho mais fraco se deve à pandemia causada pelo novo coronavírus, avaliou o presidente do Sindivarejista-DF, Edson de Castro, em entrevista ao programa CB.Poder, parceria do Correio com a TV Brasília. Em meio à crise sanitária, 750 lojas da capital fecharam as portas e cerca de 280 mil trabalhadores foram demitidos.

Com as vendas de fim de ano, vocês acham que vão conseguir recuperar o prejuízo de 2020? Qual é a alternativa para alavancar as vendas? E qual a expectativa para o ano que vem?

O Dia das Crianças é um grande termômetro para o final de ano. Lojas cheias, especialmente de brinquedos, corresponderam muito às vendas nesse período. Mas tivemos sete meses com muita crise. Situação ruim. Foram 750 lojas fechadas e 280 mil pessoas desempregadas na nossa área. Mas, Natal é sempre Natal. É uma data que mexe com as pessoas e tudo isso faz com que o comércio, no segundo semestre, seja muito melhor do que o primeiro. Temos uma grande perspectiva. Hoje (ontem) saiu o 13° salário, temos também a Black Friday, então, as lojas estão cheias, com movimento. As liquidações devem se prolongar até esta semana, porque aquelas lojas que ainda tiverem produtos vão continuar fazendo propaganda. Para o ano que vem, vai depender muito da pandemia, da vacina que está vindo. Temos uma expectativa grande, apesar de que, em janeiro e fevereiro, o comércio estará mais devagar e não haverá carnaval. Mas as lojas estarão abertas. Comércio é comércio, uns sobrevivem e outros fecham,

Vimos que, em novembro, houve falta de alguns produtos nas lojas. Temos mercadoria em estoque para poder garantir essas vendas no final de ano ou as empresas estão correndo para fazer mais pedidos?

É realmente um absurdo. Praticamente, está faltando em todos os segmentos, mas não é um grande problema que estamos passando. Por exemplo, o arroz subiu de preço, aumentou porque estava faltando. Então, a maneira que teve de controlar a falta foi crescendo o valor. Tiveram de aumentar para não faltar.

O comércio suportaria outra ação de lockdown?

Não suportaríamos outrolockdown. Tivemos uma conversa com o governador e ele nos garantiu que o comércio não vai fechar. Vai muito da consciência das pessoas. Estamos vendo muitos bares lotados, aglomerados. Mas, no comércio varejista, temos orientado os lojistas a não deixarem ninguém entrar sem máscara no local e instruir a usar álcool em gel.

O pagamento do 13° salário deve injetar quanto na economia do DF?

Neste ano, estimamos R$ 6,6 bilhões, contra R$ 7,6 bilhões do ano passado. Houve uma queda, mas porque muita gente ficou de licença nesse período de pandemia e não receberá o benefício integral. Hoje, temos quase 600 mil pessoas endividadas na capital. Então, 63% desse dinheiro vai para pagar dívidas, 25% para as compras e 7% das pessoas ainda não sabem o que fazer. Algumas vão viajar, outras estão com passagens compradas, mas não sabem o que fazer e aguardam um resultado da pandemia.

O comércio está dando uma aquecida neste fim de ano nos contratos temporários?

A contratação temporária começou praticamente em outubro, devido ao Dia das Crianças. Muitas pessoas que estão nesse vínculo são contratadas pela loja por 90 dias. Pela nossa estimativa, foram contratadas para este fim de ano, em média, três mil pessoas. Mas, em épocas boas, encaminhávamos ao comércio local em torno de seis a sete mil trabalhadores.

Em relação às vendas deste fim de ano, com a Black Friday, houve aumento? Quais são as projeções em relação ao ano passado?

A Confederação Nacional do Comércio (CNC) disse que o crescimento será, em média, de 3,5%, mas nós, aqui no DF, acreditamos que será de 3% a 4%. No ano passado, o aumento foi de 5%. Vai crescer menos, e é possível que os valores dos presentes caiam de R$ 260 para R$ 200.

As vendas pela internet surpreenderam? Elas chegaram para ficar?

Muito. As pessoas que ficaram em isolamento social aprenderam a comprar pelos sites. Porque, hoje, você pede algo pela internet e, no outro dia, está na sua casa, o que facilitou muito. Tivemos um crescimento de 57% nas vendas por essa modalidade, contra 33% do ano passado. Hoje, não é preciso ter uma loja em um ponto excelente, pagando aluguel absurdo. Se tiver qualquer espaço, vende-se para o mundo inteiro.

Como o sindicato tem instruído os empresários e funcionários para evitar o contágio pela covid-19?

Temos quase 30 mil lojistas e estamos encaminhando tudo certo para não haver um novo lockdown. Orientamos, sempre, os lojistas a não fazerem propagandas com preços muito baixos na televisão, por exemplo, porque isso faz com que as lojas lotem. E os empresários têm orientado seus funcionários da melhor forma, porque, se um contrai a doença, todos se contaminam. Então, é medida a temperatura, há álcool em gel em todos os estabelecimentos e, se um trabalhador sente algum sintoma, deve fazer o teste imediatamente.