Com os resultados diários do impacto humano no meio ambiente, a pauta de sustentabilidade e o consumo consciente têm crescido. Junto a essas discussões, empreendimentos “verdes” surgem com um propósito além do lucro, o de agregar conhecimento e apoio à causa. O Distrito Federal possui, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma população estimada em 3.055.149 pessoas, que produzem, diariamente, cerca de 3.000 toneladas de lixo.
A engenheira ambiental e idealizadora da Inspira Verde, primeira loja desperdício zero do Centro-Oeste, Gabriella Guimarães, 36 anos, abriu o espaço após ministrar cursos de compostagens e a vender composteiras em feiras e eventos colaborativos. “Meu objetivo sempre foi ampliar a consciência das pessoas e não, necessariamente, possuir um negócio que gere lucro, mas difundir as práticas sustentáveis para uma vida com menos lixo. A loja acabou sendo uma consequência”, conta. A empreendedora investiu em outros produtos como absorventes de pano, canudos reutilizáveis e outros artigos criados com a intenção de reduzir a geração de lixo.
“Eu sempre dei um destaque a marcas nacionais, porque isso faz parte da filosofia do consumo consciente. Há um crescimento muito grande de pessoas vendendo esse tipo de produto no mundo inteiro, mas minha loja tem esse recorte de incentivar a produção local e negócios de mulheres”, afirma. Gabriella observa que o nível de consciência ambiental aumentou desde a abertura da loja, em 2018. “Quando eu comecei a vender, as pessoas me perguntavam muito sobre o que eram os produtos. Agora, eu vejo que as pessoas já conhecem e desenvolvem mais consciência de artigo e da própria mudança de hábito”, compara.
Redução de resíduos
O Evolua Mercado Sustentável surgiu a partir da dificuldade de encontrar produtos voltados à redução de resíduos. “Eu e minha sócia (Flávia Attuch) temos o Pinella, um bar lixo zero. Quando tivemos essa iniciativa, encontramos muita dificuldade de comprar produtos ligados ao universo da sustentabilidade”, relembra Martha Liuzzi, 37, uma das proprietárias da empresa. Localizado na Asa Norte, o mercado possui um ponto de entrega voluntário (PEV) e conta com alimentos a granel, hortifruti, cosméticos, garrafas reutilizáveis, bebidas orgânicas e produtos de higiene.
Apesar das medidas de enfrentamento à covid-19 afetar diretamente o comércio, a gastrônoma percebeu um aumento no alcance de novos clientes. “Durante a pandemia, por mais que nós tenhamos observado uma redução de clientes, vimos que mais pessoas passaram a conhecer o mercado. Por ficarem em casa, puderam se dedicar, por exemplo, a conhecer novos produtos, a fazer compostagem e a cuidar do resíduo orgânico”, opina Liuzzi. Aos interessados em investir no empreendedorismo sustentável, Luiza recomenda muito estudo sobre o assunto, além de conhecer a organização não governamental (ONG) Instituto Lixo Brasil (ILZB). “Não acredite em tudo que lê na internet. É preciso ter certeza dos processos, entender que produto biodegradável não é a grande solução dos problemas e pensar em toda a cadeia. O negócio para ser realmente sustentável, no sentido de serviço social e de pensar no ambiente, precisa ser embasado em estudo”, recomenda.
Água
Movido pela paixão por carros e pela vontade de abrir o próprio negócio, Fábio Gallotti, 29, decidiu deixar a carreira jurídica e fazer parte da franquia Acquazero. O local será inaugurado na segunda quinzena de janeiro, em Águas Claras, e oferecerá serviços de estética automotiva sustentável. “Uma lavagem convencional em posto de gasolina, por exemplo, gasta centenas de litros de água. Enquanto isso, na Acquazero, usamos, em média, 300ml para a limpeza de um carro”, diz o empreendedor.
A empresa, focada na limpeza ecológica, também faz lavagem e impermeabilização de estofados na casa do cliente. “A estética automotiva é um ramo carente quando se trata de preços acessíveis. Além disso, é um negócio que, ao meu ver, clama pela sustentabilidade”, avalia Gallotti.
De acordo com o superintendente do Sebrae-DF, Valdir Oliveira, a adesão de práticas sustentáveis ao modelo de negócio beneficia a natureza e o empreendimento. “Quando uma empresa reaproveita a água, por exemplo, ocorre um impacto positivo no custo. Um estudo realizado pelo Sebrae mostrou que, no restaurante onde aplicamos a medida, houve uma redução de 30% no consumo de água”, relata Oliveira.
De acordo com ele, Brasília é uma cidade propícia ao desenvolvimento do empreendedorismo sustentável. “O consumidor do DF é mais qualificado, nos aspectos de renda e de consciência de consumo. A capital promove uma convivência próxima entre as pessoas, e o debate de boas práticas acaba fluindo mais rápido”.
* Estagiária sob supervisão de Adson Boaventura
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