Para o presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Jamal Jorge Bittar, o próximo ano será marcado por incertezas para o setor. “O ambiente, com uma segunda onda (de infecção por covid-19), torna tudo muito instável. Nós temos levantamentos que apontam um declínio muito grande da intenção de investimento do empresário industrial”, afirmou, ontem, em entrevista ao programa CB.Poder — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília. Na avaliação de Jamal Bittar, o Programa de Refinanciamento de Dívidas (Refis) foi fundamental para a manutenção do segmento em 2020.
Nos últimos meses, houve alguma recuperação econômica no setor?
Há uma recuperação, a partir de agosto, no setor da indústria. Não podemos confirmar que chegamos a níveis pré-pandemia, porém temos bons indicadores. Conseguimos conter a quantidade de desempregados. O empresário industrial optou por segurar empregos, para manter a cultura com a sua mão de obra, e utilizou das questões legais para reduzir custos, mas o desemprego na indústria foi bastante controlado.
As políticas do Governo Federal, como redução de salário e jornada e suspensão de contratos, tiveram impacto na indústria?
Não resta dúvida de que iniciativas como as rendas emergenciais ajudaram bastante. A permissão para suspensão de contratos e redução de salários, que o setor industrial usou muito pouco, não deixaram de ajudar.
Com o fim do auxílio emergencial, a perspectiva para 2021 é positiva?
Somos otimistas. Agora, sem a recuperação da atividade plena é necessário um apoio. O Governo Federal teve um custo de R$ 300 bilhões com as rendas emergenciais, obviamente o orçamento não suporta a continuidade do auxílio, apesar de acreditar que a população mais pobre tem que ser assistida, isso são políticas públicas bem complexas. Nós não teremos uma retomada imediata da atividade econômica. O que poderia substituir essa renda emergencial é a atividade econômica plena, porém, com a chegada da segunda onda, pode vir a ser prejudicada. Penso que, mesmo ao custo de muito sacrifício aos cofres públicos, há que se manter uma parcela dessa renda mínima.
Qual o principal elemento para a retomada do setor?
A vacina é o elemento fundamental para a retomada. O ambiente com uma segunda onda (de infecção por covid-19) torna tudo muito instável. Nós temos levantamentos que apontam um declínio muito grande da intenção de investimento do empresário industrial que se encontra em 39 pontos, enquanto que o razoável é que fosse em torno de 50 pontos. Em função da segunda onda, em razão de algumas outras instabilidades e com a finalização do auxílio emergencial, há um enorme receio de investimento com o mercado. A vacina poderia trazer em curto, médio e longo prazo, um alento para os investimentos no setor.
Como fica a indústria do Distrito Federal no ano que vem?
Há essa expectativa de crescimento de mais de 4% no setor a nível nacional. E, somado a essa perspectiva com as ações de governo local, que têm sido muito interessantes e ajudado muito no ambiente de negócios, acredito que possamos crescer acima da média nacional.
Como foi o apoio do Governo do Distrito Federal para o setor?
A prorrogação dos impostos ajudou muito o setor, para que, por alguns meses, se tenha um alívio no pagamento de tributos. O Refis (Programa de Refinanciamento de Dívidas) foi, talvez, a medida pontual mais importante, deu fôlego e se tornou o pilar para a recuperação. E o acesso ao crédito também foi fundamental. Tivemos acesso a juros menores, a Fibra celebrou um convênio com o Banco de Brasília (BRB) com juros a 0,85%, abaixo do mercado.
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