O céu de dezembro reserva uma série de eventos astronômicos que podem ser observados até mesmo a olho nu em Brasília. O tempo chuvoso e nublado não favorece, mesmo assim, será possível acompanhar fenômenos como chuvas de estrelas cadentes, eclipse solar e encontros de planetas.
No sábado (12/12), ocorreu a conjunção de Vênus com a Lua. Entre este domingo (13/13) e segunda (14/12), acontece o pico da chuva de meteoros geminídeas, com o ápice máximo previsto para esta noite. Na segunda (14/12), haverá um eclipse parcial do Sol na visão do céu brasiliense.
Entre quarta (16/12) e quinta-feira (17/12), a Lua se encontra com Júpiter e Saturno. Para 21 de dezembro, há dois eventos astronômicos marcados: Solstício de Verão e conjunção de Júpiter e Saturno.
Quem tiver equipamentos especializados, como telescópios, poderá observar melhor os eventos. No entanto, mesmo sem esse tipo de apetrecho, é possível admirar os fenômenos. É o que explica o astrônomo amador Maciel Bassani Sparrenberger, diretor técnico do Clube de Astronomia de Brasília (Casb), associação que conta com 100 membros ativos.
Para quem se interesse pela astronomia, é bom aproveitar logo as oportunidades que o mês apresenta, pois vários dos eventos demorarão para acontecer de novo na capital federal. O próximo eclipse parcial do Sol deve ocorrer em 2023. Antes disso, haverá a famosa Lua Vermelha, que é um eclipse lunar, em novembro de 2021.
Confira dicas para curtir cada evento astronômico de dezembro:
Pico da chuva de meteoros Geminídeas/Gemídias
Essa chuva de estrelas cadentes se origina na constelação de Gêmeos, por isso recebe esse nome. Ocorre todos os anos na mesma data. O pico máximo está marcado para este domingo (13/12), às 22h, e o evento se estende pela madrugada de segunda (14/12).
Em condições ideias de céu, seria possível ver mais de 100 meteoros por hora, em geral de cor amarelada. Em Brasília, a poluição luminosa, a localização geográfica e as nuvens devem tornar possível ver 30 meteoros por hora, como explica Maciel Bassani Sparrenberger.
“Com paciência e a técnica correta, será possível acompanhar. A dica é procurar um local com o mínimo possível de luz, de preferência mais longe da cidade. O equipamento adequado é cadeirinha de praia e casaco, além de se preparar para ficar bastante tempo”, recomenda.
Segundo ele, é preciso dedicar pelo menos meia hora à observação, após as 22h deste domingo (13/12), para ter mais chances de visualizar. Na noite de segunda (14/12) para terça (15/12), também deve ser possível observar os meteoros.
“Os meteoros são fragmentos de asteroides e cometas que, quando entram na atmosfera, queimam e provocam um efeito luminoso”, explica Maciel. As partículas são do tamanho de um grão de areia e não chegam a atingir o solo terrestre, queimando completamente na atmosfera.
“Quando há grande quantidade desses corpos na mesma órbita, dá a impressão de que é uma chuva de meteoros, por isso esse nome. A fragmentação de um objeto deixa esses grãos que, quando se aproximam da terra, formam essa chuva”, esclarece.
Eclipse solar
Nesta segunda-feira (14/12), acontecerá um eclipse solar. Dependendo do local de observação, será um eclipse total, caso do sul da Argentina, onde virará noite. Em Brasília, o eclipse será parcial e não haverá grandes alterações de luminosidade e calor por causa de fenômeno. Alguém desavisado nem perceberá que tem um eclipse acontecendo.
A partir das 13h05, a Lua começar a cobrir o Sol no céu do DF. Às 14h, o satélite cobrirá menos de 10% da estrela, no pico do eclipse. Às 14h55, o fenômeno terminará. “Para nós, do Brasil, a Luva vai passar ‘mordendo’ um pedaço do Sol. Não passará pelo centro, mas pela borda”, explica Maciel Bassani Sparrenberger.
Tentar observar esse fenômeno pode ser perigoso. A recomendação do astrônomo amador é: “não olhe para o Sol”. Usar óculos escuros ou chapa de raio X, por exemplo, não adianta. “Nada disso é seguro para observar o Sol”, alerta Maciel. O único equipamento recomendado por ele é um vidro de soldador de nº 14, o mais grosso, que ajudaria a observação a olho nu.
Esse vidro não deve ser colocado diante de telescópios, binóculos ou câmeras fotográficas, que podem queimar assim. Quem for usar esses equipamentos deve procurar filtro apropriado. Segundo Maciel, os eclipses são calculados com bastante precisão. No site eclipse.gsfc.nasa.gov, é possível acompanhar, em inglês, as previsões dos próximos anos e séculos.
Encontro da Lua com Júpiter e Saturno e alinhamento dos dois planetas
Entre quarta e quinta-feira (16 e 17/12), será possível ver a Lua, Júpiter e Saturno bem perto um do outro. Já em 21 de dezembro, ocorre a conjunção dos planetas Júpiter e Saturno, quando os planetas “se alinham” de acordo com a visão que temos na Terra. Na verdade, os dois estão muito longe um do outro, mas, a partir do ponto de vista terrestre, parecerá que estão próximos. “Simplesmente, eles vão estar na mesma direção de visão.”
É o que explica Maciel, diretor do Casb. “Júpiter e Saturno têm, cada um, sua órbita em volta do Sol. A cada 20 anos, é possível ver os dois ‘bem pertinho’ um do outro”, informa. Segundo ele, a conjunção que ocorrerá este mês é bastante aguardada, pois é a mais próxima desde 1623. “Nessa aproximação aparente, é quando eles estarão o mais perto um do outro.”
A fim de aproveitar melhor o fenômeno, Maciel indica começar a olhar para o céu desde já. “Logo depois que o Sol se põe e o céu fica escuro, você vê duas estrelas no lado oeste. A mais forte é Júpiter e, logo depois, aparecerá Saturno”, diz. “A recomendação é começar a olhar para eles dia após dia para perceber que estão se aproximando.”
Para quem tem telescópio, binóculo ou câmera fotográfica com grande capacidade de zoom, quarta e quinta-feira desta semana são oportunidades de ouro. “Será possível ver os dois planetas no mesmo campo visual da Lua, como se fosse uma conjunção tripla”, destaca. “É muito bonito de ver a olho nu também”, pondera.
“No dia 21, será a aproximação máxima de Júpiter e Saturno, mas não espere dia 21 para olhar, pois, nessa ocasião, eles estarão muito perto da linha do horizonte e logo somem”, alerta.
Solstício de dezembro
O solstício de verão ocorre em 21 de dezembro, representando o dia em o hemisfério sul da Terra está inclinado num ângulo que permite receber o máximo possível de luz solar. Por isso, a ocasião marca o início do verão. Assim, 21 de dezembro será também o dia com maior período de luz na parte Sul do planeta.
Em comparação com os outros fenômenos astronômicos deste mês, este é o mais difícil de se observar diretamente. “Se você acompanha o nascer do Sol todo dia, pode ver que, no verão, ele nasce e se põe mais ao sul e, no inverno, mais ao norte. O solstício de dezembro ocorre justamente quando o Sol nasce e se põe no sul ao máximo. É como se, por três dias, ele viesse do sul”, explica Maciel.
No entanto, quem começar a observar o nascer do sol agora não verá diferença com relação a 21 de dezembro. É possível, porém, perceber as diferenças nas sombras dos objetos, de preferência ao meio-dia. “Se você olhar todo dia para a sombra de um poste, marcando onde ela estava no dia anterior, dá para ver o movimento.”
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