VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Suspeito submeteu ex-companheira e ex-sogra a noite de terror antes de matá-las

Depois de ficarem sob ameaça do ex da jovem, as duas vítimas foram assassinadas e o criminoso tentou simular latrocínio. Crime aconteceu no setor Arapoanga, em Planaltina, e é investigado pela Polícia Civil como duplo feminicídio

Darcianne Diogo
postado em 11/12/2020 06:07
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

Mãe e filha viveram uma noite de terror antes de serem assassinadas, em Planaltina. Maria Madalena Cordeiro Neto, 60 anos, e Giane Cristina Alexandre, 36, foram encontradas mortas por volta das 6h de ontem, dentro de casa, no setor Arapoanga, pela Polícia Militar do Distrito Federal, com marcas de cordas nas mãos. O ex-companheiro de Giane, o analista de sistemas Josimar Benedito Paiva, está preso e responde pelo crime de duplo feminicídio.

Segundo as investigações, o homem obrigou o filho da vítima, de 6 anos, a simular um assalto para atrapalhar as diligências policiais e premeditou o crime. O casal teve um relacionamento durante três anos e, no fim de setembro, se separou. Inconformado com o rompimento, o acusado foi até a casa da sogra, na noite de quarta-feira. Escondido, ele a viu sair de casa para levar o filho ao posto de saúde e aproveitou a oportunidade para entrar no imóvel. “Os dois já não mantinham contato, porque a vítima havia o bloqueado de todos os meios de comunicação. Ele bate no portão e a sogra resiste, proibindo a entrada”, detalha o delegado-chefe da 31ª Delegacia de Polícia, Veluziano de Castro.

Nesse momento, o homem empurrou Maria para dentro da casa e ela caiu no chão. O acusado, em seguida, pegou uma corda do varal e amarrou a vítima, colocando, ainda, uma fita adesiva sobre a boca dela. Pouco tempo depois, Giane chegou em casa, acompanhada do filho. “Ele cobre a cabeça com uma camiseta para que a ex-companheira pensasse que se tratava de um assalto. Então, ele também a amarra e a tenta convencê-la de que o retorno do casal seria a melhor opção, e sai para buscar fotos dos dois, na tentativa de fazê-la se comover”, ressaltou o delegado.

Noite de terror

Amarrada, Giane teve a cabeça coberta com uma fronha. Em depoimento, o acusado alegou que, quando retornou com as fotos, encontrou a ex-mulher sem os sinais vitais. Josimar disse que, tomado pelo desespero, colocou a venda nos olhos da criança e a obrigou a ficar no carro. A polícia apurou que o acusado ameaçou o menino, dizendo que agrediria a mãe dele caso não obedecesse aos comandos. “Ele volta e mata a sogra esganada. Depois, retorna no veículo e entrega ao menino o celular da mãe, falando que, quando o despertador tocasse, às 5h, era para pedir socorro”, disse o investigador.

A criança ficou das 18h de quarta-feira até as 5h de quinta-feira com os olhos vendados, dentro do carro, sob ameaças. Quando o alarme acionou, o menino saiu pela rua chamando por socorro, inclusive a amigos do acusado. A Polícia Militar chegou ao local por volta das 6h.

Josimar foi conduzido à delegacia para ser ouvido. “Não tínhamos dúvidas de que ele era o suspeito. Já havia vestígios suficientes. No depoimento dele, acabou confessando”, pontuou Veluziano.

Ainda durante o interrogatório, Josimar afirmou que conheceu Giane há 20 anos, quando se “apaixonou loucamente”. Após a separação, o homem chegou a adicionar várias amigas da vítima nas redes sociais para saber o paradeiro da ex-companheira e descobrir se ela estava namorando.

“Ele tinha um sentimento de posse. Em setembro, chegou a colocar fogo na casa dela. A polícia foi acionada, mas não foi registrado boletim de ocorrência. Por isso, deixamos, aqui, um apelo para que, quando houver qualquer violência contra a mulher, que seja denunciada. Assim, podemos evitar crimes bárbaros como este”, orientou o delegado.

 

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